“O que aconteceu com o Brasil?”, questiona revista americana (que aponta risco para eleição de 2018)

New York afirma que País passou de 'sucesso neoliberal' ao total caos político e faz análise sobre o que pode acontecer nas eleições de 2018

Lara Rizério

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SÃO PAULO – De um sucesso neoliberal para um caos político total em apenas dez anos. Afinal, o que exatamente aconteceu com o Brasil? Em um longo texto em conta um pouco da história recente do País, a revista americana New York aponta o que aconteceu na última década (na verdade até um pouco mais do que isso, já que fala do período desde 2005).

Para a publicação, em meio aos problemas internos e denúncias de ligação entre o presidente Donald Trump e a Rússia, o escândalo de corrupção brasileiro (o maior do mundo) tem passado despercebido nos EUA. E a corrupção é um dos motivos para levar ao atual cenário para o Brasil. 

”A escala da corrupção é de tirar o fôlego: O atual presidente, quatro ex-presidentes e mais de cem políticos eleitos em todo o país estão ou na prisão ou sob investigação. Imagine se uma única investigação de corrupção envolvesse Donald Trump, Barack Obama, Mitt Romney, Paul Ryan, George W. Bush, Bill Clinton e George H.W. Bush e você começa a ter uma noção”, afirma a revista. 

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A New York ainda questiona: afinal, o que realmente aconteceu com o Brasil? Segundo a publicação, de muitas maneiras, a história do Brasil trata do esgotamento de um sistema político forjado quando o país passou da ditadura para a democracia na década de 1980.

“Essa transição levou a ganhos socioeconômicos significativos e a projeção renovada do país no cenário global, mas também criou um sistema irresponsável de presidencialismo de coalizão – o Poder Executivo do Brasil tem vastos poderes, mas deve lidar com um Congresso composto por mais de 30 partidos políticos que muitas vezes parecem tão motivados por ganho político pessoal quanto por princípio ou ideologia. O resultado é a falta de responsabilização e uma estrutura de governança que frequentemente faz do suborno a única maneira de afirmar o controle político efetivo do país”, afirma a revista. 

A reportagem é dividida em alguns pontos. O primeiro deles remete a 2005, quando eclodiu o escândalo do mensalão. “Apesar das sérias alegações e demissões forçadas de vários importantes nomes para o então presidente Lula, as consequências políticas não foram particularmente severas”, afirma. O motivo: a economia estava crescendo e os apoiadores de Lula eram leais. “O mensalão sozinho fez pouco para diminuir o brilho do partido – Lula se reelegeu apenas um ano após o fracasso do escândalo e Dilma Rousseff, a sucessora escolhida a dedo por Lula, mais tarde ganhou mais duas eleições presidenciais”, aponta a reportagem. 

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Já em 2010, a economia entrou num pico, com a New York destacando alguns fatores para isso, como o boom de commodities, enquanto o PT alavancou o boom através de programas sociais, enquanto o BNDES expandiu os seus empréstimos. “O PT acreditava ter encontrado uma fórmula política vencedora que alcançasse um equilíbrio entre os grandes empresários brasileiros, a esquerda política e as classes trabalhadoras do país”, aponta a revista. Curiosamente, a revista trata o período bem-sucedido da economia durante o governo Lula como  ”história de sucesso neoliberal”, para depois de dez anos o País ser tomado pelo ”caos político total”.

A fórmula entrou em xeque, diz o jornal, à medida que a economia começou a sofrer com a queda do preço das commodities. Em 2014, o país havia entrado em uma recessão de três anos e a disposição dos brasileiros em relação ao PT piorou muito. 

A partir daí, os outros tópicos detalhados tratam sobre o mensalão no STF (Supremo Tribunal Federal), em 2012, “sendo a primeira vez que nomes proeminentes da política foram para a prisão”. Nos anos seguintes, houve a eclosão da Operação Lava Jato (e o abalo gigantesco sobre a classe política) e as manifestações de rua pedindo por melhores condições de saúde e educação, finalizando com o impeachment de Dilma Rousseff (que ocorreu no ano passado). 

E a partir de agora?

Ao comentar sobre o que esperar daqui para a frente, a New York faz uma referência a um possível “efeito colateral” da Operação Lava Jato que, inclusive, já foi apontado por alguns jornais internacionais. De acordo com a publicação, apesar do importante avanço das atuais investigações e da luta contra a corrupção, o Brasil vive atualmente sob a sombra da operação “Mãos Limpas”, na Itália, e com medo de que o escândalo político abra caminho para um populismo igualmente corrupto, como também aconteceu na Itália de Silvio Berlusconi. 

Segundo a publicação, infelizmente, o precedente de Berlusconi parece ter grandes chances de ocorrer no Brasil, enquanto o presidente Michel Temer teve os seus embates com o Ministério Público e as últimas pesquisas eleitorais mostram Lula na liderança  (embora ele possa ser proibido de correr se as tentativas de apelar sua convicção não tiveram êxito). Enquanto isso, Jair Bolsonaro, deputado classificado pela publicação como “abertamente homofóbico e que já defendeu a tortura”, aparece nas pesquisas em segundo lugar. Claro, com quase um ano antes das eleições e o futuro de Lula incerta, o campo de candidatos permanece aberto.

De acordo com a publicação, este é “apenas mais um lembrete de que os esforços para derrubar governos, ou mesmo líderes individuais, podem deixar vácuos maiores do que o previsto”. Desta forma, independentemente de quem vença a eleição, este será um ponto ilustrativo sobre como as democracias respondem a alienação política e ameaças de populismo.

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.