Brasileiros estão “desesperados” por algo diferente na política, diz agência dos EUA (e estão se movimentando)

Associated Press destaca grupos para renovação política no Brasil em artigo desta semana

Lara Rizério

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SAO PAULO – Algo está sendo despertado no Brasil, afirma a agência americana Associates Press em artigo sobre o cenário econômico e eleitoral brasileiro.

Afinal, diz a agência, após uma das recessões mais profundas da história moderna, o maior escândalo de corrupção da América Latina e mais de um ano com o País sendo comandado pelo provável presidente mais impopular do mundo, os brasileiros estão desesperados por algo diferente – “tão desesperados que alguns pregam o retorno da ditadura militar”. 

Mas não são só aqueles que pregam a volta do regime militar que estão ganhando espaço no discurso político, aponta a agência. “Um punhado de novas organizações está tentando canalizar essa raiva para revigorar a democracia do país ao atrair novos rostos em um cenário político  amplamente visto como fechado e não representativo”, afirma a AP.

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A publicação destaca diversos movimentos, como o Acredito e o Agora!, este último que espera ter 30 candidatos “novatos” nas próximas eleições.  “Eles estão pedindo que as pessoas em todo o País ajudem a criar suas plataformas, sugerindo soluções para os problemas mais difíceis do Brasil: desigualdade, crime, má qualidade da educação, além da questão do envelhecimento da população. Seus esforços se concentram em lançar candidaturas para as Assembleias Legislativas estaduais e Câmaras federais”, aponta a agência. 

Outra organização é o RenovaBR, criado por empresários para bancar a formação candidatos para as eleições de 2018 e prevê bolsas mensais de para os selecionados. 

“Os movimentos estão sendo o sinal de um sistema que tem deixado de representar o povo brasileiro”, aponta a publicação. Essa avaliação é feita porque, segundo a AP, mesmo que a popularidade do presidente Michel Temer tenha mergulhado perto da margem de erro acima de zero, seus aliados no Congresso foram duas vezes capazes de barrar a denúncia feita pelo Ministério Público Federal contra ele, ainda mais levando em conta que esse movimento foi motivado porque vários congressistas também estão sendo acusados de corrupção. 

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A agência aponta também para os desafios nessa renovação. Para a AP, parte da desconexão entre os políticos e seus eleitores decorre da forma como os brasileiros agora escolhem – ou excluem – os seus candidatos. 

Os líderes do partido mantêm um controle estrito sobre quem pode concorrer, bem como sobre a questão do financiamento, tornando quase impossível para os recém-chegados que desafiam o status quo, avalia a publicação. Os políticos costumam “designar” um sucessor – como foi o caso quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu Dilma Rousseff para a presidência. “O sistema partidário bizantino e a corrupção desenfreada também desanimaram os brasileiros mais jovens, deixando o país ainda nas mãos da geração que assumiu o poder quando o Brasil retornou à democracia, na década de 1980”, afirma. 

Já o novo sistema de financiamento de campanhas públicas favorece os grandes partidos tradicionais enquanto penaliza os menores e os recém-chegados. E os independentes são proibidos de concorrer. Isso significa que esses novos grupos terão que negociar com os partidos existentes para colocar seus candidatos neófitos na cédula – e a AP ressalta que as conversas já começaram. 

A crescente fúria dos políticos tradicionais tem ajudado o deputado Jair Bolsonaro, que enfrenta polêmicas por elogiar o regime militar do país e foi condenado em novembro por tribunais por declarações homofóbicas  e racistas. Ele está em segundo lugar nas pesquisas para as eleições presidenciais do próximo ano. E é contra essa tendência que os grupos como Renova BR, Acredito e Agora! estão agindo, avalia a publicação. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.