Quem comemorou o afastamento de Aécio vai cair do cavalo (e Temer sairá fortalecido), diz analista

"O STF, de relance, ajudou Michel Temer a rejeitar, com ainda maior potência, a segunda denúncia", acredita Leopoldo Vieira

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em meio ao turbilhão de dúvidas que pairam no ar sobre qual será o desfecho para a decisão que afasta Aécio Neves (PSDB-MG) de suas funções como senador, avaliações contraditórias são feitas sobre os efeitos da nova decisão heterodoxa tomada pela primeira turma do Supremo Tribunal Federal. Enquanto há quem avalie que a ala governista entre os tucanos tende a perder forças e oferecer espaços aos opositores, outros esperam que, ao final de mais um episódio conturbado de choque entre os Poderes, o grupo aliado ao Planalto deverá voltar a ganhar relevância. Sob este ponto de vista, Michel Temer teria menos motivos para se preocupar do que se poderia imaginar.

Segundo a colunista Vera Magalhães, do jornal O Estado de S. Paulo, a ala tucana incomodada com a permanência no governo e com a licença prolongada de Aécio da presidência do partido vai usar o novo afastamento do mineiro para forçá-lo a renunciar ao comando da sigla, antecipando o processo de eleição do sucessor. O movimento conta com a simpatia velada de Tasso Jereissati (PSDB-CE), que rompeu com Aécio e estaria atuando para desmontar sua estrutura no partido, de acordo com a jornalista.

O analista de cenários Leopoldo Vieira, diretor da Trajeto Inteligência Estratégica, por sua vez, apresenta outra possível leitura aos acontecimentos recentes: “Quem celebrou a suprema jabuticaba domiciliar contra Aécio Neves deve cair do cavalo”, diz em relatório a clientes. “No contexto hodierno, este tipo de medida, ainda mais com tamanho nível de improviso jurídico e chocante casuísmo, inspira os sentimentos mais primitivos do sistema político”.

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“Apostamos como contrarians — oposto à tendência do mercado de análises — não só que o Senado irá desautorizar a decisão do Supremo, como a ala do PSDB favorável ao governo vai crescer em coesão e assertividade”, prognosticou o analista político. Para ele, a falta de garantias jurídicas que o atual episódio oferece pode fazer com que os senadores caminhem no sentido da proteção ao colega, uma vez que não gostariam de ter experiência similar em um futuro próximo.

“O STF, de relance, ajudou Michel Temer a rejeitar, com ainda maior potência, a segunda denúncia”, acredita Vieira.

Vale ressaltar, contudo, que tal avaliação não é majoritária no momento. Um grupo mais cauteloso espera que haja uma recuperação de Aécio Neves em relação ao “fundo do poço” atingido ontem, mas o cenário que considera a última semana ainda será de queda significativa.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.