O maior aliado do PT nas eleições, mesmo se Lula não for candidato à presidência

Além de definir a elegibilidade do ex-presidente, o fator "tempo" será crucial para definir seu nível de influência sobre o processo

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A participação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva continua sendo a maior incógnita das próximas eleições. Líder nas pesquisas e com desempenho crescente perante o eleitorado, a despeito das denúncias que pesam contra si, o petista corre cada vez mais riscos de se tornar inelegível pela Lei da Ficha Limpa, caso a sentença proferida pelo juiz federal Sérgio Moro seja confirmada pelo Tribunal Regional Federal da 4ª Região.

Na medida em que a tramitação do caso envolvendo o tríplex no Guarujá (SP) avança, crescem as especulações sobre se o petista conseguirá confirmar candidatura em agosto do ano que vem, assim como quais opções restariam ao PT caso não possa contar diretamente com seu maior líder. Como muito se tem repetido, mesmo se não for candidato à sucessão de Michel Temer ao assento no Palácio do Planalto, Lula desempenhará papel central nas eleições de 2018.

Nos últimos dias, a notícia de que o desembargador João Pedro Gebran Neto concluiu seu voto no recurso apresentado pela defesa do petista à condenação no caso do tríplex ampliou a percepção de que o TRF-4 julgará Lula no primeiro semestre do ano que vem, o que poderia impedi-lo de se candidatar, a depender dos recursos disponíveis aos advogados.

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A conclusão do voto do desembargador foi considerada significativamente mais rápida que sua média de votos proferidos no âmbito da operação Lava Jato. Nesse sentido, o advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente no caso, disse que vai solicitar ao Tribunal que informe o motivo pelo qual o recurso de seu cliente estaria tramitando em velocidade acima do normal.

Além de interessar ao próprio ex-presidente Lula a tramitação mais lenta do processo, a fim de que sua candidatura não seja prejudicada por eventual declaração de inelegibilidade, tal situação também pode ser importante até mesmo para outros planos de seu partido. Ao PT, mesmo que Lula seja impedido de disputar, em tese, seria mais interessante que isso ocorresse o mais próximo possível do fechamento das candidaturas, às vésperas do período oficial de campanhas.

Assim, até lá o ex-presidente poderia ampliar sua força política, como as pesquisas têm indicado, em iniciativas como as caravanas, e ampliar seu potencial de transferência de votos, hoje considerado baixo, se forem levadas em conta as mesmas sondagens eleitorais. O tempo, portanto, será fator vital e poderá representar importante aliado do PT na corrida eleitoral.

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Conforme observa o analista de cenários Leopoldo Vieira, há também um indissociável elemento político na decisão dos desembargadores, que poderá ser capitalizado pelo próprio ex-presidente em seu discurso. “Só quem caiu na toca do coelho de Lewis Carroll crê, realmente, que os despachos jurídicos que qualquer instância, com repercussão nas eleições presidenciais, são técnicos e serão aceitos como tais pela sociedade”, afirmou. Esse pode ser mais um ingrediente a dar peso à transferência de votos de Lula no processo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.