Quem são os 5 prováveis candidatos à presidência do Brasil (e a interrogação para 2018), segundo revista americana

Americas Quarterly ressalta os pontos fortes e fracos dos candidatos à presidência e aponta qual deve ser o tema que definirá as eleições neste ano

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A nova edição da revista Americas Quarterly traz na capa uma questão sobre as eleições que vão inundar a América Latina este ano: “América Latina primeiro?”. Essa é uma referência ao lema “America First” de Donald Trump que o alçou à presidência em novembro de 2016. A matéria de capa traz Jair Bolsonaro, pré-candidato à presidência no Brasil, ao lado de Andrés Manuel López Obrador, que é visto por muitos veículos da imprensa internacional como o “Lula do México”. 

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 “A corrupção será o tema que definirá as eleições na América Latina em 2018”, apontou o editor-chefe da revista, Brian Winter, apontando que nacionalistas anti-establishment como Bolsonaro e Obrador se beneficiam deste cenário, a não ser que candidatos mais moderados também adotem a “causa anti-corrupção”. 

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Sobre o Brasil, Winter ressalta uma reportagem em que explica a ascensão de Bolsonaro. “A hipótese mais óbvia, de que Bolsonaro faz parte de uma tendência global que produziu a vitória de Trump, do Brexit e de outros nacionalistas de direita como o Sebastian Kurz, na Áustria, é verdadeira em muitos aspectos — mas uma explicação insuficiente em outros. De fato, os Bolsonaros são, acima de tudo, um fenômeno brasileiro que resultou não só de uma das crises econômicas, institucionais e criminais mais graves da história do país desde 2014, mas também dos sucessos da década anterior. E (…) terminei minha investigação com uma conclusão acima de tudo: Jair Bolsonaro pode acabar vencendo. Não há dúvida de que ele poderia ganhar”, aponta a publicação.

Mas, além de Bolsonaro, outra reportagem traça um perfil (inclusive ideológico) com base na análise de 12 especialistas apartidários dos mais prováveis candidatos.O levantamento mostra o governador de São Paulo Geraldo Alckmin, Bolsonaro, o ex-presidente Lula, o ex-ministro Ciro Gomes, a ex-ministra Marina Silva e o “misterioso outsider”. Segue abaixo: 

  1. 1. Geraldo Alckmin

    Alckmin começou sua carreira como médico, mas passou a maior parte dos últimos 17 anos como governador de São Paulo. A Americas Quarterly destaca que o seu “cartão de visitas” é um declínio na taxa de homicídios do estado desde que ele assumiu o cargo, o que pode ressoar em meio a uma onda de crime no País. Entre os motivos pelos quais ele pode ganhar, está o fato de ser uma figura afável e um tanto branda que não inspira o tipo de ódio (ou amor) que a maioria dos outros políticos brasileiros desperta. “Se a economia estiver melhor até outubro de 2018 e eleitores em número suficientes quiserem o status quo, ele seria uma escolha segura”. 

Por outro lado, ele poderia perder, segundo a revista, pois é o candidato líder do establishment no que ainda parece uma eleição em que se quer tirar esses nomes do caminho. Entre os principais candidatos, Alckmin teria o pior desempenho contra Lula em um segundo turno e sua personalidade discreta não encontraria ressonância fora do Sudeste, região mais rica do País.

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Quem o apoia, aponta a revista, são muitos paulistas, líderes empresariais, a multidão que quer “qualquer um menos o Lula”, mas que considera Bolsonaro muito extremo. 

A sua política seria de continuidade quase total das políticas empresariais do presidente Michel Temer, com apoio moderado a bom no Congresso. “Não espere uma grande reforma ou impulso comercial, mas uma tentativa gradual de encolher o estado, agilizar os impostos e privatizar”, aponta a publicação.

2. Jair Bolsonaro

Ex-capitão do Exército e deputado desde 1991, a popularidade de Bolsonaro disparou durante a recessão de 2014-2016 e ele possui, aponta a AQ, um enorme apelo em um País com 19 das 50 cidades mais violentas do mundo, além de não sofrer nenhuma acusação de corrupção e contar com um largo apoio nas mídias sociais, tornando-se pontos fortes para que ele ganhe. 

Por outro lado, entre os pontos fracos para ele, está o fato de que a reputação do Brasil é de ser um país tolerante, ao contrário do que Bolsonaro prega. Além disso, empresários ainda mostram certo ceticismo com a sua conversão a um candidato “pró-mercado” e em uma disputa eles iriam preferir Alckmin, diz a publicação. 

