Dilma vê retorno difícil e quer só “defender biografia” no Senado; ela nega ter jogado a toalha

Dilma teria dito a Renan sobre impeachment: "quero acabar logo com essa agonia", segundo a Veja, o que foi negado por ela em nota

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Algumas matérias deste final de semana destacam: a presidente afastada Dilma Rousseff está realmente sem muitas esperanças de que conseguirá reverter o impeachment, cuja votação definitiva deve ocorrer no Senado no final de agosto. Porém, oficialmente, Dilma rebateu as alegações. 

Em matéria do jornal Folha de S. Paulo deste domingo que fala sobre o cotidiano da petista, aliados dela destacaram que seu objetivo hoje é “apenas defender sua biografia”. Dilma sabe que sua imagem está desgastada e tem feito contas pessimistas sobre quantos senadores podem rever posição e salvá-la do impedimento. “Parlamentares a visitam semanalmente, mas a micropolítica nunca a interessou”, destaca a reportagem.

Até mesmo os conselhos mais incisivos, que costumava receber do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ficaram segundo plano, eles têm se falado cada vez menos e quase sempre por telefone. Segundo aliados da presidente ouvidos pelo jornal, nenhum dos dois está “muito empenhado” em converter votos contra o impeachment. Dilma, diz a coluna Painel, do mesmo jornal, apresentará sua carta aberta aos senadores às vésperas da pronúncia, espécie de prévia da votação do impeachment, em 9 de agosto.

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Além da Folha, a revista Veja destacou em matéria desta semana o relato do presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL) ao presidente interino Michel Temer. Em jantar,  Renan Calheiros teria dito a Temer que a petista jogou a toalha e admitiu não ter mais chances de impedir a aprovação do impeachment no Senado. Segundo o relato do senador, Dilma desabafou nos seguintes termos: “Quero acabar logo com essa agonia”. A matéria afirma que, pelas contas do senador Romero Jucá (PMDB-RR), demitido do Planejamento por conspirar contra a La­va-Jato, 61 dos 81 senadores votarão a favor do impeachment. Eliseu Padilha, chefe da Casa Civil, aposta que o número pode chegar a 63 senadores, incluindo Calheiros. Até mesmo o ministro encarregado de negociar com o Congresso, Gedel Vieira Lima, tirará nos próximos dias uma semana de férias em meio à confiança com o impeachment.

Em nota divulgada neste domingo, Dilma negou que tenha se encontrado com Renan Calheiros. “Declarações supostamente atribuídas a ele não passam de especulação da imprensa, que continua produzindo ficção em vez de reportar fatos”, afirmou.

“Não é de hoje que parcela da imprensa brasileira alardeia que a presidenta Dilma Rousseff considera improvável sua vitória no Senado. E que deveria desistir. Isso não vai acontecer. A resistência ao golpe vai continuar por meio de viagens da presidenta pelo Brasil e por meio do diálogo politico construtivo com o Senado”, destacou na nota. Segundo ela, “aqueles que noticiam uma renúncia que jamais acontecerá desejam manter um aparente quadro de normalidade e encobrir com a renúncia a anomalia deste impeachment sem crime de responsabilidade, que é uma afronta ao Estado Democrático de Direito e à Constituição”.


Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.