Após PF falar em indícios de crime, Temer diz que “facínoras roubam do país a verdade”

"Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas", afirma texto da Secom

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Um dia após a Polícia Federal concluir inquérito em que vê indícios de crime cometido pelo presidente Michel Temer em suposta organização criminosa formada por integrantes do PMDB na Câmara, a Secretaria de Comunicação Social da Presidência divulgou nota em que afirma que “facínoras roubam do país a verdade” e que “bandidos constroem versões” em busca de imunidade ou perdão de crimes.

“Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas”, afirma o texto divulgado nesta terça-feira (12). O documento, porém, não cita diretamente nem a Polícia Federal nem Lúcio Funaro, que afirma que o peemedebista teria autorizado caixa 2 para a campanha de Gabriel Chalita, em 2012.

O presidente também afirma que garantias individuais estão sendo “violentadas diuturnamente sem que haja a mínima reação”. “Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes”, afirma.

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Confira a nota do Planalto na íntegra:

O Estado Democrático de Direito existe para preservar a integridade do cidadão, para coibir a barbárie da punição sem provas e para evitar toda forma de injustiça. Nas últimas semanas, o Brasil vem assistindo exatamente o contrário.

Garantias individuais estão sendo violentadas, diuturnamente, sem que haja a mínima reação. Chega-se ao ponto de se tentar condenar pessoas sem sequer ouvi-las. Portanto, sem se concluir investigação, sem se apurar a verdade, sem verificar a existência de provas reais. E, quando há testemunhos, ignora-se toda a coerência de fatos e das histórias narradas por criminosos renitentes e persistentes. Facínoras roubam do país a verdade. Bandidos constroem versões “por ouvir dizer” a lhes assegurar a impunidade ou alcançar um perdão, mesmo que parcial, por seus inúmeros crimes. Reputações são destroçadas em conversas embebidas em ações clandestinas.

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Muda-se o passado sob a força de falsos testemunhos. Vazamentos apresentam conclusões que transformam em crimes ações que foram respaldas em lei: o sistema de contribuição empresarial a campanhas políticas era perfeitamente legal, fiscalizado e sob instrumentos de controle da Justiça Eleitoral. Desvios devem ser condenados, mas não se podem criminalizar aquelas ações corretas protegidas pelas garantias constitucionais.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.