Voto “BolsoLula”, ministro do STF discute no Twitter, Lula diz que eleitorado se sentiu traído por Dilma

Fernando Pimentel na Acrônimo, nova acusação envolvendo o filho de Lula e outros destaques políticos mexeram com o noticiário do fim de semana e desta segunda

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O noticiário político deste final de semana e da segunda-feira é movimentado, com analistas destrinchando pesquisas eleitorais, diversas notícias sobre Lula, com destaque para a entrevista dele para o espanhol El Mundo, além dos primeiros sinais sobre o pensamento econômico dos pré-candidatos ao Planalto. Confira os destaques: 

Voto “BolsoLula”

O último Datafolha, divulgado no início do mês, identificou uma combinação ideologicamente improvável para as eleições de 2018, conforme informou o jornal O Globo do último final de semana. Trata-se do voto  “Lulanaro” ou “BolsoLula” — o eleitor de Lula que votaria em Bolsonaro e vice-versa. 

A última pesquisa apresentada mostrou que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera em todos os cenários apresentados, com até 36% das intenções de voto. Contudo, nas simulações em que ele não aparece, 6% dos seus apoiadores afirmam que escolheriam o deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ). No sentido contrário, a migração é ainda maior: até 13% dos eleitores que votariam no parlamentar (sem Lula na disputa) responderam que apoiariam o petista caso ele estivesse na disputa.  

O diretor-geral do Datafolha, Mauro Paulino, destacou algumas hipóteses para isso: “existem eleitores que, diante do cenário de muita corrupção, crise econômica, se tornam mais pragmáticos. Vão olhar aquele que vai resolver a situação de forma como ele entende mais rápida e eficiente, independentemente da corrente política”. 

De modo geral, os perfis dos eleitores médios de cada um são opostos, com Lula tendo mais apoio entre os menos escolarizados e com renda mais baixa, enquanto Bolsonaro tem seu melhor desempenho nas faixas de renda mais altas e entre os mais escolarizados. Para Paulino, a busca por uma solução imediata faz com que determinada parcela do eleitorado tenha escolhas que, numa análise ideológica, seriam inconciliáveis: “…o eleitor não está preocupado se (o candidato) é de direita ou esquerda, se defende pena de morte ou não, mas preocupado em ter de volta as conquistas que perdeu. No caso dos eleitores do Lula, têm saudade do tempo em que as coisas andavam melhor e eram associadas ao governo dele. Mas, se ele (Lula) não puder ser candidato, podem até votar no Bolsonaro, desde que se convençam de que o Bolsonaro pode resolver os problemas, como a violência, por exemplo”. 

Já a Folha de hoje destaca que os evangélicos impulsionam Bolsonaro e Marina Silva e derrubam Lula, diz Datafolha. Eles representam 32% da população, atrás dos católicos (52%). 

Pimentel na Acrônimo

Em relatório encaminhado ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) no âmbito da Operação Acrônimo, a Polícia Federal concluiu que o governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), atuou com o auxílio do ex-presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) Luciano Coutinho para favorecer o Grupo Casino ao não liberar empréstimo para viabilizar a fusão do Pão de Açúcar (PCAR4) com o Carrefour. Pimentel chefiava o Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços e presidia o Conselho de Administração do banco público na época dos fatos.

Após a conclusão do inquérito, a PF indiciou oito pessoas, entre os quais o ex-presidente do banco de fomento, Luciano Coutinho e a primeira-dama de Minas Gerais Carolina Oliveira, mulher do governador Fernando Pimentel (PT).  Pimentel não foi indiciado neste inquérito da Acrônimo por ter direito a foro privilegiado. 

Alexandre de Moraes no Twitter

Em destaque no final de semana, esteve a notícia de que o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal), Alexandre de Moraes, discutiu com internautas após ele criticar a trama sobre tráfico de drogas na novela “A Força do Querer”, da rede Globo. Moraes havia acusado a trama escrita por Glória Perez de glamorizar o tráfico durante palestra em São Paulo na sexta-feira. No final de semana, foi ao Twitter responder a críticas: “vocês concordam com o glamour do tráfico de drogas, banhado a sangue contra o trabalho sério do povo brasileiro?”, escreveu.

Nas respostas ao tuíte, Moraes manda usuários que discordam de sua opinião irem trabalhar. Em um dos posts, um usuário diz: “o pior mesmo é quando pessoas como você apoiam nossa política falida de guerra as drogas que leva milhares de brasileiros à morte todos os anos”. Moraes responde em seguida: “Pelo jeito para você é melhor milhares morrerem. Talvez seja melhor trabalhar.”

Correção: o jornal espanhol El Mundo alterou a declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva em uma entrevista publicada no último fim de semana em que ele afirmava que a ex-presidente Dilma Rousseff teria traído seu eleitorado. No texto publicado no domingo (22), Lula dizia que Dilma “traiu seu eleitorado” ao promover o ajuste fiscal porque, nas eleições de 2014, tinha prometido manter as despesas. A matéria, porém, foi alterada nesta segunda-feira: “o segundo erro veio quando a presidente anunciou o ajuste fiscal, e o eleitorado que a havia eleito em 2014, ao qual havíamos prometido que manteríamos os gastos, se sentiu traído”, diz o novo texto.
Lula em entrevista

Em entrevista ao jornal espanhol El Mundo, Lula afirmou que a sua sucessora, Dilma Rousseff, cometeu dois erros em seu governo. O maior foi a política de desoneração às empresas: “começamos a perder credibilidade. O ano de 2015 foi muito semelhante ao de 1999, quando FHC teve uma popularidade de 8% e o Brasil quebrou três vezes. Mas o presidente da Câmara era Michel Temer e ele o ajudou. Nós tivemos o Eduardo Cunha.”

