Hoje reduzida a “nada”, decisão da S&P foi exaltada por Lula em 2008: “momento mágico”

Se hoje, decisão da S&P foi destaca como algo que "não significa nada",  Lula exaltou S&P quando ela deu o grau de investimento para o Brasil em 2008: "pode-se dizer que o Brasil foi declarado um país sério"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – “Isso não significa nada. Significa que apenas a gente não pode fazer o que eles querem. A gente tem que fazer o que a gente quer”. Esta foi a reação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, nesta quinta-feira (10), ao corte de rating do Brasil para “junk” pela Standard & Poor’s na noite da última quarta-feira. O ex-presidente ainda afirmou “achar muito engraçado” que a S&P agência de risco tenha tomado essa decisão e criticou que essas agências não usam os mesmos critérios para “países quebrados da Europa”. “Engraçado como uma agência de rating pode medir a dor de barriga na América do Sul”.

Porém, se voltarmos ao dia 30 de abril de 2008, quando o Brasil conquistou o grau de investimento pela própria S&P, veremos que a visão do então presidente sobre a agência era um tanto quanto diferente. Naquele dia, no 7º Fórum dos Governadores do Nordeste, em Alagoas, Lula acrescentou que “agora o Brasil é considerado um país sério por parte dos investidores estrangeiros”.

“Não sei nem falar direito a palavra ‘investment grade’, mas se fôssemos traduzir para uma linguagem que todos os brasileiros entendam, pode-se dizer que o Brasil foi declarado um país sério, que tem políticas sérias, que cuida de suas finanças com seriedade”, afirmou. 

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Lula chegou a afirmar, inclusive, que havia uma certa preocupação dos brasileiros com o rating sendo elevado para investment grade por conta da entrada de dólares no Brasil. “Quando saí de Garanhuns (em Pernambuco), em 1952, jamais imaginei que pudesse chegar um dia em que os brasileiros iriam ter preocupação com a entrada do dólar no Brasil”.

Aliás, alguns dias depois, no início de maio de 2008 em Teresina (PI), Lula foi ainda menos contido ao falar sobre o anúncio da S&P. “Vocês viram na televisão, na semana passada, eu não sei nem dizer direito, mas eu estava em casa vendo televisão, e dizia assim: ‘O Brasil agora virou investment grade’. Eu nem sabia o que era isso. Aí, fui ligar para o Celso Amorim: ‘Que diabo de palavra é essa?’. Aí, ele falou para mim: ‘é grau de investimento’. Eu fiquei mais confuso ainda”. 

Ele recorreu as suas metáforas e comparou o Brasil antes e depois do grau de investimento com dois trabalhadores. Um deles, um homem arrimo de família, comportado e sem vícios, o “investimento grade”, com o outro que recebe dinheiro, gasta tudo em jogo e está quebrado, o “antes do grau de investimento”. “Então, era assim que era o Brasil. O Brasil estava quebrado, não tinha credibilidade. Não podia sequer pagar as suas importações. Todo mundo lembra quanta faixa tinha aqui, da dívida externa. Cada vez que ia em um lugar era: ‘Fora FMI’, Acabou isso. Acabou!”, disse o ex-presidente. Agora, sete anos depois, o cenário voltou a ser de animosidade. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.