Do desabafo ao apoio: o dia conturbado de Levy na Fazenda em “7 atos”

Se, no começo do dia, as informações eram de que ele estava desacreditado no governo e reclamando de isolamento, suscitando rumores de sua saída, dia terminou com manifestações de apoio ao ministro

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O dia foi bastante movimentado para o mercado brasileiro, refletindo principalmente os rumores sobre a saída de Joaquim Levy do governo. Aliás, o dia foi de uma montanha-russa para o ministro da Fazenda.

Se, no começo do dia, as informações eram de que ele estava desacreditado no governo e reclamando de isolamento, suscitando rumores de sua saída por falta de apoio, o final do dia terminou mais positivo para o ministro, com apoio público do governo a ele. Mas ele quer apoio ainda maior do governo e que ele não fique só no discurso. 

Confira abaixo as 7 principais notícias sobre Joaquim Levy:

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1 – Levy sinaliza que pode deixar cargo
O mercado já acordou com uma notícia bem preocupante. De acordo com informações do jornal Folha de S. Paulo, o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, procurou ontem a presidente Dilma Rousseff e seu vice, Michel Temer, para reclamar de isolamento e falta de apoio no governo. Inclusive, ele pôs em dúvida sua permanência no cargo se a situação não mudar.

Levy não falou em pedir demissão, diz a reportagem, mas deixou claro que, sem o apoio do Planalto, sua permanência à frente do ministério da Fazenda corria risco. Um aliado do ministro afirmou que suas conversas com Dilma e Temer foram um “desabafo”, de alguém que sente que está perdendo as batalhas internas, uma após a outra.

2 – “Mau presságio”
A nova edição da revista The Economist que chegou às bancas neste fim de semana ainda destacou o enfraquecimento do ministro e os riscos que o Brasil enfrenta ao entregar para o Congresso a responsabilidade de resolver parte dos problemas fiscais. Para a revista, a perda de espaço e prestígio de Levy nas recentes negociações sobre o tema “é um mau presságio”.

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Com o título “Tempos desesperados, movimentos desesperados”, a reportagem sobre o Brasil é a principal da editoria “Américas” da edição desta semana. Para a revista, a presidente Dilma Rousseff, que sofre com o cenário econômico desfavorável, jogou o desafio de resolver as contas públicas ao Congresso.

A publicação nota que a decisão “enfraquece o ministro da Fazenda, Joaquim Levy, que teria feito lobby para mais cortes de gastos e era uma figura reconfortante para os mercados”. A Economist nota que Dilma não tem conseguido entregar bons resultados econômicos desde 2010 e que muitos atribuíam os problemas ao ex-ministro Guido Mantega. “Substituí-lo por Levy era supostamente para corrigir esse problema; essa perda de prestígio é um mau presságio”.

 3 – Mercado já especula sobre permanência de Levy, diz Financial Times
O jornal britânico Financial Times publicou reportagem na edição impressa desta quinta-feira, 3, sobre os problemas do ministro. Com o título “O mãos de tesouras do Brasil batalha para tapar o buraco fiscal”, a reportagem nota que o mercado já especula sobre a permanência do ministro no cargo e diz que Levy “está lutando para fazer progresso em meio a uma economia enfraquecida e uma crise política que tem diminuído a capacidade do governo para fazer qualquer coisa no Congresso”. 

“A dura realidade política é que o senhor Levy tem pouco espaço de manobra. O Estado já elevou taxas acentuadamente ao longo das duas últimas décadas e o vice-presidente Michel Temer disse que não há espaço para aumentar os impostos”, nota o jornal.

O FT diz que o ministro da Fazenda não tem culpa por grande parte dos atuais erros da economia. Mesmo assim, cita a reportagem, “isso não impediu o reforço da especulação sobre se Levy vai ficar no cargo por muito mais tempo”. “Desde que ele se juntou ao governo em janeiro, foi duramente criticado pelo PT pelo apoio à austeridade. Ele também está sendo atacado pela direita com o presidente da Federação da Indústria do Estado de São Paulo, Paulo Skaf, o chamando de ministro do desemprego”, afirma a reportagem.

A reportagem nota que parte dos economistas acusa Levy de ter jogado a toalha no esforço para tentar resolver o rombo fiscal.

4 – Levy aborta presença no G-20 para se reunir com Dilma e Barbosa
Em meio a tantas especulações sobre a sua saída, Levy cancelou sua viagem para a Conferência do G-20 na Turquia. 

Originalmente, Levy iria para a Turquia hoje e ficaria afastado do Brasil até a próxima quarta-feira (9), junto com o presidente do Banco Central, Alexandre Tombini. No entanto, a viagem teria sido deixado abortada para uma reunião de última hora com a presidente Dilma Rousseff (PT) e o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, acrescentando que este encontro serviria para pacificar as relações.

5 – Ministro cobra apoio para garantir superávit
Levy afirmou na reunião que quer ver na prática o apoio dado na quarta pela presidente Dilma Rousseff em manifestação pública de desagravo, afirma o jornal O Estado de S. Paulo.

Levy está incomodado com o que tem chamado de “sinais trocados” na condução da política fiscal e entende que a política fiscal “precisa ter uma cara só”, sem mostrar contradições.

Levy avalia que as ações da presidente têm que ser para reforçar o objetivo do governo, que é perseguir o superávit primário de 0,15% do PIB neste ano e de 0,7% do PIB em 2016. 

6 – O apoio aconteceu…
Após a reunião, diversos ministros do governo Dilma mostraram seu apoio a Levy. O ministro-chefe da Casa Civil, Aloizio Mercadante, afirmou hoje que é evidente que “Levy vai continuar”.

O ministro da Casa Civil disse ainda que governo tem “unidade e convergência” e que quem “apostar [na saída de Levy do governo] vai perder”. Mercadante afirmou que há total unidade da equipe em melhorar os gastos e o “clima é de convergência, de unidade, de arregaçar as mangas”. “A gente está junto e quem apostar contra isso vai perder”, afirmou. 

Já o ministro da Comunicação Social, Edinho Silva, também mostrou seu apoio. “Levy fica porque nunca saiu. Sempre ficou”, disse a jornalistas. Segundo ele, “erra feio” quem aposta na saída de Levy. “Ele é reconhecido pela presidente Dilma e pelo conjunto do governo. Trata-se de um ministro sério, trabalhador, comprometido não só com este governo, mas com o nosso País”, afirmou.

“Os que apostam no enfraquecimento de Levy e investem na fragilidade do Barbosa erram feio. São ministros importantes, valorizados e reconhecidos”, disse Edinho.

7 – Finalmente, Levy vai para a Turquia
Após cancelar a sua viagem mais cedo, o ministério da Fazenda informou que Levy vai para a Turquia. O ministro saiu do prédio do Ministério da Fazenda agora à noite, e embarca para Guarulhos, disse assessores de imprensa da Fazenda a jornalistas em Brasília. 

Segundo a assessoria, Levy pega voo na madrugada para Ankara, com conexão em Istambul. 

(Com Agência Estado) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.