Brasil viverá grande transformação nos próximos 4 anos, diz estrategista político norte-americano

Para Arick Wierson, da TZU, mudanças expressivas não ocorrerão agora, mas eleições de outubro serão importantes para o início de uma nova fase do processo político brasileiro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – O Brasil vive um quadro antagônico de sede por novas ideias e tendência à baixa renovação política para as eleições de outubro. A despeito do ambiente desanimador para a maioria dos eleitores, o pleito será importante na construção dos alicerces para mudanças expressivas a partir de eleições seguintes. A leitura otimista é do norte-americano Arick Wierson, estrategista político da TZU.

Conhecido por sua atuação na campanha vitoriosa do empresário Michael Bloomberg para a prefeitura de Nova York, o estrategista agora está prospectando clientes na cena política brasileira. Ele explica que a ideia é oferecer “know-how tecnológico e táticas de vanguarda dos Estados Unidos, customizadas ao mercado brasileiro”. Para o estrategista, o marketing político brasileiro é “muito atrasado”.

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“O marketing para o setor privado é muito bom no Brasil, tem prestígio. Não sei por que isso não se traduziu para o setor de marketing em campanhas políticos. Existe uma grande oportunidade para a campanha que conseguir abraçar as melhores técnicas de publicidade do setor privado e trazer par as campanhas políticas”. Arick Wierson foi o convidado do programa InfoMoney Entrevista da última quarta-feira (17).

O estrategista político, que enfrentou uma campanha eleitoral no calor da tragédia dos atentados terroristas contra o World Trade Center, diz que o Brasil vive seu próprio 11 de setembro na política, em meio à conjunção de crise econômica, operação Lava Jato e a própria polarização da sociedade potencializada no processo de impeachment de Dilma Rousseff.

“Esse 11 de setembro brasileiro criou um cenário muito propício para a mudança. Mas, no Brasil, como em qualquer sociedade complexa, a mudança não acontece em meses, é gradativa. Acredito que estamos em uma fase em que estamos criando os pilares do futuro e que, ao longo dos próximos quatro anos, vamos ver uma grande transição política no Brasil”, observou Wierson. “Sou bem otimista que, nos próximos quatro ou oito anos, vamos viver em um Brasil bem diferente”.

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“Mesmo que ache que esse ciclo não vá ser decisivo em termos de mudança macro, acredito que veremos alguns partidos começarem a ter mais expressão, porque conseguirão angariar um pouco do apoio de pessoas indecisas”, avaliou o especialista. Segundo a mais recente pesquisa CNT/MDA, divulgada na última segunda-feira, brancos, nulos e indecisos chegam a somar 45% do eleitorado em um dos cenários em que a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é considerada.

“Acredito que a maior novidade que pode acontecer ao longo dos próximos quatro ou oito anos vai ser o fenômeno do candidato avulso, um candidato independente que surge sem os parâmetros tradicionais dos partidos. Pode ser até Luciano Huck. Alguém com esse tipo de nome poderia trazer um movimento popular que faça com que os poderes em Brasília tenham que responder”, projetou.

Para Wierson, a comunicação tem sido menosprezada pelos políticos brasileiros, mas terá papel cada vez mais importante no processo eleitoral. Quem melhor dialogar com o eleitor terá mais condições de crescer nas pesquisas e vender a disputa. “A maioria dos políticos aqui não têm papos muito aliciantes para o eleitor comum. Existe muito discurso sobre política econômica, assuntos mais difíceis para o eleitor comum. Quando se fala em política, fala-se principalmente em emoções e coisas que vão afetar no dia a dia do eleitor”, explicou o estrategista político.

“O político brasileiro, em linhas gerais, não faz uma boa gestão de imagem durante os mandatos; só pensa realmente nisso durante a fase de pré-candidatura e da própria campanha. Isso tem que mudar”, complementou.

“Lula foi muito bom comunicador com o povão. Acredito que quem conseguir traduzir grandes assuntos difíceis para algo que o eleitor consiga entender vai ter muito sucesso”, observou o ex-marqueteiro de Michael Bloomberg. Para ele, um dos poucos herdeiros potenciais desta habilidade que o ex-presidente tem de se comunicar com os eleitores seria o apresentador de televisão Luciano Huck. “Ele é um comunicador nato, em um estilo diferente de Lula, mas, da mesma forma, com muito sucesso. Fora ele, não acredito que não haja ninguém que se destaque muito nisso”.

Para Wierson, as redes sociais terão papel relevante nestas eleições, mas as mídias tradicionais permanecerão com o foco das campanhas. “Ter tempo no horário eleitoral [gratuito de rádio e televisão] é importante e vai continuar sendo importante por vários anos”. De todo modo, o especialista ressalta que a política sempre vai acontecer em nível local, o que torna essencial a presença de equipe de campanha espalhada pelo país.

Na avaliação do especialista, canais como Facebook, Twitter e Instagram serão ferramentas estratégicas principalmente para candidatos sem muito espaço nas mídias tradicionais. Elas poderão ajudar a ampliar a exposição destes nomes justamente na mídia. “É muito trabalhar mídia. Acredito que a mídia tradicional é a única maneira de quebrar a bolha [das redes sociais]“, disse. O especialista acredita que haja três alternativas para ganhar destaque na mídia tradicional: 1) falar coisas bombásticas, escandalosas, inéditas; 2) inovar; 3) usar o senso de humor. “O que você faz nas redes sociais tem que quebrar as barreiras da ferramenta em si e passar para a mídia tradicional espalhar”.

Assista à íntegra da entrevista pelo vídeo abaixo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.