Economist: mercado já “farejou” o medo no Brasil e Dilma precisa agir antes que seja tarde

Revista destaca que Dilma Rousseff foi forçada a mudar após decisão da S&P, mas situação ainda pode piorar - renúncia também não estaria descartada

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A publicação britânica The Economist destacou em reportagem deste final de semana o cenário brasileiro e as mudanças que a presidente Dilma Rousseff teve que implementar por conta das pressões de mercado e da economia. Porém, se a situação econômica piorar, a situação da presidente pode se tornar insustentável. 

Assim como os animais podem sentir medo nos seres humanos, os mercados financeiros atacam quando eles farejam paralisia do governo e divisão. Isso aconteceu com Brasil no final de setembro. Em uma quinzena o dólar disparou para R$ 4,20. Só quando o Banco Central interveio, oferecendo dólares, foi restabelecida uma aparência de calma. A razão imediata para o caos foi a decisão no mês passado da Standard & Poors, agência de rating, rebaixar o rating para junk”.

A revista lembra que, depois de reeleita, Dilma sinalizou uma mudança de rumo na economia para maior austeridade após forte expansão fiscal, trazendo assim o “hawkish” ministro da Fazenda Joaquim Levy. Levy, por sua vez, estabeleceu uma meta de superávit primário de 1,2% para este ano e de 2% no próximo. Contudo, a gravidade da recessão parece ter sido subestimada, com uma contração de 3% do PIB e consequentemente, queda da receita. Assim, ao invés de anunciar medidas mais duras, o ministro “diminuiu” os seus alvos. A equipe econômica fez uma bagunça completa no orçamento para 2016. 

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Todos sabiam que Levy queria medidas mais duras, mas Dilma não o apoiou, ressalta a revista, destacando que a presidente perdeu o controle sobre o Congresso para apoiar as medidas necessárias. Além disso, Dilma é impopular por duas razões: o escândalo de corrupção envolvendo o PT e a recessão econômica, que afeta o padrão de vida. 

Assim, a prioridade de Dilma passou a ser a sua sobrevivência política de Dilma, semana a semana. O TCU (Tribunal de Contas da União) deve rejeitar as contas da presidente este mês e o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) está investigando se a campanha à reeleição da presidente recebeu dinheiro de corrupção. Enquanto isso, a oposição alega que tem os votos necessários para iniciar o processo de impeachment. Ambos poderiam acarretar na saída da presidente e, com isso, ela busca manter o PMDB dentro do barco, através de ministérios.

A revista avalia que a presidente pode continuar até 2018, até mesmo porque o PMDB e a oposição hesitam sobre herdar a bagunça econômica. Mas há risco real de que ela não consiga mais se manter no poder. “Assim, apenas um aperto fiscal crível pode restaurar a confiança na moeda e permitir que o Banco Central  corte as taxas de juros, abrindo o caminho para a recuperação. Mas o PT é abertamente crítico às políticas de Levy. E a oposição de centro-direita tem hipocritamente votado contra as medidas de austeridade que acreditam”.

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Dilma afirma que o impeachment seria um “golpe”. “Isso é falso. No mínimo, seria um reconhecimento de que ela ganhou o seu segundo mandato através de falsas promessas. O próprio PT tentou (e falhou) para o impeachment de Fernando Henrique Cardoso, ex-presidente, meses depois ter ganhado um segundo mandato. No entanto exceto a clara evidência de má conduta, o impeachment seria profundamente divisivo”. 

Além disso, a presidente também afirma que, como uma ex-guerrilheira urbana que sobreviveu a tortura, ela nunca vai ceder à pressão e renunciar. Porém, “mas se a crise econômica piorar, ela pode encontrar-se em uma posição insustentável”, afirma a revista, citando uma pesquisa feita pela Ideia Inteligência. Dos 20 mil respondentes telefone, 64% disseram que a presidente não completar o seu mandato. E, destes, 60% achavam que ela iria renunciar. “Está começando a parecer que eles podem estar certos”, afirma a revista. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.