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SÃO PAULO – Após dois meses sob sigilo, a PGR (Procuradoria-Geral da República) divulgou os vídeos da delação premiada do doleiro Lúcio Bolonha Funaro, que atinge diretamente Michel Temer, que segundo o principal operador financeiro do PMDB, tinha “certeza” sobre os repasses de propina dentro do partido, como também revela um esquema de compra de votos articulado por Eduardo Cunha para aprovar o impeachment de Dilma Rousseff.
De acordo com Funaro, nas vésperas para a votação da cassação de Dilma, que foi destituída do cargo em 31 de agosto de 2016, o então presidente da Câmara entrou em contato para disponibilizar R$ 1 milhão para a “compra de votos” a favor do impeachment da ex-presidente: “ele me pergunta se eu tinha disponibilidade de dinheiro, que ele pudesse ter algum recurso disponível pra comprar algum voto ali favorável ao impeachment da Dilma. E eu falei que ele podia contar com até R$ 1 milhão e que eu liquidaria isso pra ele em até duas semanas, no máximo (…) ele queria garantir de qualquer jeito que ela seria afastada por esses 180 dias”, revelou o doleiro.
Conforme o relato de Funaro, Cunha “funcionava como se fosse um banco de corrupção de políticos, ou seja, todo mundo que precisava de recursos pedia para ele”. O doleiro não revelou quantos deputados foram “comprados” pelo ex-presidente da Câmara de Deputados, mas descreveu que houve um pagamento antecipado de R$ 200 mil para o deputado Aníbal Gomes (PMDB-CE), um dos dois deputados ausentes na votação do afastamento de Dilma.
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Ainda falando sobre o envolvimento de Cunha, o principal operador financeiro do PMDB afirmou ter “certeza” de que ele repassava para Michel Temer um percentual da propina que arrecadava em seus esquemas: “tenho certeza que parte do dinheiro que Eduardo Cunha capitaneava em todos os esquemas que ele tinha, dava um percentual também para Temer”, assegurou Funaro. De acordo com o doleiro, o presidente orientou Cunha para favorecer as empresas Rodrimar, o grupo Libra e a Santos Brasil na MP dos Portos, decreto que está sob investigação do Supremo Tribunal Federal e que Temer deve prestar depoimento, conforme solicitado por Raquel Dodge no começo deste mês.
Em resposta aos vídeos da delação premiada de Funaro, o advogado de Michel Temer, Eduardo Carnelós, afirmou através de nota que o conteúdo “tem o claro propósito de causar estardalhaço, como forma de constranger parlamentares que, na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara dos Deputados votarão no dia 18 (próximo) o muito bem fundamentado parecer do relator, deputado Bonifácio Andrada”. Segundo a defesa do presidente, “o criminoso vazamento foi produzido por quem pretende insistir na criação da grave crise política no país, por meio da instauração de ação penal para a qual não há justa causa”.
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