“O montante foi muito maior”, afirma ex-advogado sobre subornos pagos pela Odebrecht

Propina "respingava em todos os partidos. De direita ou de esquerda", revela Rodrigo Tacla Durán

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Em entrevista ao El País publicada nesta sexta-feira (28), Rodrigo Tacla Durán, que trabalhou como advogado da Odebrecht entre 2011 e 2016, afirmou que a empreiteira gastou muito mais em propinas para políticos do que declarado nas delações premiadas e afirma que a empresa não confessou todo os seus crimes ao MPF (Ministério Público Federal).

Nos depoimentos coletados, os executivos da Odebrecht assumiram terem pago R$ 1,12 bilhão em subornos para obter contratos de obras no valor de R$ 1,6 bilhão durante as gestões de Lula e Dilma. Porém, “o montante foi muito maior”: segundo Durán, a empresa gastava por ano em propina cerca de R$ 960 milhões e o dinheiro era movimentado através de contas em paraísos fiscais e transferências internacionais.

“A construtora, por segurança, nunca pagava nos países de origem do beneficiário. E usava o Meinl Bank para enviar fundos a Pessoas Politicamente Expostas. Assim, se fez chegar dinheiro a Michelle Lasso, uma pessoa próxima ao presidente do Panamá, Juan Carlos Varela”, revela o ex-advogado. Segundo ele, os subornos não tinham bandeira e “respingavam em todos os partidos. De direita ou de esquerda”.

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Sobre os esquemas de corrupção nas campanhas eleitorais brasileiras, o ex-advogado da Odebrecht explica que a empreiteira servia de fonte de recursos e recebia em troca vantagens em obras estatais: “o primeiro contato era estabelecido na campanha eleitoral. A Odebrecht arcava com os gastos do marketing político dos candidatos. Tinha um acordo com o publicitário João Santana [ex-marqueteiro do PT]. A construtora sugeria depois as obras que seriam incluídas nos planos do governo”, descreve Durán.

Confira a entrevista ao El País: