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SÃO PAULO – Com o seu patrocínio da mira da Operação Lava Jato, o filme “Lula, o filho do Brasil”, lançado em 2010, foi alvo de discussões em e-mails de executivos da Odebrecht anos antes, como mostra o jornal O Estado de S. Paulo.
Em agosto de 2008, em meio à discussão sobre como a construtora Odebrecht contribuiria com o financiamento do filme um dos executivos expôs sua opinião a respeito do longa. Para o então responsável pela comunicação da empresa, Marcos Wilson, a cinebiografia do ex-presidente Lula era ‘um tipo de louvação maléfico’ e poderia se tornar ‘um tiro no pé’ de Lula.
Os executivos da Odebrecht chamavam Lula de “nosso cliente”. A cinebiografia do filme custou cerca de R$ 12 milhões, participando do financiamento, além da Odebrecht, as empreiteiras OAS e Camargo Corrêa.
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As mensagens resgatadas foram escritas entre 7 de julho e 12 de novembro de 2008. Nos e-mails são citados ‘PN’, Pedro Novis, e ‘AA’, Alexandrino Alencar, então dirigentes do grupo e hoje delatores da Lava Jato.
O primeiro e-mail identificado pelos investigadores indica que Marcelo Odebrecht, que não era CEO na época, havia sugerido abrir um fundo para financiar o filme. Na mensagem, o responsável pela comunicação do grupo informou ao empreiteiro que os realizadores não aceitaram o fundo, ‘porque a maioria das empresas que se dispôs a apoiar querem mesmo é aparecer’.
“O amigo de seu pai, por sua vez, não admite usar qualquer lei de incentivo fiscal. Se houver interesse estratégico, encontraremos uma forma de atender à demanda sem que nosso nome seja mencionado. Sugeri ao Pedro que AA [Alexandrino Alencar] conduzisse este programa porque quem está à frente do projeto do filme é o seminarista”, escreveu o executivo a Marcelo. Seminarista faz referência a Gilberto Carvalho, ex-ministro da secretaria-geral da presidência do governo Dilma Rousseff.
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Marcelo respondeu: “de minha parte o que vocês definirem está ok. Minha opinião seria se colocar à disposição do seminarista para uma cota se necessário for para fechar eventual buraco, mas que o ideal seria estarmos fora para não levantar questionamentos (vide reforma Alvorada). PN: já falou com meu pai?”, questionou Marcelo Odebrecht.
Em menos de 10 minutos, Pedro Novis informou. “Marcelo, vou falar com seu pai. De minha parte estou de acordo com a sugestão”, anotou. “Alex chega de férias dia 14 e conversa com o seminarista para fazer a contribuição de modo a não aparecermos.”
No meio da conversa, Wilson destacou a sua opinião sobre o longa-metragem: “minha posição: embora seja um desejo do cliente e que já anda bem adiantado (o filme tem as características dos Filhos de Francisco), acho que este tipo de louvação maléfico e poderá vir a ser um tiro no próprio pé do cliente.”
A jornais, o cineasta Luiz Carlos Barreto nega qualquer interferência ou influência dos ex-ministros Antonio Palocci e de Gilberto Carvalho na arrecadação de recursos junto a Odebrecht ou qualquer outra empresa para o filme. Barreto reconheceu, no entanto, que houve uma solicitação da Odebrecht para que o nome da empresa não aparecesse nos créditos do filme e dos materiais publicitários, mas não soube explicar a razão para tanto.
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