“Eu não vou cair, isso é moleza”, diz Dilma à Folha – e desafia adversários

Ela afirmou também que não existe base para impeachment: "não tem base para eu cair, e venha tentar"; a presidente também afirmou que o governo prepara novas medidas para ampliar ajuste fiscal

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo em meio ao auge da pior crise de seu governo, a presidente Dilma afirmou que não sairá do governo e desafiou quem defende a sua saída a provar que ela algum dia “pegou um tostão de dinheiro sujo”.

“Eu não vou cair. Eu não vou, eu não vou. Isso aí é moleza, é luta política”, disse a presidente. Ela afirmou também que não existe base para impeachment: “não tem base para eu cair, e venha tentar. Se tem uma coisa que não tenho medo é disso”, afirmou, acusando setores da oposição de serem “um tanto golpistas”.

Eu não vou terminar por quê? Para tirar um presidente da República, tem que explicar por que vai tirar. Confundiram seus desejos com a realidade, ou tem uma base real? Não acredito que tenha uma base real”. “Não me atemorizam”, acrescenta.

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A presidente também descartou hipótese de renúncia e comentou o boato de que havia tentado se matar: “eu não quis me suicidar na hora que eles estavam querendo me matar lá [na cadeia, durante a ditadura], a troco de que eu quero me suicidar agora?”

Quanto à declaração do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o cenário político, diz que o respeita muito, “mas não me sinto no volume morto não. Estou lutando incansavelmente para superar um momento bastante difícil na vida do país”.

A presidente afirma ter cometido erros no seu primeiro mandato (2011-2014), mas não coloca na lista as pedaladas fiscais. “Eu não acho que houve o que nos acusam”, afirmou a petista sobre a análise que o TCU (Tribunal de Contas da União). “É interessante notar que o que nós adotamos foi adotado muitas vezes antes de nós.

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Ela disse ainda que “vai fazer o diabo” para reduzir os impactos da recessão econômica e revelou que o governo prepara outras medidas fiscais para compensar as mudanças recentes feitas pelo Congresso: “Até o final do ano vou fazer o diabo para fazer a menor [recessão] possível. Já virei um pouco caixeiro viajante, vou continuar”. 

Ela também afirmou que nunca pensou que a economia poderia ter retração acima de 1% e espera primeiros indícios de recuperação no final do ano. A presidente ainda classificou que o aumento do judiciário e extensão do aumento do mínimo a todos os aposentados como “absolutamente infundadas” e que o governo tomará “medidas explícitas” contra.

Na semana passada, senadores aprovaram ontem projeto de lei da Câmara que dá aumentos de 53% a 78,56% aos servidores do Judiciário federal até 2017, aumentando os gastos em R$ 25 bilhões em 4 anos.

A presidente ainda afirmou que o Brasil terá de procurar juros mais baixos e que a inflação também tem de convergir para níveis “bem mais baixos”. A meta de 4,5%ao ano seria convergência para padrões internacionais. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.