O que mudou para os mercados no Brasil e nos EUA após os dados desta sexta?

Mercados revisam projeções para Copom e Fomc após dados de IPCA e relatório de emprego apresentados nesta sexta-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os investidores já acordaram sabendo que o dia prometia ser bastante movimentado. E assim o foi, mas com notícias que chegaram a impulsionar o mercado doméstico e o internacional: no Brasil, destaque para o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e nos EUA, o relatório de emprego, que surpreenderam o mercado e fizeram os analistas revisarem as suas projeções. 

No Brasil, se o mercado já esperava uma desaceleração na inflação em setembro, os dados apresentados foram melhores do que o esperado ao apresentador um número ainda mais baixo. O IPCA avançou 0,08%, ante expectativa do mercado de 0,18%, o número mais baixo para o mês desde 1998.

Enquanto isso, nos EUA, o payroll foi pior do que o esperado ao criar 156 mil vagas, ante expectativa de criação de 172 mil e levou a uma “mudança curiosa” nas projeções – a expectativa para alta de juros em novembro caiu, mas de dezembro teve expressiva alta. 

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Copom e Payroll: mudanças de projeções?
Após o IPCA no Brasil, o mercado já dá como certa uma redução de juros na próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que se encerra no dia 19 deste mês – e a hipótese de um corte de 0,5 ponto percentual na Selic, atualmente em 14,25%, ganha forças. Com isso, após os dados, as taxas dos principais contratos de juros futuros passaram a registrar expressiva queda. 

O dado do IPCA é divulgado em um momento favorável para as indicações de ajuste fiscal, conforme destacam analistas: na véspera, a Comissão Especial da Câmara aprovou com ampla folga o texto base da PEC (Proposta de Emenda Constitucional) do teto de gastos, com 23 votos favoráveis contra apenas sete votos contrários. A PEC é considerada crucial para a realização do ajuste fiscal. A próxima etapa será na segunda-feira quando começa a votação do primeiro turno.

“O governo mantém o processo de mobilização de sua base e espera contar com uma maioria segura para aprovar esta PEC. São necessários pelo menos 308 votos favoráveis. Nossa expectativa é de que o governo será bem sucedido e conseguirá aprovar esta PEC”, ressalta a LCA Consultores. 

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Em vista desses dois sinais, a Infinity Asset confirmou a alteração do call de início afrouxamento monetário de novembro para outubro, sendo iniciado com um corte de 50 pontos-base na Selic, atualmente em 14,25% para 13,75%. O economista-chefe do Bradesco, Octavio de Barros, também acredita que deverá haver uma redução dos juros em 0,5 ponto percentual. 

Por outro lado, em entrevista para a Bloomberg, o estrategista sênior do Rabobank Mauricio Oreng apontou que o mercado segue dividido entre queda de 0,25 ponto ou 0,5 ponto, mas que ele está apostando em uma queda de 0,25 ponto percentual. O Goldman Sachs também espera um corte mais suave este mês, seguido por um novo corte de 50 pontos-base na reunião de novembro. Oreng comentou também que “ainda há incertezas”, como falta de novos dados para confirmar queda na inflação de serviços e pauta fiscal em tramitação, mas “faz sentido começar um pouco mais devagar” e acelerar o passo mais à frente.  

Vale destacar que presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, disse nesta sexta-feira que a evolução dos preços indica um processo de desinflação em curso, mas com velocidade “ainda incerta”, e destacou que, do lado fiscal, as ações para o controle das despesas têm impacto imediato na confiança dos agentes econômicos. Desta forma, os próximos passos de política fiscal serão cruciais para indicar os próximos passos da política econômica. 

Os dados decepcionantes do payroll, por sua vez, também levaram a mudanças nas expectativas para os juros nos EUA. Apesar de abaixo do esperado, os analistas seguem apostando numa alta de juros ainda este ano, uma vez que os números se apresentaram sólidos. Além disso, o aumento da taxa de desemprego, de 4,9% para 5% indica que mais pessoas estão procurando trabalho, o que fortalece argumentos de alguns dirigentes do Fed de que há espaço para recuperação no mercado de trabalho. 

Com os novos dados, o mercado praticamente dissipou as chances de uma alta em novembro, que passaram de 14,5% na quinta-feira para 10,3% após o relatório de emprego. Já as chances de alta para dezembro passaram de 63,9% para 70,2%. Para Bodhi Ganguli, economista da Dun & Bradstreet, a única razão para não haver alta de juros é a eleição nos EUA, que acontecerá pouco menos de uma semana do Fomc de novembro. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.