Não é corrupção: para o WSJ, o maior problema do Brasil é o “fracasso do Estado Leviatã”

Em artigo deste final de semana, o jornal Wall Street Journal destacou um dos problemas para a economia brasileira: o gigantismo do estado brasileiro

Lara Rizério

SÃO PAULO – Em artigo deste final de semana, o jornal Wall Street Journal destacou um dos problemas para a economia brasileira: o gigantismo do estado do País. Conforme destaca a publicação, o Brasil já experimentou quase todo tipo de governo, de imperadores e ditadores a democratas e ex-marxistas. “Quase todos compartilharam o compromisso do Estado de Leviatã como o motor do progresso”, afirma. O Estado Leviatã é aquele que deteria o poder da sociedade, sendo transferido a ele o poder dos indivíduos. 

Atualmente, o Leviatã está doente, com o governo envolvido em um escândalo na Petrobras, enquanto investigadores apontam políticos, executivos do setor de petróleo e empresários conspirando para sugar bilhões da petroleira. Enquanto isso, no Congresso, onde seis em cada dez enfrentam algum tipo de legislação criminal, os deputados votaram a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. O cenário apontado pelo jornal é desolador, com o Brasil afundado em sua pior recessão desde a década de 30, que pode ainda não ter chegado ao fundo do poço, enquanto a dívida do país triplicou para US$ 1 trilhão em nove anos e alguns Estados estão quase indo à falência, ao mesmo tempo que a insolvência do governo federal é uma possibilidade. 

Assim, o WSJ ressalta que a corrupção pode não ser o ponto principal. “O maior problema do país se deve ao fracasso do Estado Leviatã, que tem perenemente buscado as visões utópicas incorporadas em Brasília, mas que, em vez disso, tem gerado ciclos recorrentes de forte crescimento e drástica contração”, afirma.

A crise brasileira atual segue um dos maiores booms vividos pelo País, algo que já aconteceu antes, nos anos 70, quando o “milagre econômico” foi seguido pela “década perdida”, aponta o jornal americano. Para o WSJ, o Brasil inspira otimismo porque tem aspectos positivos semelhantes aos dos Estados Unidos, uma superpotência, comodimensão continental, terras férteis, abundância de recursos naturais e diversidade étnica. “Mas, apesar disso, o Brasil ainda é um país subdesenvolvido”. O WSJ ressalta que uma explicação para os tropeços do Brasil é sua dependência das commodities. “Os líderes brasileiros gastaram boa parte do século XX tentando diversificar a economia, mas a abordagem deles quase sempre dependeu de bancos e empresas estatais — e sempre deu errado”, ressalta o artigo.

E, para o jornal, por que o Leviatã do Brasil persiste? Uma das razões apontadas é o forte nacionalismo e a outra é que ele cumpriu, mesmo que apenas o mínimo necessário, promessas feitas para conquistar a lealdade de segmentos-chave da população. Segundo a publicação, o Brasil nunca teve uma revolução que o tenha colocado em conflito com um Estado intrusivo e o escândalo da Petrobras também é um estudo de caso das oportunidades que o Leviatã nacional jogou fora. 

E enxugar o Leviatã não será fácil, afirma o jornal, uma vez que cerca de 85% do orçamento federal são destinados a gastos garantidos por leis. Porém, ainda há dúvidas se isso irá ocorrer. Rubens Ricupero, ex-ministro da Fazenda, destaca ao jornal. “O problema é que a única maneira de consertar a política é por meio dos políticos. Será que eles vão mesmo votar contra seus próprios interesses?”

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.