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SÃO PAULO – O cenário para a economia é bastante negativo, e as soluções não são fáceis. Mas, para além das tão necessários reformas estruturais, o governo precisa pensar em como resolver a questão de curto prazo. E, de acordo com economistas e investidores que participaram do Exame Fórum 2015 ontem, em São Paulo, a solução de curto prazo no momento é a elevação de impostos para garantir a receita necessária para estabilizar as contas públicas.
O pesquisador Mansueto Almeida também destacou um cenário bastante complexo para o País em relação ao ajuste fiscal, ao ressaltar que, para atingir a meta de superávit primário de 2% até 2018, seria necessário um esforço fiscal equivalente a R$ 200 bilhões.
“Não há menor possibilidade de o governo cumprir essa meta sem aumentar a carga tributária. Se o ajuste fiscal neste ano é difícil, em 2016 será ainda mais difícil, porque o governo não pode mais cortar investimento”, afirmou, destacando que as despesas são muito atreladas ao PIB.
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Porém, o cenário que se aponta é de dificuldades. “Hoje, até aprovar parabéns para você no Congresso está difícil”, diz José Roberto Mendonça de Barros, ex-secretário de política econômica e sócio da MB Associados.
Mendonça de Barros destaca ainda que “estamos vivendo uma transação dupla”, tanto de mudança interna com o fim de um ciclo de um partido no poder quanto em relação à economia, destacando também ao cenário internacional. E ressalta: “em algum cenário daqui até 2018 o grupo que está no poder atualmente vai sair. Se sobreviverá após a eleição municipal de 2016, aí eu não sei”, afirmou.
Além disso, ele destaca que há uma crise clássica macroeconômica e uma que ele “nunca viu”, com a crise de diversas commodities, como petróleo e minério de ferro. No Brasil, além disso, o PIB cai em degraus.
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“O petróleo em queda é um desastre para a Petrobras. Pode dizer que reduz o gap [entre o preço importado e o externo], mas é ruim porque o business da Petrobras é o petróleo. O que está sendo mostrado é que a vida pós-balanço é muito difícil. Toda empresa comandada por um CFO (Chief Financial Officer) enfrenta dificuldades. Já para o agronegócio o cenário ainda é positivo”, afirma Mendonça de Barros.
Voltando ao cenário econômico, o economista e sócio do BTG Pactual Pérsio Arida afirmou que o Brasil precisa, para reequilibrar as suas contas, desindexar os seus gastos e reverter o cenário de crédito explosivo.
“Se boa parte do crédito é aliado à taxas subsidiadas, o Banco Central tem que aumentar a Selic. É necessário tornar o custo de capital mais barato começa e termina com subsídios. A intervenção estatal com um objetivo ingênuo fez com que todos pagassem mais juros”.
Segundo Mendonça, “não vai existir ajuste fiscal de alguma relevância” no país em 2015 e 2016. Sem aumento de tributação, o saneamento das contas públicas passaria pela mudança de “regras fundamentais” que hoje oneram o Orçamento, como o aumento da idade mínima para a aposentadoria. Entre as necessidades mais imediatas do País, ele elencou ainda a instituição de um ICMS universal e um projeto de terceirização de qualidade.
Ele ainda destaca que há dois fatores de reequilíbrio: a inflação vai cair por causa da recessão em algum momento e o BC vai diminuir os juros mais para frente e isso é positivo.
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