Brasileiros não queriam crise, mas estavam precisando de uma, diz artigo da Time

Em artigo escrito pelo presidente da Eurasia Group, Ian Bremmer, que destaca que Dilma está com um profundo problema, o Brasil precisava de algum motivo para sair da "letargia"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em artigo para a revista Time, o presidente e fundador da consultoria de risco político Eurasia Group, Ian Bremmer, destacou o cenário de crise para a economia brasileira, mas afirmou que isso pode ser bom para o Brasil. “Os brasileiros provavelmente não queriam uma crise, mas espero que eles percebam que precisavam de uma”, afirmou Bremmer, em artigo chamado “Rousseff is in Deep Trouble in Brazil” (ou Dilma está com profundo problema no Brasil, em tradução livre). 

O motivo? Segundo o analista, o Brasil precisava de algum motivo para escapar de sua letargia e, agora, tem um (e bem forte). “Enquanto as investigações da Petrobras ameaçam colocar o governo em um impasse, elas também forneçam uma oportunidade para limpar a casa”, destacando ainda que Dilma vai salvar o que ela pode, com planos para restaurar a confiança dos investidores, aumentando a receita e gastando menos. E isso é importante em um País onde o déficit público no ano passado foi de quase 7% do PIB.

O governo também deve fornecer aos estrangeiros condições favoráveis ??para atrair investimento substancial em depósitos de recursos offshore e em infraestrutura básica. As investigações da Petrobras pode tornar mais difícil que Dilma Rousseff conclua os projetos, mas, paradoxalmente, a campanha contra a corrupção vai tornar isso mais fácil para o seu sucessor”, afirmou Bremmer.

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Voltando ao período Lula, Bremmer pergunta: “lembram quando o Brasil era uma história de sucesso no mundo emergente?”, ressaltando que o ex-presidente provou que era possível ser chamado de esquerda e executar uma política econômica pró-mercado que produziu bons resultados. “O País do futuro finalmente chegou lá. Lula aprovou sua sucessora, a ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, que foi facilmente eleita em 2010”. 

Então, as reformas foram paralisadas, e as coisas começaram a deslizar. A crise financeira teve um custo, embora os fortes laços comerciais com a China tivessem amortecido o golpe. “A classe média que emergiu com Lula exigiu melhores serviços, mas o governo foi lento para entregar. Dois anos atrás, uma repressão policial desajeitada com manifestantes furiosos com o aumento de preços do transporte público em São Paulo desencadeou enormes protestos em todo o país”.

“Agora a presidente Dilma Rousseff enfrenta fortes ventos contrários políticos. O crescimento é lento, o desemprego é alto, a inflação é mais alta, os salários estão mais baixos e as pessoas estão com raiva. Um escândalo envolvendo a Petrobras domina manchetes diárias. Até o ex-presidente Lula, ainda popular, está sendo investigado de forma preliminar por tráfico de influência, enquanto Dilma Rousseff vê sua aprovação despencar e os manifestantes se reúnem para exigir seu impeachment”. Contudo, em meio às crises, ressalta o presidente da Eurasia, mudanças para melhor podem estar por vir. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.