O único “homem que teria resistido à corrupção” em dois anos de delação da Operação Lava Jato

Hoje, ele é diretor da Campo Verde Trading BV, uma joint venture de brasileiros fundada em 2013 com sede em Amsterdam, empresa com filial em Rolândia (PR), destaca O Globo

Lara Rizério

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SÃO PAULO –  Em matéria desta terça-feira (21), o jornal O Globo destaca o perfil do que seria o “único homem que teria resistido à corrupção em dois anos de delações ouvidas pelos investigadores da Lava-Jato”. Trata-se do empresário Flávio Braile Turquino, que teve carreira relâmpago de apenas um mês no serviço federal e teria preferido se demitir a participar do esquema de corrupção e “sujar o nome de sua família”, conforme aponta a publicação, que cita a fala de um dos delatores da Lava Jato.

Hoje, Turquino é diretor da Campo Verde Trading BV, uma joint venture de brasileiros fundada em 2013 com sede em Amsterdam, empresa com filial em Rolândia (PR). Segundo o site, apresentado em inglês, a Campo Verde pertence a “duas famílias brasileiras com mais de 80 anos de experiência em produção e distribuição agrícola”. A companhia é  especializada em carnes congeladas de alta qualidade (frango, porco e boi), produtos agrícolas e metais — não ferrosos, distribuídos em todo o mundo.

Turquino, informa o jornal, tem cerca de 40 anos e tem formação em Veterinária pela Universidade do Paraná, Turquino está no comando da Campo Verde desde setembro de 2013. Antes ele teve passagem meteórica pelo Ministério da Agricultura, como Diretor do Departamento de Inspeção de Produtos de Origem Animal: ele foi nomeado  em 22 de agosto de 2013, e exonerado, a pedido, em 24 de setembro do mesmo ano. Os dois atos foram assinados pela então ministra da Casa Civil, Gleisi Hoffman. Hoje ela é senadora pelo PT do Paraná. 

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Aliás, no currículo de Turquino, não consta a sua passagem pelo serviço público, informa o jornal. São detalhadas suas várias experiências no setor privado: Big Frango, onde ficou de 2008 a 2013, Biorigin e Cargill. Seu último cargo antes de chegar à Esplanada dos Ministérios foi de gerente internacional da Big Frango, que foi comprado em 2014 pelo grupo JBS-Friboi. Na época do negócio, Turquino já estava fora da empresa — e a JBS nega que ele tenha participado da negociação da empresa, direta ou indiretamente. A JBS também nega que tenha indicado cargos no Ministério da Agricultura ou feito qualquer pedido a Flávio Braile Turquino como diretor de Inspeção de Produtos Animais.

Conforme aponta o jornal, ele foi citado pelo delator Alexandre Margotto como o único que não teria aceitado imposições do esquema de Eduardo Cunha e Lúcio Funaro. Eles, supostamente, ainda segundo o delator, receberiam influência de Joesley Batista, um dos donos da JBS-Friboi. Margotto afirmou que Turquino teria preferido pedir demissão a sujar o nome de sua família. 

Quando nomeado para o cargo no ministério naquele ano, Turquino foi alvo de protestos de fiscais sanitários, inconformados com o fato de ele vir da iniciativa privada. A categoria chegou a fazer greve em 2013 na porta do Ministério da Agricultura. “O único ato de Turquino divulgado pelo governo durante seu mês como diretor da Agricultura foi uma regulamentação sobre a quantidade de umidade e de proteína dos frangos resfriados. Os sindicalistas também denunciaram que a família do novo diretor havia sido alvo de uma operação da Polícia Federal, em 2007. Sua saída prematura foi, na época, alvo de comemoração”, destaca o jornal.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.