Eleições de 2018 não serão uma repetição de 1989, diz deputado

Em entrevista ao InfoMoney, Roberto Freire analisa o ainda incerto cenário eleitoral, conta sobre aproximação com Luciano Huck e avalia as chances de aprovação da Reforma da Previdência

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Apesar do cenário ainda nebuloso e das avaliações de uma pulverização de candidaturas possíveis, as eleições de 2018 carregarão diferenças importantes em relação ao pleito de 1989. A leitura é do deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), entrevistado pelo InfoMoney na manhã desta segunda-feira (4). “A eleição de 1989 era uma eleição presidencial ‘solteira’, só para a presidência da República. Então, qualquer partido lançava candidato e não precisava se mobilizar em coisa alguma nos estados, até porque não havia eleição”, observou o parlamentar. Para ele, ainda não está claro qual será o papel desempenhado pelo governismo no pleito, a depender de como se comportará a economia no ano que vem. Contudo, Freire chama atenção para o crescente desconforto do eleitorado com a política como uma das possíveis marcas da disputa, com a qual a classe política terá de lidar para sobreviver a mais uma legislatura.

“Essa eleição terá uma presença muito grande desses interesses [de alianças estaduais, observando-se também a distribuição do tempo de televisão para a campanha nacional]. A eleição para uma candidatura a presidente pode significar inviabilizar alianças dos estados. E, com isso, criando problema para a formação de suas bancadas”, explicou o deputado. Para ele, apesar da proximidade temporal do pleito, ainda há uma distância grande do cenário que se configurará até a disputa efetiva.

Na conversa, o parlamentar também observou o momento de transformação pelo qual atravessa a política brasileira, com a necessária renovação do papel a ser exercido pelos partidos na sociedade. Do lado do PPS, legenda que preside, Freire sustenta que o objetivo para as próximas eleições é o que ele qualifica como conformação de uma “unidade das forças democráticas”. O partido manteve conversas com membros do movimento Agora!, dentre eles o apresentador de televisão Luciano Huck, que chegou a ser cotado para a disputa presidencial. Em contraste com a percepção sobre um novo papel a ser desempenhado pelas legendas, o deputado diz que isso não necessariamente significaria o apoio de um candidato fora da política no pleito de 2018, o que mantém a possibilidade de alianças com lideranças tradicionais. Também consta como preocupação do PPS a sobrevivência à cláusula de desempenho estabelecida pela reforma política aprovada pelos parlamentares há alguns meses.

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Outro assunto tratado no programa foi a Reforma da Previdência. Embora seja favorável à proposta e tenha afirmado que a bancada de seu partido na Câmara busca fechar questão em torno da questão, Freire é cético quanto à possibilidade da já enxuta proposta trabalhada pelo governo seja aprovada antes das eleições. “As relações no Congresso não são relações tão simples hoje de apoio ao governo como foram antes da denúncia da Procuradoria Geral da República. Ali se perdeu a grande oportunidade. Se não tivesse havido aquele processo [da denúncia contra Temer], eu não tenho dúvidas de que aprovaria até uma reforma mais ampla”, observou o parlamentar. “O mercado precisa entender que o Congresso é quem determina concretamente as mudanças, as reformas, e esse não é um processo que pode ser apenas definido por um setor da sociedade, por mais importante que ele seja”.

Assista aos dois blocos da entrevista concedida ao InfoMoney:

BLOCO 1:

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BLOCO 2:

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.