Em novos áudios, delator da J&F chama Temer de “f.d.p” e celebra Gilmar: “começou a ajudar a gente”

Novos trechos de conversa de Ricardo Saud com o primo de Aécio Neves, Frederico Pacheco, foram revelados hoje pela Revista Veja

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Novas falas da J&F foram reveladas nesta quinta-feira (5) pelo site da Revista Veja. Em um dos trechos, o diretor de relações institucionais do grupo, Ricardo Saud, reclamou da falta de apoio do presidente Michel Temer. A gravação foi feita em abril e Saud falava com Frederico Pacheco, primo do senador Aécio Neves (PSDB-MG). 

Saud diz a Frederico que, em 2014, Joesley Batista não queria mais Dilma Rousseff como presidente e esperava que Aécio Neves ganhasse a eleição. Joesley, segundo o diretor da J&F, também não esperava que Michel Temer assumisse a Presidência após o impeachment de Dilma. Fred pergunta se Temer não tem sido leal à J&F. “É um f.d.p.”, respondeu Saud, referindo-se ao presidente, reclamando de “ingratidão”.

O executivo ainda falou sobre as buscas da Polícia Federal nas casas de Joesley Batista e Wesley Batista, os donos do grupo J&F. “O Joesley deu sorte. As três vezes ele não estava em casa”. 

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Em outro trecho da gravação, Saud ainda comemora a ajuda indireta do ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Gilmar Mendes ao optar por soltar o ex-ministro José Dirceu no dia 3 de maio.  Assim, a conversa teve como foco a decisão da 2ª Turma do Supremo, que um dia antes revogou a ordem de prisão do juiz Sérgio Moro e soltou Dirceu. Saud comemora especificamente o voto de Gilmar que, ao lado dos ministros Dias Toffoli e Ricardo Lewandowski, votou a favor de soltar o ex-ministro petista. 

“Ninguém vai fazer delação mais”, diz Frederico. “O Palocci vai, porque ele vai entregar o Lula”, diz Saud. Em seguida, o executivo da J&F comemora a decisão: “acho que o Gilmar agora começou a ajudar a gente”. Ele afirma que logo após a decisão ligou para o empresário Joesley Batista em Nova York para comunicar a novidade. O executivo diz que interpretou a votação como um recado de que o Supremo iria soltar também Palocci, para supostamente evitar que o ex-ministro da Fazenda comprometesse os ministros da Corte numa possível delação.

“O Palocci não ia fazer delação?”, diz Saud. “Você acha que ele não ia entregar o Judiciário não? Quantos caras daquele que tá ali que o Palocci ajudou? Ele, José Eduardo, acolá? O que eles fizeram? Correram, soltaram o Zé Dirceu… Falou: ‘Fala nada para ninguém não que nós vamos soltar vocês’. Ficou bom, ué. Ficou bom, mas bom mesmo”, diz Saud. O executivo diz a Fred que, assim que recebeu a notícia da soltura de Dirceu, também conversou com o ex-ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo. Saud diz acreditar que a decisão do Supremo seja resultado de uma conversa entre Temer com os ex-presidentes Lula e Fernando Henrique Cardoso. Frederico previa que o Supremo também soltaria Palocci e acabaria com a Lava-Jato: “Aí ninguém oferece denúncia contra os que estão investigados, os inquéritos morrem tudo (…) Quem já tinha que comer cadeia já comeu”.

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Em outro trecho, Saud elogia novamente o STF: “essa atitude do Supremo ontem foi boa demais”. Frederico diz que Gilmar estava pensando mais em si mesmo quando voltou por soltar Dirceu. “Ele está com medo demais é da OAS, né?”, concorda Saud. Fred diz: “O Lewandowski, esses caras todos… não ‘guentam’ a delação não”. Ambos também criticam o ministro Dias Toffolli. “Esse parece que é cabeça pequenininha”, diz Saud. 

 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.