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SÃO PAULO – Há mudanças de fora para dentro no que diz respeito à operação Lava Jato, com reações mais sofisticadas do mundo político em iniciativas que vão desde iniciativas legislativas até o sufocamento econômico. Essa é a leitura que faz o procurador federal Carlos Fernando dos Santos Lima, um dos principais integrantes da força-tarefa em Curitiba (PR), em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, publicada nesta sexta-feira (28). Para ele, a Lava Jato em seu estado “está na meia idade, caminhando para a velhice”.
“As investigações acabam por dois motivos: porque o assunto se esgotou ou porque não existem recursos mais para você trabalhar. Creio que temos os dois fenômenos. Estamos caminhando para o esgotamento do assunto Petrobras. Mas também estamos sofrendo com falta de recursos. Estamos ficando velhos e com reumatismo”, declarou o procurador. Ele nota um momento de contestação maior à operação por uma questão política e outra pela forma como o acordo com a JBS foi construído.
Na avaliação dele, os termos do acordo de delação premiada firmado pela PGR (Procuradoria-Geral da República) com o empresário Joesley Batista provocaram um dano à imagem de toda a investigação, tendo em vista os benefícios concedidos. “O acordo é muito mal compreendido pela população. Isso é um erro nosso. Seja porque o benefício talvez tenha sido deferido de uma forma muito leniente, seja porque [o MP] não se preparou adequadamente para comunicar”, reconheceu.
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“Eu faria o acordo? Faria, se eu estivesse na mesa [negociando]. O material é mais do que suficiente. O problema é o quanto você quer o acordo e em quanto tempo”, afirmou. “Houve um dano de imagem a toda a investigação, que contamina tudo. De repente, aqui no Paraná, nos vimos tendo que responder sobre isso”, complementou o procurador.
Lima também manifestou incômodo com os atritos entre Ministério Público e Polícia Federal: “A relação sempre foi conturbada pelos limites de cada competência. (…) Infelizmente existem momentos em que você não consegue superar isso. Por exemplo, colaborações. Nós entendemos que só o Ministério Público pode fazer acordos. É constitucional, não podemos abrir mão”. O procurador teceu duras críticas ao recente relatório da Polícia Federal dizendo não ver obstrução à Justiça por peemedebistas nos áudios com o ex-senador Sérgio Machado.
Mais ativo nas redes sociais, Lima foi questionado pela reportagem da Folha de S. Paulo se um procurador poderia manifestar posições políticas nas redes sociais. Ele respondeu: “Se eu estivesse fazendo consideração político-partidária, eu estaria realmente vinculado a certos posicionamentos. Se você defende princípios que estão na Constituição, esse argumento é absurdo. Eu vou falar. Não posso deixar de falar. Eu tenho uma obrigação de falar”.
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