“Não há pessoa grande demais para ser punida”, diz Marina Silva sobre Lula

Em entrevista ao Nexo Jornal, ex-senadora diz que há uma clara articulação entre PT e PSDB em torno de uma tentativa de combater a operação Lava Jato

Marcos Mortari

Publicidade

SÃO PAULO – O Brasil tem leis que regem sobre quem pode ou não participar das eleições e seu descumprimento poderia abrir o precedente de que existem pessoas poderosas demais para serem punidas. Essa é a avaliação que faz a ex-senadora e líder da Rede Sustentabilidade, Marina Silva, sobre a atual situação do ex-presidente Lula e a possibilidade de ele disputar o próximo pleito pelo PT. Na leitura da ex-ministra do Meio Ambiente na gestão petista, “agora é o momento de encontro dos brasileiros” e de quem cometeu crimes ser punido, mas sem a percepção de vingança. Marina Silva foi entrevistada pelo Nexo Jornal.

“O bom de tudo isso é que nenhum de nós está acima da lei. Temos leis que regem quem pode e quem não pode participar de eleição. A lei deve ser cumprida por todos. No Brasil, não se pode criar o precedente de que existem pessoas que são grande demais, poderosas demais, importantes demais para serem punidas. Porque isso é diminuir a nós todos”, defendeu. “A polarização já criou muito mal para o Brasil. Agora é o momento do encontro dos brasileiros, e não vamos construir nada em cima do ódio. A Lava Jato está fazendo seu trabalho, quem cometeu crimes deve ser punido, mas não podemos achar que fazer Justiça é vingança. Fazer Justiça não é fazer vingança. Fazer Justiça é reparação. Não podemos alimentar a cultura do ódio. Ninguém pode ficar feliz em ver as pessoas presas. A gente deve ficar feliz de ver que as instituições estão funcionando, de que a Justiça está fazendo o seu trabalho, de que a lei é para todos”, afirmou Marina Silva.

Quando questionada sobre a polarização na arena política nacional, a ex-senadora disse que se trata de um fenômeno histórico, mas lamentou o que ela entende como parceria entre PT e PSDB em torno de uma tentativa de combater a operação Lava Jato. “A polarização faz parte e eu queria que ela fosse quebrada não em cima de uma lógica do salve-se quem puder em prejuízo da República”, disse. “Hoje não tenho dúvida que os dois grandes partidos da polarização tentam o tempo todo barrar a Lava Jato com medidas no Congresso”.

Oferta Exclusiva para Novos Clientes

Jaqueta XP NFL

Garanta em 3 passos a sua jaqueta e vista a emoção do futebol americano

Candidata derrotada nas últimas duas eleições presidenciais, Marina Silva diz que o impeachment deixa ao país algumas lições. “Não vale tudo para ganhar uma eleição. “A presidente Dilma [Rousseff] lançou mão do vale tudo eleitoral. O abuso do poder econômico, o uso do caixa dois, o dinheiro da corrupção, alianças completamente incoerentes. Quem colocou o presidente Temer no lugar em que ele está foi a presidente Dilma e o Partido dos Trabalhadores, quando fez aliança com o PMDB”, observou. Na leitura da ex-ministra, a discussão sobre gestores na política não é nova e representa um momento negativo para o atual sistema de democracia representativa: “Essa história de gerente acabou dando no que deu. O nosso desencantamento com os maus políticos não pode significar a subtração da política. Isso é a política mais velha que existe, são aqueles que se disfarçam de não políticos”.

Newsletter

Infomorning

Receba no seu e-mail logo pela manhã as notícias que vão mexer com os mercados, com os seus investimentos e o seu bolso durante o dia

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Tópicos relacionados

Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.