Políticos são os que menos reconheceram seus crimes até agora e devem desculpas ao povo brasileiro, diz Dallagnol

 "Ainda não perceberam que mais tarde será tarde demais para eles suportarem as duras consequências dos crimes deles", disse o procurador em evento

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O procurador da República e coordenador da força-tarefa da Lava Jato Deltan Dallagnol fez palestra na tarde desta segunda-feira (8) no 1º  Congresso do Pacto pelo Brasil – Calamidades X Eficiência da Gestão Pública , que acontece em Curitiba até quinta-feira. O InfoMoney acompanhou ao vivo. 

Ele afirmou que, entre os envolvidos no esquema de corrupção da Petrobras, os políticos são os que “menos reconheceram seus crimes até agora” e “ainda devem desculpas ao povo brasileiro”. “Ainda não perceberam que mais tarde será tarde demais para eles suportarem as duras consequências dos crimes deles”, disse Deltan Dallagnol, depois de falar que já houve acordos de delação premiada e de leniência com empresários e diretores de estatal em troca de redução de pena.

De acordo com o procurador, o sistema político está em uma posição parecida com a que a Odebrecht estava anteriormente, antes de negociar a delação: “negando, acusando supostos abusos”.

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Ele ainda fez críticas sobre o que chamou de desculpas para a prática de crimes: “quando você confronta pessoas que estão nessa posição, elas dirão: ‘olhem, mas eu sou só um político. Se eu não fizer isso, eu sequer sou eleito. Todo mundo faz’ (…) ‘E aí você vai conversar com os operadores, lavadores de dinheiro profissionais. Eu era apenas um leva e traz. Existem ‘n’ outros como eu, se não fosse eu era qualquer um do mercado'”.

Deltan Dallagnol citou os exemplos de “calamidades” nas empresas, apontando o caso de Petrobras e Odebrecht.  Porém, conforme apontou o procurador, as pessoas reclamam dos políticos e repudiam a corrupção deles em seu envolvimento com empresas públicas, ao mesmo tempo que boa parte da população admitiu que já participou ou poderia participar de transgressões às leis. Dallagnol citou pesquisa Ibope para fazer a afirmação. “Existe calamidade nas empresas, mas ela ultrapassa muito as empresas”.

O procurador também apontou que existia, nos casos de corrupção de empreiteiras ouvidas pela Operação Lava Jato, muitos casos em que funcionários roubavam o dinheiro que iria para a propina. Em um dos depoimentos à Operação Lava Jato, Marcelo Odebrecht, ex-presidente da construtora, disse que o setor de propina foi alvo de roubo dos próprios funcionários. “Isso vira praticamente o conhecido ‘slippery slope’ nos EUA, ou ladeira escorregadia”, apontou Dallagnol.

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Mais tarde, às 20h, o juiz Sérgio Moro concederá aula magna e o InfoMoney também acompanhará o evento. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.