Subestimado por muitos, Bolsonaro deve liderar pesquisas pelo menos até o início das campanhas, diz pesquisador

De acordo com pesquisas do Instituto Paraná, deputado federal lidera corrida sem Lula em SP, RJ e MG

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em sua primeira corrida presidencial, o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) lidera as pesquisas nos cenários em que o nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva não é considerado, mas sua candidatura é alvo de constantes questionamentos, em termos de sustentabilidade e viabilidade ao longo da disputa. Para muitos, o parlamentar ainda irá desidratar em algum momento antes de outubro. Outros preferem chamar atenção para sua resiliência.

É o caso de Murilo Hidalgo, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, entrevistado no programa Conexão Brasília da última semana. Ele afirma que Bolsonaro ocupou espaços que antes pertenciam ao PSDB e hoje mina o crescimento de nomes mais ao centro, como o governador Geraldo Alckmin, que terão de gastar mais energia na recuperação desta faixa do eleitorado se quiserem ser competitivos na disputa. “Acho que, pelo momento atual, as pessoas ainda estão subestimando Bolsonaro”, disse. Para ele, ainda não há indicações claras de uma futura desidratação da candidatura do deputado.

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Levantamento divulgado pelo mesmo instituto mostrou que, em São Paulo, a disputa pela presidência apresenta empate técnico entre Bolsonaro e Alckmin. Enquanto o deputado pontua entre 22,3% e 23,5%, a depender do cenário considerado, o tucano tem de 20,1% a 23,2% dos votos em seu próprio colégio eleitoral. O parlamentar também lidera a disputa em Minas Gerais e no Rio de Janeiro se Lula for impedido de participar.

“Bolsonaro hoje está muito consolidado no eleitorado jovem. Ele chega a fazer 32% [em um público com idade] de 16 a 24 anos e 27% [em um público com idade] de 25 a 34 anos. Sua força está neste eleitorado. Geraldo Alckmin também tem o desgaste do tempo contra ele. Agora, a grande que nos fazem todos os dias é se Bolsonaro vai aguentar ou não. Essa é a pergunta da eleição. Tem muita gente apostando que ele não vai resistir. Eu já penso um pouco diferente: ele está mostrando muita força em alguns estados que não esperávamos”, afirmou Hidalgo.

“São Paulo é um estado que tinha domínio total do PSDB. Agora, o partido retomará esse prestígio? As brigas no estado prejudicarão Geraldo Alckmin? Essas são perguntas que as próximas pesquisas ajudarão a decifrar”, complementou. Além disso, ele chama atenção para o fato de os tucanos também perderem espaços no sul do país, à medida que o senador Álvaro Dias avança no Paraná e em Santa Catarina, assim como o próprio Bolsonaro.

“O problema do PSDB vai ser, primeiro, retomar o que ele tinha nas eleições passadas, o que era dele, tentar entender por que esse eleitor largou para ir para Bolsonaro ou para Álvaro Dias”, avaliou. Hidalgo acredita que os tucanos perderam terreno para a atual disputa muito em função das denúncias envolvendo seus principais quadros. “Hoje há uma decepção com PT e PSDB. Não tenho dúvida que o voto em Bolsonaro, principalmente na camada mais jovem [do eleitorado], é um protesto a estes dois partidos”.

A julgar pelos movimentos recentes no cenário eleitoral, o pesquisador não vê como tão certa uma possível desidratação da candidatura do deputado federal, sobretudo no período pré-campanhas eleitorais, a não ser que alguma denúncia contundente contra ele apareça. “Acho que até começar o horário eleitoral gratuito de TV, Bolsonaro se mantém [nos atuais índices]. Sua dificuldade será quando isso começar, se não viabilizar tempo de televisão e rádio”, observou.

Assista à íntegra da entrevista no vídeo abaixo:

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.