Ministro da Justiça aparece em grampo telefônico da Operação Carne Fraca

Contudo, a PGR destaca que não há autoridade com foro alvo da investigação e que Osmar Serraglio não é investigado no caso

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ministro da Justiça, Osmar Serraglio (PMDB-PR) aparece em grampo utilizado nas investigações da Polícia Federal que originaram a Operação Carne Fraca, deflagrada na manhã desta sexta-feira (17). 

Um diálogo foi interceptado entre Serraglio, quando era deputado federal pelo PMDB paranaense, e o ex-superintendente federal de Agricultura do Paraná, Daniel Gonçalves Filho, descrito pela PF como “líder da organização criminosa”. O agora ministro chama o servidor público de “grande chefe” e liga para Daniel para saber sobre fiscalização no frigorífico Larissa, em Iporã, interior do estado, após ter sido procurado por Paulo  – que a PF identifica como Paulo Rogério Sposito, dono do frigorífico Larissa. Sposito foi candidato a deputado federal por São Paulo em 2010, como o nome Paulinho Larissa.

“O cara que está fiscalizando lá apavorou o Paulo, disse que hoje vai fechar aquele frigorífico… Botou a boca. Deixou o Paulo apavorado”, disse Serraglio ao telefone.  Gonçalves Filho entra então em contato com a fiscal da área para obter informações. A servidora diz que não há nada de errado no frigorífico, e o chefe repassa, na sequência, a informação a Serraglio, segundo a PF. Sposito é um dos investigados na operação, sob suspeita de pagar propina a fiscais para evitar autuações. Ele é alvo de um mandado de prisão preventiva na Operação. 

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Contudo, a PGR destaca que não há autoridade com foro alvo da investigação e que Serraglio não é investigado no caso.  O juiz Marcos Josegrei da Silva e o MPF entenderam que não havia indícios suficientes que apontem o cometimento de crime pelo então parlamentar.

“Não se extraem elementos suficientes no sentido de que o parlamentar (Deputado Federal) que é interlocutor em um dos diálogos, que detém foro por prerrogativa de função, esteja envolvido nos ilícitos objeto de investigação no inquérito policial relacionado a este feito”, diz o juiz. Ele disse ser “natural” que os servidores do Ministério da Agricultura “busquem auxílio ou intervenção de deputados de seu Estado a fim de viabilizar o atendimento de interesses do órgão”, desde que dentro da legalidade. “Essa circunstância, por si, não é indicativa de prática alguma de crime”.

Conforme informa a Folha, além de Serraglio, assessores parlamentares de outros dois deputados federais são citados na investigação. Um deles é assessor de João Arruda (PMDB-PR), Heuler Iuri Martins; ele foi interceptado em gravações demonstrando interferir em prol dos interesses de frigoríficos no afastamento de fiscais que se demonstravam rigor nas fiscalizações. Um dos fiscais linha-dura é chamado de “capeta” por Martins; já Ronaldo Troncha, assessor de Sérgio Souza (PMDB-PR), também aparece nas gravações. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.