Os 13 segundos que podem “estragar a festa” de Jair Bolsonaro e Marina Silva nas eleições

Para muitos, tempo de televisão continua sendo ponto fulcral para as candidaturas nas eleições presidenciais. Caso o quadro de baixa exposição se confirme, é preciso observar quão efetiva será a campanha nas redes sociais

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Caso não consigam efetivar alianças com outros partidos em torno de suas candidaturas, os presidenciáveis Jair Bolsonaro e Marina Silva poderão largar atrás de seus principais adversários no pleito de 2018. Isso porque contarão com um tempo de televisão mais enxuto que o gozado por Enéas Carneiro — aquele mesmo, do “meu nome é Enééééééas — no pleito de 1989 (15 segundos).

De acordo com cálculo feito pelo jornal Folha de S. Paulo no último domingo, o deputado federal contaria com apenas 10 segundos em um cenário com outros dez candidatos caso seja candidato pelo PEN, ao passo que a ex-senadora teria direito a 12,8 segundos. A tabela abaixo mostra os principais números expostos pela publicação:

CANDIDATO(A) TEMPO DE TELEVISÃO (EM SEGUNDOS)
Luiz Inácio Lula da Silva (PT) 95,7
Marina Silva (Rede) 12,8
Jair Bolsonaro (PEN) 10
Geraldo Alckmin / João Doria (PSDB) 78,5
Ciro Gomes (PDT) 34
Alvaro Dias (Podemos) 12,5
Henrique Meirelles (PSD) 55
Candidato do PSOL 14
João Amoêdo (Novo) 7,5
Candidato do DEM 35

A distribuição do tempo de televisão conta com duas regras gerais. Conforme legislação aprovada na mini-reforma política de 2015, 90% são proporcionais ao tamanho da bancada do partido na Câmara dos Deputados eleita no último pleito, e 10% são distribuídos igualmente entre os candidatos. A propaganda no primeiro turno será realizada entre os dias 31 de agosto e 4 de outubro, dividindo-se em dois blocos de 12 minutos e 30 segundos, um à tarde e outro à noite, às terças, quintas e sábados.

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É o que determina a Lei nº 9.504/1997, modificada em 2015:

Art. 47. As emissoras de rádio e de televisão e os canais de televisão por assinatura mencionados no art. 57 reservarão, nos trinta e cinco dias anteriores à antevéspera das eleições, horário destinado à divulgação, em rede, da propaganda eleitoral gratuita, na forma estabelecida neste artigo.

§ 2º Os horários reservados à propaganda de cada eleição, nos termos do § 1o, serão distribuídos entre todos os partidos e coligações que tenham candidato, observados os seguintes critérios:

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I – 90% (noventa por cento) distribuídos proporcionalmente ao número de representantes na Câmara dos Deputados, considerados, no caso de coligação para eleições majoritárias, o resultado da soma do número de representantes dos seis maiores partidos que a integrem e, nos casos de coligações para eleições proporcionais, o resultado da soma do número de representantes de todos os partidos que a integrem;

II – 10% (dez por cento) distribuídos igualitariamente.

Nesses critérios, o jornal calculou quanto cada partido até o momento fora de coalizões teria na corrida eleitoral: o PMDB contaria com 85,5 segundos, seguido pelo PP, com 50 segundos; PSB e PR teriam 44,80 segundos, enquanto o PTB poderia fazer uso de 33 segundos. O PRB contaria com 27,6 segundos.

Outro ponto decisivo apresentado pela reportagem foi a divisão das inserções de 30 segundos ou 1 minuto em intervalos. Este instrumento é considerado de extrema importância, por pegar o eleitor “de surpresa”. Considerando-se o mesmo cenário observado pela Folha de S. Paulo, o ex-presidente Lula teria direito a 3,6 inserções diárias de 30 segundos, enquanto o candidato tucano (Alckmin ou Doria), 2,90 inserções, Henrique Meirelles, 2, Ciro Gomes, 1,3.

Em meio ao cenário de baixa exposição de Marina e Bolsonaro nos meios tradicionais, caso não consigam ampliar esse tempo no horário de propaganda eleitoral via alianças partidárias, suas campanhas terão de concentrar esforços nas redes sociais. O deputado federal já tem se destacado neste tipo de ação. Resta saber qual será o impacto dos meios digitais sobre o resultado final das eleições. Por um lado, há quem veja uma crescente perda de relevância do horário de propaganda na televisão na escolha dos candidatos por parte dos eleitores, tendo em vista as sucessivas quedas na audiência. Outros observam que, apesar dos pesares, este continua sendo um ponto fulcral para as candidaturas.

O analista político Jairo Pimentel, professor da Fundação Escola de Sociologia e Política de São Paulo, continua acreditando que a capilaridade dos partidos e o tempo de televisão serão decisivos no resultado das próximas eleições. Por isso, acredita que uma reptição da disputa entre vermelhos e azuis no segundo turno como cenário provável. “Vejo o voto de Bolsonaro hoje muito como um recall. Na campanha, ele terá pouco tempo de televisão e irá derreter. Tempo de televisão e recursos de campanha continuarão sendo variáveis importantes do processo eleitoral”, afirmou. Para ele, o deputado federal repetirá o que ocorreu com Celso Russomanno nas últimas disputas eleitorais em São Paulo.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.