Entre Maduro e Doria, FT destaca qual é a nova contraposição política que divide a América do Sul

Esquerda versus direita? Nova contraposição política é o velho versus o novo

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em matéria desta terça-feira, o jornal britânico Financial Times destaca que o debate político na América do Sul está em mudança: hoje, ele é menos esquerda versus direita e agora é mais a dicotomia entre o velho e corrompido versus o não contaminado e novo. 

Como os “imaculados” são, por definição, candidatos não testados, isso significa que “outsiders” estão vindo à tona, aponta o jornal.  No caso brasileiro, o Financial Times aponta que, na esteira das eleições de 2018, o prefeito de São Paulo João Doria aparece em destaque (mesmo com as negativas do tucano) e ainda o compara ao presidente dos EUA, Donald Trump, uma vez que ambos apresentaram o programa “O Aprendiz”. “Às vezes, a ascensão de políticos outsiders nos EUA também fornece lições para o sul”, afirma o jornal. 

Além disso, conforme destaca o jornal, cansados da “corrupção populista”, países como a Argentina e o Peru escolheram líderes pragmáticos com experiência em negócios (caso de Mauricio Macri e Pedro Pablo Kuczynski, respectivamente). “Ao invés de autarquia e concentração de poder, parecia que a abertura e a transparência estavam ganhando, ao contrário da Europa e dos EUA”, aponta o FT, em referência às crescentes indicações de aumento de populismo nos países desenvolvidos em meio ao crescimento de candidaturas anti-euro na Europa e ascensão de Trump nos EUA.

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Porém, aponta, uma série de eventos na semana passada fez com que a América do Sul voltasse para a “velha forma”. As suspeitas de fraude na apertada eleição do Equador, que teve como vencedor o aliado do atual presidente Rafael Correa, Lenin Moreno, são um exemplo disso. 

Além disso, houve uma tentativa de golpe na Venezuela, onde a Suprema Corte, controlada pelo governo, tentou dissolver a assembleia nacional liderada pela oposição. Já no Paraguai, os manifestantes se revoltaram contra o Congresso após os legisladores votarem em segredo a matéria que permitia aos presidentes concorrerem a um segundo mandato.

Conforme destaca o FT, a ideia básica é de que os governos populistas sempre procurariam ajudar os desfavorecidos – mas só a princípio. “Mas na América do Sul a evidência é clara: as democracias liberais, como a do Chile, fazem um bom trabalho na redução da pobreza”, aponta. 

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O FT aponta que o populismo pode se transformar em autoritarismo. “O ‘líder supremo’ afirma que a ‘vontade do povo’ está sendo frustrada por inimigos nebulosos, especialmente de estrangeiros e elites. Isso geralmente leva ao partido no poder a concentrar poderes e em seguida, perpetuar o seu poder. A corrupção se aprofunda. As instituições enfraquecem. A reação vem, eventualmente”.

“É por isso que a vitória do Partido do governo para a continuidade no Equador diminuiu para dois pontos percentuais. É também por isso que os argentinos marcharam na semana passada para apoiar o governo talvez mais popular – mas não populista – da América do Sul e para rejeitar os anteriores peronistas”. Além disso, aponta o jornal, rejeitar o antigo também ajuda a explicar por que os paraguaios protestaram contra a reeleição: “são alérgicos a uma regra prolongada depois da ditadura de 35 anos do general Alfredo Stroessner”.

Assim, a dicotomia política, que antes era direita versus esquerda, aponta para uma mudança: o velho versus o novo. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.