“A única diferença entre Bolsonaro e o PSOL é a corporação que defendem”, diz Flavio Rocha

Após debate na Expert 2017, Flávio Rocha também não poupou críticas ao ex-presidente Lula e disse acreditar que um presidente reformista será eleito ano que vem

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em meio à crise política que se refletiu nos principais partidos, as últimas pesquisas eleitorais para 2018 apontam para dois nomes que despertam sentimentos de “amor e ódio” entre a população brasileira: o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que saiu da presidência com alta popularidade mas é réu em cinco processos na Operação Lava Jato, e o deputado Jair Bolsonaro (PSC-RJ), visto como um moralizador “de direita” mas que já foi protagonista de diversas polêmicas e é inclusive réu no STF (Supremo Tribunal Federal) por suposta incitação ao estupro.

Para o empresário Flávio Rocha, presidente da Riachuelo, Nenhum dos dois seria uma boa alternativa para 2018. Em coletiva de imprensa realizada na última sexta-feira (23) após sua participação em debate na Expert 2017, evento promovido pela XP Investimentos, Rocha – defensor assumido de ideias liberais para a política – teceu duras críticas aos dois “presidenciáveis”.

De acordo com Rocha, Bolsonaro é direita em pensamento, mas esquerda em economia. “A única diferença entre o Bolsonaro e o PSOL, por exemplo, é a corporação que eles defendem, um é tão corporativista quanto o outro. Só que um defende a corporação dos professores, o outro a corporação dos militares. Mas ambos são antirreformistas, diferem apenas na questão comportamental, mas na economia ambos têm ideias convergentes”, afirma o empresário. 

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Sobre Lula, que pode vir a disputar 2018 caso não seja condenado em segunda instância, Rocha afirmou que ele “nunca ganhou eleição” de fato, creditando todo seu sucesso ao seu marqueteiro na campanha eleitoral de 2002, Duda Mendonça. “Quem ganhou a eleição foi uma figura mitológica criada pela genialidade do Duda Mendonça, que foi o ‘Lulinha Paz e Amor’. Essa foi uma figura mitológica cuja máscara caiu e não existe mais”. Para ele, Lula voltou agora a ser o candidato que perdeu três eleições consecutivas [as de 1989, 1994 e 1998]. “O Lula só se sustentou politicamente quando conquistou o centro. E esse centro ele perdeu definitivamente”, complementou.

Durante o debate na Expert 2017, que contou com a presença de Bernardinho, ex-técnico da seleção brasileira de vôlei e recentemente filiado ao partido Novo, Rocha apontou estar otimista para 2018 e disse acreditar que quem vencerá a eleição será um reformista. Segundo o empresário, há um entendimento entre as pessoas de que é necessário promover mudanças para que a economia volte a registrar crescimento e também acredita em uma mudança na própria política.

“Vejo uma grande quebra de paradigma, de que a velha forma de ganhar eleições mudou, que é preciso focar no usuário final — no aluno da escola pública e no paciente que está no hospital — ao invés de buscar angariar apoio de associações que se apropriaram da máquina estatal”, disse Rocha.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.