5 fatores que farão de Donald Trump o próximo presidente dos EUA, segundo Michael Moore

Conhecido por documentários como "Fahrenheit 11 de setembro" e militante democrata, o diretor apresenta motivos que levarão o republicano à vitória em novembro

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Michael Moore é conhecido mundialmente por criar problemas para autoridades. O diretor ganhou destaque nos anos 2000 após o lançamento de documentários como “Tiros em Columbine” e “Fahrenheit 11 de setembro”, e para quem acompanha suas redes sociais, sabe que seu ativismo político não ficou apenas nas telonas. Desde antes das eleições ganharem destaque, ele já estava comentando ativamente o que pensava sobre o pleito de novembro.

Recentemente, em seu site oficial, o documentarista, que é militante do Partido Democrata, publicou um texto em que apresenta “5 motivos pelos quais Donald Trump será o próximo presidente dos Estados Unidos”. Ele lembra que no ano passado já havia afirmado que ele seria o candidato republicano e que agora “preciso lhes dar uma notícia ainda mais terrível e deprimente”.

Segundo ele, é praticamente inevitável que Trump seja o próximo presidente. “Hoje, do jeito que as coisas estão, acho que vai acontecer – e, para lidar com isso, primeiro preciso que você aceite a realidade e depois talvez, só talvez, a gente encontre uma saída para essa encrenca”, afirma Moore, deixando claro que não fica nada feliz com a notícia: “Nunca na minha vida quis estar tão errado como agora”. 

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Um dos principais problemas, de acordo com o diretor, está no fato do voto não ser obrigatório e de ser “necessário sair de casa” para votar. Para ele, “se as pessoas pudessem votar do sofá de casa pelo Xbox ou Playstation, Hillary ganharia de lavada”.

“As pessoas têm de sair de casa e pegar fila para votar. E, se moram em bairros pobres, negros ou hispânicos, não só enfrentam filas maiores como têm de superar todo tipo de obstáculo para votar. Então, na maioria das eleições é difícil conseguir que pelo menos metade dos eleitores compareça às urnas”, explica.

Veja os 5 motivos apresentados por Moore pelos quais Trump será presidente:

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1) Os Estados-chave
O diretor acredita que Trump vá concentrar muito da sua atenção em quatro Estados tradicionalmente democratas do cinturão industrial dos Grandes Lagos (Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin). Segundo ele, estes quatro Estados elegeram governadores republicano desde 2010, com exceção da Pensilvânia, que elegeu um democrata.

Segundo Moore, o empresário tem acertado em seu discurso ao falar, por exemplo, sobre como o apoio de Clinton ao Nafta (acordo de livre comércio da América do Norte) ajudou a destruir os Estados industriais do Meio-Oeste. Ele acredita que a campanha de Trump irá convencer estes locais de que este é o momento de mudar, o que provavelmente levará ele a vitória.

O diretor explica que em 2012, Mitt Romney perdeu por 64 votos no colégio eleitoral. “Some os votos de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. A conta dá 64. Tudo o que Trump precisa para vencer é levar os Estados tradicionalmente republicanos de Idaho à Geórgia (Estados que jamais votarão em Hillary Clinton) e esses quatro do cinturão industrial. Ele não precisa do Colorado ou da Virgínia. Só de Michigan, Ohio, Pensilvânia e Wisconsin. E isso será suficiente. É isso o que vai acontecer em novembro”, conclui.

2) O último bastião do homem branco e nervoso
Invocando os seus temas polêmicos, Moore coloca como grande problema o pensamento machista e racista da humanidade. Segundo ele, os homens estão com medo após dominarem os EUA por 240 anos. Veja o que ele diz:

“A sensação é que o poder se lhes escapou por entre as mãos, que sua maneira de fazer as coisas ficou antiquada. Esse monstro, a “feminazi”, que, como diz Trump, “sangra pelos olhos ou por onde quer que sangre”, nos conquistou — e agora, depois de aturar oito anos de um negro nos dizendo o que fazer, temos de ficar quietos e aguentar oito anos ouvindo ordens de uma mulher? Depois disso serão oito anos dos gays na Casa Branca! E aí os transgêneros! Você já entendeu onde isso vai parar. Os animais vão ter direitos humanos e uma porra de um hamster vai governar o país. Isso tem de acabar!”

3) O problema Hillary
Apesar de gostar da democrata, Moore diz que o problema não é Trump, mas a própria Hillary. “Ela é extremamente impopular – quase 70% dos eleitores a consideram pouco confiável e desonesta. Ela representa a política de antigamente: faz de tudo para ser eleita. É por isso que ela é contra o casamento gay num momento e no outro está celebrando o matrimônio de dois homens”, explica o diretor.

Segundo ele, nenhum democrata, e seguramente nenhum independente, vai acordar em 8 de novembro para votar em Hillary com a mesma empolgação que votou em Obama ou em Bernie Sanders. “Como essa eleição vai ser decidida por um único fator — quem vai conseguir arrastar mais gente pra fora de casa e para as seções eleitorais –, Trump é o favorito”, conclui.

4) O eleitor deprimido de Sanders
Moore afirma que os apoiadores de Sanders irão votar em Hillary sim, diferente do que diz a imprensa norte-americana. O problema, segundo ele, é que, embora o apoiador médio de Sanders vá se arrastar até as urnas para votar na democrata, ele vai ser o chamado “eleitor deprimido”, ou seja, não vai trazer consigo outras cinco pessoas. “Ele não vai trabalhar dez horas como voluntário no último mês da campanha”, explica.

Eles não vão votar em Trump; alguns vão votar em candidatos independentes, mas muitos vão ficar em casa. Hillary Clinton vai ter de fazer alguma coisa para que eles tenham uma razão para apoiá-la — e escolher um velho branco sem sal como vice não é o tipo de decisão arriscada que diz para os millennials que seu voto é importante”, diz o diretor em seu texto.

“Duas mulheres na chapa — isso era uma ideia boa. Mas aí Hillary ficou com medo e decidiu optar pelo caminho mais seguro. É só mais um exemplo de como ela está matando o voto jovem”, completa Moore.

5) O voto de protesto
O último ponto é algo que os brasileiros conhecem bem. Já viram no caso do deputado Tiririca em São Paulo e agora estão atribuindo ao avanço de Jair Bolsonaro nas pesquisas. “Não desconte a capacidade do eleitorado de ser brincalhão nem subestime quantos milhões de pessoas se consideram anarquistas enrustidos”, resume Moore.

“Você pode votar no partido, ou pode escrever Mickey Mouse e Pato Donald. Não há regras, E, por isso, a raiva que muitos sentem pelo sistema político falido vai se traduzir em votos em Trump. Não porque as pessoas concordem necessariamente com ele, não porque gostem de sua intolerância ou de seu ego, mas só porque podem”, explica o diretor. Lembrando que nos EUA o voto é em cédula, onde a pessoa pode escrever o que bem entender.

O diretor resume este fato a uma situação que viveu na semana passada. Ao voltar de um programa de televisão, um homem parou ele na rua e disse “Mike, temos de votar em Trump. TEMOS que dar uma chacoalhada as coisas”. “Foi isso. Era o suficiente para ele. ‘Dar uma chacoalhada nas coisas’. O presidente Trump certamente faria isso, e uma boa parcela do eleitorado gostaria de sentar na plateia e assistir o show”, conlui Moore.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.