Na CPI, empresário revolta ao sugerir que Congresso feche; Lula é centro das acusações

“O senhor disse à Justiça que Paulo Roberto Costa era o operador do ex-presidente Lula. O senhor confirma isso?”, perguntou deputado. “Pelo que eu entendo, sim”, respondeu Auro Gorentzvaig

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O empresário Auro Gorentzvaig, ex-acionista da Petroquímica Triunfo, depôs ontem na CPI da Petrobras (PETR3;PETR4)e deu diversas declarações polêmicas. 

Além de fazer acusações contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente da estatal José Sérgio Gabrielli e diretores como Paulo Roberto Costa, as suas opiniões políticas também reverberaram. 

Ontem, Gorentzvaig confirmou declaração feita à imprensa por ele em que pede uma intervenção militar no País e sugeriu o fechamento do Congresso Nacional. “O senhor confirma a declaração?”, perguntou o relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ). “O que eu disse é que, do jeito que as coisas estão, é caso de uma intervenção militar imediata e com pedido de eleição o mais rápido possível”, disse o empresário.

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Um parlamentar perguntou ainda se ele era favorável também ao fechamento do Congresso e o empresário respondeu: “não sei se fechar o Congresso, eu não me referi ao Congresso Nacional, mas quem sabe? Do jeito que as coisas estão acontecendo, que a gente está assistindo, talvez o caso, eu não sei”. 

A declaração provocou bate-boca na CPI, com troca de ofensas entre deputados do PT e da oposição. Com a confusão, o presidente da CPI, deputado Hugo Motta (PMDB-PB), pediu respeito ao empresário. 

“Ele falou isso por causa dos índices de popularidade da presidente Lula”, ironizou o deputado Delegado Waldir (PSDB-GO), referindo-se a possível convocação de novas eleições. “Não vamos admitir a defesa do regime militar nesta Casa”, rebateu o deputado Leo de Brito (PT-AC).

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“Estão querendo intimidar o depoente e desviar a atenção”, reclamou a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), autora do requerimento de convocação.

Além disso, Gorentzvaig respondeu a perguntas do relator a respeito das denúncias que fez contra o governo Lula no episódio em que sua família perdeu o controle da Triunfo em benefício do grupo Odebrecht. 

O empresário enviou uma denúncia à Procuradoria-Geral da República em que acusa a Petrobras de ter adquirido empresas do setor petroquímico por valores acima do valor de mercado e repassado depois o controle das empresas à Braskem (BRKM5), subsidiária da Odebrecht. 

O empresário, ex-acionista da Petroquímica Triunfo, disse, em depoimento que a empresa foi “expropriada” em benefício da subsidiária da Odebrecht, contando com participação ativa do ex-presidente Lula.

Ele disse que o objetivo “dessa ação deliberada do governo” era dar à Odebrecht o monopólio do setor. Além de Lula, ele acusou Dilma Rousseff, então presidente do Conselho Administrativo da Petrobras; Sérgio Gabrielli, ex-presidente da estatal; e Paulo Roberto Costa, ex-diretor de Abastecimento, de envolvimento no processo de integralização acionária que fez sua família perder o controle da petroquímica.

“Fomos surpreendidos por essa política de monopólio, que acabou submetendo todas as indústrias petroquímicas à Braskem, da Odebrecht”, afirmou.

Gorentzvaig contou aos parlamentares que teve uma reunião com Lula, em 2009, no Centro Cultural Banco do Brasil, em Brasília. De acordo com o depoente, o encontro, do qual também participou Paulo Roberto Costa, ocorreu por intermédio do petista Luiz Marinho, atual prefeito de São Bernardo do Campo.

A reunião, segundo o empresário, aconteceu em meio à disputa acionista entre a Petrobras e a Petroplastic (empresa da família dele) pelo controle da Triunfo – repassado depois para a Braskem por meio de uma operação de incorporação acionária.

“O senhor disse à Justiça que Paulo Roberto Costa era o operador do ex-presidente Lula. O senhor confirma isso?”, perguntou o deputado Bruno Covas (PSDB-SP). “Pelo que eu entendo, sim”, respondeu o empresário.

Reações na CPI
As declarações de Gorentzvaig provocaram reações do relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), que questionou a credibilidade das informações. Ele disse que o imbróglio da família do depoente com a Petrobras era anterior à questão da Braskem: “Sua família já tinha disputas com a estatal antes e, inclusive, brigava entre si pelo controle da empresa”.

Na avaliação do parlamentar, Gorentzvaig está se aproveitando das denúncias da Operação Lava Jato para buscar reparação judicial. “Minha visão é que o senhor quer pegar carona nesse caso atual, mas a CPI não pode ser instrumento para quem, inconformado por derrota jurídica, busca obter vantagem”, declarou.

Por outro lado, a deputada Eliziane Gama (PPS-MA), autora do requerimento de convocação, protestou contra a fala de Luiz Sérgio. “O relator está tentando desestabilizar o depoente desde o início”, comentou.

Muito acima do mercado
Gorentzvaig ainda afirmou que a Petrobras comprou a empresa Suzano Petroquímica por R$ 4,1 bilhões, sendo que a companhia, segundo ele, valia a metade.

Ao responder pergunta do deputado Altineu Côrtes (PR-RJ), um dos sub-relatores da CPI, o empresário disse que a Quattor (junção das petroquímicas Suzano e Unipar) valia R$ 2,56 bilhões, conforme avaliação feita pelo Bradesco.

De acordo com o depoente, depois da compra, a Petrobras vendeu a Quattor para a Braskem por R$ 2,5 bilhões.

“Então, a Petrobras adquiriu uma empresa por mais de R$ 4 bilhões e, meses depois, repassou à Braskem por R$ 2,5 bilhões”, perguntou o deputado. “Foi isso que aconteceu e eu tenho como provar”, confirmou o empresário.

(Com Agência Câmara) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.