Entre os apoiadores, estão principalmente os mais ricos e mais bem-educados, normalmente os mais descontentes com crime e corrupção, assim como os mais jovens, especialmente entre 18 e 25 anos. 

Caso for eleito, a Americas Quarterly reforça que ele pode tentar concentrar o poder no poder executivo, mas não tem suporte partidário significativo. Depois de adotar uma agenda nacionalista e protecionista na maior parte de sua carreira, Bolsonaro se remodelou para se tornar um candidato pró-mercado e um conservador defensor de um estado menor.

3. Lula

Lula foi presidente entre 2003 e 2010 e deixou o cargo com a economia em alta e uma popularidade próxima de 90%. Contudo, a economia passou a cair, a sua sucessora Dilma Rousseff sofreu impeachment e ele enfrenta diversos processos na Operação Lava Jato. Entre as forças de Lula, o petista é um nome carismático e também pode se colocar como o nome que reduziu a pobreza e fez a economia crescer enquanto esteve no cargo. Ele também tem um forte apoio partidário.

Entre os pontos fracos, seus problemas legais podem impedi-lo de concorrer à presidência, aponta a revista (e ele pode inclusive estar na cadeia no dia da eleição). Além disso, possui responsabilidade significativa por uma das piores recessões da história brasileira, aponta a publicação. Sua liderança nas pesquisas pode desaparecer, pois os rivais menos conhecidos ganhariam mais reconhecimento durante a campanha. 

Quem o apoia é principalmente a população mais pobre, “mas ele tem um apoio mais forte em todas as classes sociais do que muitos reconhecem”, afirma a AQ.  Já o que ele faria se assumisse a presidência seria uma interrogação, afirma a publicação. “Ele seria o ‘Lula bom’ de seu primeiro mandato (rigor fiscal, consolidação de instituições) ou o ‘Lula mau’ de seu segundo mandato (gastança de dinheiro, corrupção sistêmica)?”, questiona a publicação. 

4. Ciro Gomes

Ciro Gomes já foi governador, ministro, prefeito e parlamentar. Provavelmente, ele seria o nome da esquerda caso Lula fosse impedido de concorrer. De acordo com a revista, um forte apoio de Lula o tornaria um favorito instantâneo para chegar ao segundo turno. Ele combina uma plataforma econômica intervencionista com uma mensagem anticorrupção intransigente, além de ter uma base poderosa decente e reconhecimento no Nordeste. 

Já entre os pontos que podem fazê-lo perder, a AQ ressalta que seus discursos nem sempre são bem-recebidos e não é certo que Lula endossaria a sua candidatura, uma vez que ele tem outras alternativas como Fernando Haddad, ex-prefeito de São Paulo ou o ex-governador da Bahia, Jacques Wagner.

Já sobre o que ele faria, os especialistas apontam que, sem restrições por convenção política ou grandes doadores, alguns observadores acreditam que Gomes poderia ter a plataforma econômica mais radical da corrida.  

5. Marina Silva

Marina Silva tem uma história notável, ao superar diversas doenças, aprender a ler aos 16 anos e se tornar uma professora universitária e uma renomada ambientalista. Ela tem uma mensagem anti-establishment que cabe no momento, ao mesmo tempo em que combina preocupação social com uma plataforma econômica centrista. 

Já entre os pontos fracos, mesmo seus maiores fãs se perguntam se ela tem o vigor físico e condições de construir uma coalizão para ser presidente. “Os eleitores anti-Lula nunca a perdoarão por servir no governo do petista. Outros sentem que seu tempo simplesmente passou”, aponta a AQ. 

Os seus apoiadores são os eleitores “verdes”, empresários de esquerda, residentes de cidades médias e da classe média baixa. Já se assumisse, não estaria claro como seria a sua relação com o Congresso, dado o fato de pertenceu a um partido muito pequeno. 

6. O “misterioso outsider”

Por fim, está o outsider. Entre os nomes considerados, a Americas Quarterly ressalta Luciano Huck, que descartou que irá participar do pleito, mas alguns dizem que ele pode mudar de ideia. O ex-presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa, também poderia entrar com uma plataforma anticorrupção. 

Os pontos fortes são de que, após anos de recessão e escândalos, a aprovação dos políticos tradicionais nunca foi tão baixa. Já entre os pontos fracos, a publicação aponta que, se houvesse um “salvador”, ele provavelmente já teria aparecido. 

Quem os apoia ainda é algo a ser determinado. O que eles fariam caso fossem eleitos é algo que vale a pena assistir de perto. “Huck defenderia uma agenda pró-negócio, enquanto Barbosa é uma incógnita”, avalia. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.