Dilma e eu estamos no volume morto, diz Lula em encontro com religiosos

"Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto", sentenciou o ex-presidente

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O clima de tensão que envolve o PT e seus líderes ganham novos contornos a cada dia. Segundo informações do jornal O Globo, Lula falou a um seleto grupo de padres no seu instituto na quinta-feira, criticando duramente a gestão de sua sucessora e atribuindo ao governo dela a crise vivida pelos petistas. “Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto”, sentenciou.

Para mostrar o quão ruim está a situação do partido, o ex-presidente apresentou uma pesquisa realizada pelo PT mostrando que até mesmo no berço do partido, a região do ABC em São Paulo já se revolta contra ele. “Acabamos de fazer uma pesquisa em Santo André e São Bernardo, e a nossa rejeição chega a 75%. Entreguei a pesquisa para Dilma, em que nós só temos 7% de bom e ótimo”, disse Lula aos religiosos.

Lula disse que na falta de dinheiro o PT tem que voltar a fazer política para retomar a sua credibilidade. Além disso, ele admitiu que Dilma mentiu na campanha presidencial de 2014 quando disse que não mexeria em direitos trabalhistas “nem que a vaca tussa”. 

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“Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: ‘Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa’. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto, que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: ‘Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano’. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado.”

Lula fechou o encontro com os religiosos comparando a situação atual do partido e dizendo que a crise de 2015 é muito pior do que a do Mensalão. Para corroborar a afirmação ele citou os casos em que petistas foram hostilizados em locais públicos, como o ex-ministro da Saúde e ex-candidato ao governo de São Paulo, Alexandre Padilha, que sofreu ofensas em um restaurante.

O ex-ministro da Fazenda, Guido Mantega, que foi hostilizado em um hospital em São Paulo não foi lembrado nominalmente pelo petista.  

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O jornal O Globo ainda destacou as reações de líderes do partido e da oposição sobre o assunto. O líder do PT na Câmara, deputado Sibá Machado (AC), disse que o diagnóstico de Lula sobre o governo e o partido deve ser encarado como motivação para que os seus correligionários defendam a gestão de Dilma. Enquanto isso, o presidente do DEM, senador José Agripino (RN), entendeu as palavras de Lula como “a decretação da falência do PT”.

Possesso e tenso
Um dia depois, com as prisões do presidente da Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo e, principalmente, do presidente da Odebrecht, Marcelo Odebrecht, foi deflagrada a Operação considerada mais política da Lava Jato, devido à proximidade destes dois executivos com os políticos.

E, de acordo com informações da coluna Radar Online, da Veja, após a prisão dos maiores empreiteiros do Brasil, “possesso e tenso”, Lula estava “espumando de raiva”. Aos interlocutores, afirma a coluna, culpou o governo Dilma, qualificado de “frouxo” , segundo o ex-presidente, por “ter deixado a situação ter chegado a esse ponto”.

Conforme destacam jornais como a Folha de S. Paulo e o jornal O Estado de S. Paulo, Marcelo Odebrecht é o executivo mais próximo do ex-presidente Lula e usou esta relação para ter acesso ao partido e ao governo. Em 2014, informa o jornal O Estado de S. Paulo, Dilma recebeu o executivo ao menos duas vezes no Planalto, sob o pretexto de se reaproximar dos empresários brasileiros. A presidente teria atendido a sugestões de Lula ao marcar os encontros. 

Aliás, Lula já viajou acompanhado do diretor de Relações Institucionais da construtora, Alexandrino Alencar, preso ontem na 14ª fase da Lava-Jato. Alencar é apontado por três delatores da Lava Jato como sendo o operador do pagamento de propinas para a empreiteira no exterior.

E o nível de alerta é maior no PT, uma vez que governo e partido trabalham com a informação que circula no meio empresarial e político de que Marcelo Odebrecht “não cairia sozinho” se fosse preso na Lava Jato, algo que a empresa sempre negou.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.