Aumento de impostos indica nova derrota política de Michel Temer

À revelia da ala política, presidente opta por agradar mercado ao sinalizar compromisso com o cumprimento da meta fiscal. Mas decisão vem após frustração com reonerações e Refis

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Em plena crise política e dependendo dos deputados para sobreviver no cargo, o presidente Michel Temer fez uma escolha difícil ao elevar impostos sobre os combustíveis mesmo com o fantasma da denúncia apresentada por Rodrigo Janot ainda sobrevoando o Congresso, aguardando ser votado. Com os sinais de incapacidade do governo em cumprir a meta fiscal estabelecida para o ano sob condições estáveis de temperatura e pressão, o peemedebista cedeu ao apelo da equipe econômica e fez um aceno ao mercado, importante membro da coalizão pós-impeachment, denotando algum compromisso com o controle do déficit público, a despeito dos recentes gastos com emendas parlamentares.

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A medida impopular ocorre após sucessivas negativas do governo em elevar a carga tributária durante a crise. O próprio presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que um ano atrás dizia não haver espaço para mais altas de impostos, reconheceu que esta seria a única alternativa para que as contas do governo encerrassem o ano dentro do previsto — um déficit de R$ 139 bilhões. O peemedebista optou por elevar o desgaste com a ala política de sua coalizão a correr qualquer risco de o mercado entregar os pontos. Neste momento, qualquer decisão equivocada poderia encaminhar de vez os agentes econômicos ao canto de sereia do deputado, que joga parado à espera que o poder recaia sobre seu colo. Mesmo assim, ao resolver a questão 

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Embora existam dúvidas se o aumento de impostos, cantado por economistas desde antes da queda de Dilma Rousseff, poderia ter sido evitado, a mordida sobre os combustíveis ocorre após derrota do governo em pôr fim às desonerações sobre a folha de pagamento a diversos setores da economia e em meio à intensa disputa entre o mundo político e a equipe econômica sobre a fórmula em um novo programa de Refis, que tem atrasado e pode impedir a consolidação de um acordo. Também dificultaram a missão do governo em elevar suas receitas a lenta retomada da arrecadação de impostos e o atraso no programa de privatizações.

Para debater este e outros assuntos do agitado noticiário político em pleno período de recesso, o InfoMoney entrevistou os analistas políticos Paulo Gama e Richard Back, da XP Investimentos, e autores do blog Conexão Brasília.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.