Em segundo lugar, ele afirmou que o eleitorado se sentiu traído por Dilma quando ela promoveu o ajuste fiscal porque tinha prometido manter as despesas nas eleições de 2014. 

Na entrevista, Lula afirmou ter certeza de que, assim como ele, Dilma pensa que ele deveria ter concorrido em seu lugar nas últimas eleições. Ao ser perguntado se estava arrependido por não ter disputado, o petista afirmou que não porque foi leal a Dilma. “Ela tinha direito de ser reeleita. Mas eu pensei nisso muitas vezes e eu sei que Dilma também. O que acontece é que eu não sou o tipo de pessoa que se arrepende” Quanto perguntado sobre a hipótese de não concorrer, o petista disse que espera disputar a Presidência, mas que “ninguém é imprescindível”. “Existem milhares de Lulas.”  Ele ainda afirmou que, caso for eleito, fará um referendo para revogar as medidas de Michel Temer. 

Destaque ainda para a caranava de Lula em Minas Gerais, que se inicia nesta segunda-feira. Segundo a Folha de S. Paulo, Lula pretende reerguer uma ponte com o empresariado e avançar com alianças para além de sua base. Ele planeja passar seu aniversário, na próxima sexta-feira (27), ao lado do empresário Josué Gomes: além de filho de José de Alencar, ele é presidente da Coteminas. 

Por fim, Marco Aurélio Vitale, por sete anos diretor comercial do grupo empresarial de Jonas Suassuna, disse em entrevista à Folha que  Fábio Luís Lula da Silva, filho de Lula, recebeu repasses da Oi por meio de empresas de fachada. Segundo ele, o Grupo Gol –que atua nas áreas editorial e de tecnologia e não tem relação com a companhia aérea de mesmo nome– mantinha contratos “sem lógica comercial” tendo como único objetivo injetar recursos da empresa de telefonia nas firmas de Suassuna. O empresário é dono de metade do sítio em Atibaia (SP) atribuído a Lula. No terreno de sua propriedade não houve reformas –só a instalação de uma cerca– o que o livrou de ser denunciado pelo Ministério Público Federal.

“A Gol conseguiu um tratamento que não existe dentro da operadora”, afirma. As empresas de Suassuna receberam R$ 66,4 milhões da Oi entre 2004 e 2016, segundo relatório da PF. Contudo, o empresário Jonas Suassuna negou ter sido favorecido pela Oi em razão de suas relações com o filho do ex-presidente, disse que não foi citado em nenhuma delação premiada e que o caso já passou pelo escrutínio da Receita Federal.

 

De olho em 2018

Segundo o jornal O Estado de S. Paulo, grupo político do prefeito de São Paulo João Doria (PSDB) passou a admitir rerservamente a hipótese de o prefeito se candidatar em 2018 ao governo de São Paulo e não mais à Presidência. A hipótese que antes era descartada  pelos correligionários mais próximos de Doria encontra apoio até do governador Geraldo Alckmin (PSDB).  Até o início deste mês, Doria e seus auxiliares diretos rechaçavam com veemência essa possibilidade. A solução de uma aliança entre Alckmin e Doria teria a vantagem ainda de pacificar a legenda em São Paulo e consolidaria o nome do governador internamente no PSDB. 

O mesmo jornal ainda destaca o pensamento econômico de possíveis pré-candidatos para 2018. Os presidenciáveis ainda tateiam a abordagem que usarão, mas já há pistas, seja em declarações ou nos nomes que tentam aglutinar ao seu redor, sobre a visão econômica que tentarão vender. Lula (PT) reuniu ex-parceiros de governo num grupo de economistas para pensar o País e intensifica discurso que agrada à sua base eleitoral. Geraldo Alckmin e João Doria (PSDB) cortejam economistas liberais. Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT) retornam com antigos aliados. Jair Bolsonaro (PSC) quer colar em si o rótulo de liberal, mas ainda busca um nome disposto a compor seu receituário (veja mais clicando aqui).

Ciro Gomes, por exemplo, afirmou ao jornal que o atual sistema previdenciário morreu, mas é preciso fazer uma reforma que contemple aspectos regionais e crie um regime de capitalização público. O ex-governador do Ceará é contra a privatização da Petrobras (PETR3;PETR4) e diz que tomará de volta a Eletrobras (ELET3;ELET6) se ela for desestatizada. Já em entrevista ao Canal Livre, da TV Bandeirantes, no último domingo, o pedetista afirmou que simpatizantes do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ), podem migrar para a sua pré-candidatura à Presidência da República. “O eleitor do Bolsonaro é meu. Eles não perceberam, mas eles estão procurando seriedade, autoridade. Eu sou isso, de verdade”. 

De olho na denúncia

Mais a curto prazo, destaque para a denúncia contra Michel Temer já na quarta-feira. Tentando evitar um placar com mais votos contra do que a favor, ainda que insuficientes para levar a denúncia adiante, Planalto estimula deputados a não irem votar, segundo o Painel da Folha. Ideia é evitar cenário de extrema fragilidade. A contabilidade do governo para a votação da denúncia contra Michel Temer nesta semana coloca como provável que 250 parlamentares fiquem a favor do presidente – menos que os 263 da primeira votação, diz Mônica Bergamo, também na Folha. 

Caso o cenário acima se concretize, pode ganhar mais força a teoria de que, em acordo com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, Temer deveria optar por uma gestão compartilhada com o Congresso, segundo reportagem da Folha. Aliados de Maia querem gabinete com membros do governo e parlamentares para articular reformas, numa espécie de parlamentarismo branco, que prevê articulação de Maia para a reforma da Previdência tão logo a denúncia seja derrubada, diz o jornal.

(Com Agência Estado e Bloomberg)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.