Economist: mesmo após prejuízo incalculável, há motivos para não temer um extremista em 2018

Não só no Brasil, como em diversos outros países da América Latina, haverá eleições em meio ao momento de desconfiança com a política

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após destacarem o que acham sobre Jair Bolsonaro, um dos candidatos mais bem posicionados nas últimas pesquisas eleitorais, a The Economist traçou um panorama sobre as eleições na América Latina na edição desta semana. 

Afinal, apontam, não são só as eleições do Brasil que estão sendo impactadas diretamente pela Operação Lava Jato. Conforme destaca a publicação, Marcelo Odebrecht entrará para a história da democracia latino-americana com um espaço de infâmia única. “Do México à Argentina (e muitos lugares entre eles), a sua empresa de construção brasileira subornou presidentes, ministros e candidatos para conseguir contratos públicos, estabelecendo um exemplo nefasto a ser seguido por outras companhias”, avalia a publicação. 

Os danos aos cofres públicos superam os R$ 3 bilhões, aponta a publicação. Mas “o custo intangível para a credibilidade e o prestígio da política democrática na América Latina é incalculável”.

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Para a The Economist, as repercussões do escândalo da Odebrecht chegam no pior momento possível. Começando com o Chile no dia 19 de novembro, sete países latino-americanos escolherão presidentes nos próximos 12 meses, incluindo os dois gigantes regionais Brasil e México. Um oitavo, a Venezuela, deverá votar em dezembro de 2018, embora Nicolás Maduro, não permita um pleito justo, afirma a revista. 

Os latino-americanos estão sendo chamados a votar em um momento em que as pesquisas indicam que eles estão mais insatisfeitos sobre as suas democracias do que há mais de 15 anos. Em grande parte por causa da corrupção, há um forte clima anti-establishment. A situação é agravada pelo aumento da criminalidade em alguns países e pela lentidão da retomada econômica após o boom anterior, o que deixou muitos latino-americanos com expectativas elevadas e rendimentos estagnados.

“Tudo isso provocou temores de ressurgimento do nacionalismo populista – exatamente quando a região parecia estar deixando para trás a última versão disso”, avalia a The Economist. 

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Isso é um risco, notadamente no México, onde Andrés Manuel López Obrador, um populista da esquerda, lidera as pesquisas de opinião para a eleição de julho. Mas existem outros fatores no radar, aponta a The Economist.  

Uma tendência é a da fragmentação política. As eleições no Brasil  e Colômbia estão abertas e permitem que pessoas consideradas outsiders como Jair Bolsonaro, definido pela publicação como um populista de extrema direita, figurem na parte de cima das pesquisas de opinião no Brasil. “A fragmentação traz outro perigo. Os novos presidentes podem ter que lutar para comandar uma maioria legislativa em um momento em que a região precisa de reformas para voltar a crescer mais rapidamente”, avalia a revista.

No entanto, a fragmentação não significa que esses nomes mais extremistas ganhem, afirma a publicação. Muitos eleitores estão indecisos, os centristas no Brasil e no México ainda não se definiram sobre os candidatos e aqueles que emergirem podem ver aumentadas as suas intenções de voto nas pesquisas. 

Além disso, os latino-americanos de classe média, uma parcela maior do eleitorado do que foi no passado, tendem a estar mais irritados com a corrupção do que os pobres, mas têm mais a perder. “Portanto, podem ser intolerantes a aventureiros”, avalia a The Economist.

Por esse motivo, López Obrador perdeu as duas últimas eleições presidenciais no México depois de liderar as pesquisas de opinião. Além disso, a mídia da região pode submeter os outsiders a diversos questionamentos. Soma-se a isso o fato de que, mesmo em uma era de partidos enfraquecidos, máquinas políticas podem ser decisivas. 

De acordo com a publicação, as eleições em dois turnos oferecem proteção adicional contra o extremismo, uma vez que  os eleitores tendem a regredir pelo “mal menor” – em geral, o candidato mais centrista. As eleições presidenciais provavelmente irão para o segundo turno no Chile, na Costa Rica, na Colômbia e no Brasil. No México, que não tem segundo turno, os eleitores tendem a escolher candidatos mais de centro “na primeira rodada”.

“No entanto, López Obrador poderia vencer. Um segundo turno no Brasil poderia opor Bolsonaro e Lula. Os centristas, porém, provavelmente vão ter um desempenho melhor do que as pesquisas preliminares sugerem”, aponta a publicação.

O lado bom no escândalo da Odebrecht que colocou o foco no financiamento de campanha e na corrupção política, levando alguns países “a se limpar”, diz a The Economist. “A democracia latino-americana pode estar ferida. Mas, tirando a Venezuela, está longe de estar morta”, conclui. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.