As estratégias (arriscadas) de Dilma para evitar sair definitivamente da presidência

Pacote de bondades, denúncia do que ela classifica como "golpe" pelo mundo, deixar Temer à míngua: estratégia de Dilma para não sair definitivamente do governo se define - mas nada garante que dará resultado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Inevitável: foi assim que a Folha de S. Paulo definiu a visão de Dilma Rousseff sobre o seu afastamento da presidência, o que deve ocorrer dia 11 de maio, quando o Senado Federal votar pela admissibilidade do processo de impeachment. Levantamentos de diversos jornais reforçam que há uma larga vantagem para que o impeachment passe por mais essa etapa, uma vez que são necessários 41 votos para que a petista seja afastada do cargo. O Globo aponta 50 votos a favor do impeachment, assim como o Estado de S. Paulo, enquanto a Folha mostra um placar de 51 votos a favor.

Porém, caso o processo seja admitido, ainda restará uma batalha para Dilma. Ela será afastada por até 180 dias, mas para que o processo seja concluído e ela saia definitivamente, é preciso dois terços dos votos para que o impedimento seja aprovado. Ou seja, 54 dos 81 senadores. Até lá, mesmo se for afastada, Dilma manterá direitos como salário, residência no Palácio da Alvorada e segurança. Nesse período, ela fica impedida apenas de exercer suas funções de chefe de Estado. Caso o impeachment não seja aprovado, ela volta para o cargo. 

Neste cenário, a presidente Dilma já traça estratégias sobre o que deve ser feito, o que ganhou destaque nas páginas dos jornais durante esta semana. Para tanto, ela tem contado com a ajuda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

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Na avaliação de Lula, se a presidente for afastada, a chance de retorno ao Planalto é remota. Porém, destaca o jornal, a estratégia consiste em infernizar a vida do então presidente Michel Temer durante o provável “exílio” de Dilma, para expor as “fragilidades” dele e montar uma espécie de “governo paralelo”, em oposição a ele, conforme ressalta a Folha. 

A ordem para o PT e para os movimentos sociais é de não dar trégua ao peemedebista, enquanto Dilma busca se aproximar destes movimentos. Uma ação neste sentido é a confirmação dela em atos da CUT (Central Única dos Trabalhadores) no 1º de Maio, que será realizado no próximo domingo, no Vale do Anhangabaú, em São Paulo. O ex-presidente Lula também participará do evento. 

De acordo com informações do jornal O Globo, há a expectativa de que a presidente possa usar o ato para anunciar um “pacote de bondades”, como o reajuste do Bolsa Família, que pode ser de até 5%. Esta é mais uma das estratégias da presidente: na última quinta-feira, foi divulgado que Dilma estuda reajustar o benefício, enquanto o próprio Ministério da Fazenda afirmou que não haveria espaço para tanto. 

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Conforme informou a Folha, Dilma pediu à sua equipe para “apressar” tudo que estiver “pronto ou perto de ficar pronto” para ser anunciado antes de o Senado  aprovar a admissibilidade do processo contra ela. De acordo com um assessor ouvido pelo jornal, Dilma não quer deixar para Temer ações e medidas elaboradas durante seu governo. Ela determinou ainda resolver tudo o que for possível nos próximos dias para evitar críticas da equipe de Temer de que assumiu um governo “desorganizado”.  

E, em reunião realizada na última quarta-feira, também foi traçada estratégia de reação a eventual gestão de Temer. Foi decidido que não farão qualquer tipo de transição de governo e a ordem do Palácio do Planalto é deixar o vice-presidente “à míngua”, sem informações sobre a gestão. 

Por fim, a equipe de Dilma Rousseff já discute com a presidente a possibilidade dela viajar pelo mundo dizendo que está sendo vítima de um “golpe”. Segundo a colunista Monica Bergamo, entrariam no roteiro países da América Latina como Chile e Uruguai, que são comandados por governos de centro-esquerda. Dilma também iria para França, Itália e Espanha, visitando representantes de partidos de esquerda. 

Neste cenário, ela reforçará em entrevistas e atos públicos o legado social durante o seu governo e das gestões de Lula. 

Riscos da estratégia
Mesmo assim, a estratégia pode conter alguns riscos. Dilma acredita que pode ser inocentada ao fim do julgamento final pelo Senado, podendo, assim, retomar seu mandato. Porém, parlamentares do PT, assim como Lula, acham que após afastamento temporário o quadro vai ficar muito difícil e, mesmo que Dilma ganhe no julgamento, ficará sem condições de governabilidade.  

Ao mesmo tempo, o ministério da Fazenda busca fazer um contraponto, em meio a uma situação fiscal difícil que o Brasil vem enfrentando, com dificuldade para fechar as contas e previsão de que a União feche o ano com um déficit primário de R$ 60,2 bilhões. Contudo, o governo enviou recentemente um projeto para encerrar o ano com R$ 96,7 bilhões negativos. 

Além disso, de acordo com o secretário do Tesouro Nacional, Otávio Ladeira, até a meta fiscal ser alterada, não há espaço fiscal para uma ampliação do Bolsa Família. Inclusive, caso não houver a revisão da meta, o governo vai ter que reavaliar receitas e despesas. Assim, o espaço para novas medidas por enquanto parece ser pequeno. E também pode não gerar efeito para a presidente. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.