Lava Jato: “Vivemos uma inundação de corrupção; estamos tirando essa água com baldes”

Nesta tarde, o Ministério Público Federal acusou 20 investigados de duas fases da Operação Lava Jato.

Paula Barra

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SÃO PAULO – O procurador Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa da Lava Jato, disse nesta tarde que os trabalhos irão continuar, resistindo a todo tipo de ataque. Nesta sexta-feira (6), o Ministério Público Federal acusou 20 investigados de duas fases da Operação Lava Jato. 

 “Nosso compromisso é com a sociedade e a sociedade é nosso escudo”, disse Dallagnol nesta tarde, em coletiva especial no Hotel Lizon, no centro de Curitiba. Com as duas denúncias de hoje, a Lava Jato amplia de 40 para 42 denúncias e de 191 para 207 acusados. Das 20 pessoas acusadas, 4 delas já foram acusadas criminalmente anteriormente na operação. O valor envolvido na corrupção das duas denúncias de hoje é de R$ 30 milhões.  

Segundo o procurador, cerca de um terço dos acusados na operação estão na área empresarial, que ofereciam propinas. Um pouco menos de um terço são agentes políticos e funcionários públicos. Dos 207 acusados, 111 já foram sentenciados, com 83% de condenações. Entre as absolvições estão algumas pedidas pelo próprio MPF. 

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Sobre habeas corpus, o procurador disse que 359 das decisões foram favoráveis ao MP e apenas 13 à defesa. Isso mostra que não há abusos nem irregularidades no curso da operação, disse Dallagnol. 

O procurador disse que é preciso refletir e repensar a nossa República. “Vivemos uma inundação de corrupção. Estamos tirando essa água com baldes, precisamos que sejam construídas barragens, muros que nos protejam dessa inundação de corrupção”, disse Dallagnol

DENÚNCIA 1 – ENVOLVENDO RONAN, DELÚBIO E VALÉRIO

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O procurador Diogo Castro de Matos disse que Marcos Valério não quis se vincular diretamente a Ronam Maria Pinto e buscou alternativas. Ele acabou chegando a Oswaldo Rodrigues Vieira Filho, cuja empresa aceitou fazer o contrato simulado. A partir da empresa Remar foram feitas transferências para Ronan Maria Pinto e para credores dele. Há também uma transferência para Mauri de Campos, um dos acionistas que vendia o controle do “Diário do Grande ABC” para Ronan. 

Matos disse que o objetivo de comprar ações do jornal era, segundo Marcos Valério, porque o jornal estava ligando Ronan Maria Pinto a denúncias da morte do ex-prefeito de Santo André. 

Nesta denúncia, foram acusados Ronan e mais oito pessoas por lavagem de dinheiro, incluindo o ex-tesoureiro do PT Delúbio Soares, o publicitário Marcos Valério, o empresário Natalino Bertin, que teria repassado dinheiro para Ronan, e outros intermediários, como Sandro Tordin, presidente do Banco Schahin, Enivaldo Quadrado, Luiz Carlos Casante, Breno Altman e Oswaldo Rodrigues Vieira Filho.

DENÚNCIA 2 – ENVOLVENDO ARGELLO, ODEBRECHT E LÉO PINHEIRO

O procurador Athayde Ribeiro Costa fala sobre a denúncia envolvendo Gim Argello. Ele diz que no início da Lava Jato o Congresso instalou CPI para investigar fatos relacionados à Petrobras. Essa CPI foi esvaziada ao longo do tempo porque houve uma comissão mista, envolvendo a Câmara. Os trabalhos se alongaram até dezembro de 2014, quando Gim Argello, que as presidia, deu fim aos trabalhos.

Segundo ele, houve requerimento para que empreiteiros fossem depor nas comissões, mas Gim Argello usou a CPI como balcão de negócios e deu costas ao dever de fiscalizar. Os requerimentos não foram apreciados e ninguém foi convocado a depor. 

O procurador diz que o presidente da OAS, Léo Pinheiro, se movimentou e foi atrás de Gim Argello, oferecendo de forma sutil contribuições políticas, quando houve o primeiro ato de corrupção. 

Ele comenta que houve jantares entre Argello e integrantes da OAS e da construtora UTC. Em um determinado momento, o ex-senador pediu R$ 5 milhões e discutiu ainda como a proteção aos empreiteiros iria se efetivar e como o dinheiro seria pago. O pagamento da UTC, de R$ 5 milhões, foi feito por doações eleitorais em 2014. A Odebrecht pagou um valor de R$ 200 mil. Júlio Camargo pagou R$ 2 milhões em propina, sendo R$ 200 mil em espécie. Foram pagos também 200 mil euros por Júlio Camargo. A OAS pagou R$ 350 mil a uma igreja de Taguatinga, DF. A investigação ligou Argello à paróquia. A Engevix e Andrade Gutierrez também tiveram pagamentos solicitados pelo ex-parlamentar, mas não o pagaram. 

Segundo Costa, Léo Pinheiro está sendo denunciado por corrupção passiva, pois auxiliou Gim Argello indo a demais empreiteiros e solicitando a vantagem indevida. O procurador disse que Argello foi denunciado hoje por 14 crimes. “A farta prova documental que se colheu foi fundamental, detectando ligações entre os investigados, planos de voos de aeronaves privadas das empresas, localizando onde e quando estavam os empreiteiros”, disse.

Nesta denúncia, Argello e outras 10 pessoas foram acusadas por corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro, organização criminosa e obstrução às investigações. Entre elas os empresários Léo Pinheiro, da OAS; Ricardo Pessoa, da UTC; e Marcelo Odebrecht, da Odebrecht, o filho de Argello, Jorge Afonso Argello Junior; dois assessores do ex-senador, Paulo Roxo e Valério Neves Campos; Walmir Pinheiro, diretor financeiro da UTC; José Zardi Ferreira, Dilson Paiva Filho e Cláudio Melo. 

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