O quebra-cabeça de Geraldo Alckmin para as eleições de 2018

Em contraste com os avanços de um governador estático aos olhos no xadrez eleitoral, a viabilidade da candidatura do tucano dependerá de um teste preliminar de força e traquejo dos mais clássicos fundamentos da política

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – A um ano das eleições presidenciais, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sem fazer qualquer grande movimento nacional, caminha para se consolidar como o candidato tucano ao pleito. Ainda há tempo para novas reviravoltas, mas o espaço é cada vez mais reduzido. Nem mesmo as pesquisas eleitorais corroboram para uma mudança de cenário (pelo menos por enquanto).

Alckmin hoje conta com crescente respaldo nas cúpulas de partidos como PP, PSD e DEM. Até mesmo os recentes atritos com o PMDB, devido à falta de apoio efetivo ao presidente Michel Temer na tramitação das duas denúncias contra o peemedebista, parecem ser contornáveis em um futuro não tão próximo. Neste momento, aparar as arestas pode não ser interessante para nenhum dos lados, mas mais para frente deverá ser. Neste momento, interessa a Alckmin manter distância da toxicidade de um governo impopular, enquanto os peemedebistas esperam alguma recuperação econômica para reaver capital político para o cenário eleitoral. Outra vantagem com a qual o PMDB poderá contar será a indicação de novos ministros após abril, quando muitos dos atuais ocupantes terão de se descompatibilizar para concorrer a algum cargo em outubro.

Em contraste com os avanços de um governador estático aos olhos no xadrez eleitoral, a viabilidade da candidatura do tucano dependerá de um teste preliminar de força e traquejo dos mais clássicos fundamentos da política: a arte de negociar. Alckmin terá como primeiro grande desafio deixar a “casa arrumada” antes de apagar a luz e entregar as chaves ao próximo hóspede.

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O governador terá de administrar os interesses de aliados importantes para sua candidatura ao Palácio do Planalto, tais como o PSD, dos ministros Gilberto Kassab (Ciência, Tecnologia e Comunicações) e Henrique Meirelles (Fazenda) — este último com candidatura estudada –, e o DEM, de Rodrigo Maia (RJ). A legenda do atual presidente da Câmara dos Deputados já indicou interesse em lançar candidaturas para suceder o tucano em São Paulo e até mesmo disputar o Palácio do Planalto — vontade personificada nas especulações sobre o apresentador Luciano Huck.

Para completar o emaranhado político em São Paulo, o ex-governador José Serra, atualmente no Senado, sinalizou interesse em viabilizar sua candidatura a governador. A depender da disposição do senador em colaborar com os planos de Alckmin ou não, esta pode ser mais uma dor de cabeça ao governador. Mesmo após ser atingido pela Lava Jato, o tucano tem tamanho político para dificultar eventuais candidaturas vindas de um desses partidos com os quais uma aliança se costura.

A equação dos problemas poderá envolver a escolha do nome governista para disputar as eleições estaduais, além da própria composição do secretariado e a candidatura à vaga ao Senado Federal em disputa, por exemplo. Como se pode observar, os jogos só estão começando e muita negociação terá de andar.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.