Dilma não atingiu um dígito de popularidade, mas por pouco: o que as pesquisas disseram?

No final de fevereiro, rumores indicavam que a presidente atingiria um dígito; cenário foi ruim para a presidente, mas um pouco melhor do que o esperado

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Para quem estava “órfão” de pesquisas com o fim das eleições, o mês de março foi repleto de levantamentos que trouxeram sinalizações sobre a atual situação do governo Dilma. 

O primeiro a ser realizado em março foi o do Datafolha, entre os dias 16 e 17 de março, sendo seguidos pelo CNT/MDA e divulgada na semana passada. Fechando o mês de março e sendo divulgado no dia 1 de abril, esteve a CNI/Ibope, com o levantamento sendo feito entre 21 e 25 de março.

E as três pesquisas mostraram um cenário desolador para a presidente Dilma. Apesar dela não ter atingido um patamar de um dígito na aprovação, como apontavam os trackings do Palácio do Planalto, a presidente também não teve motivos para comemorar. A maior aprovação de Dilma dentre as três pesquisas foi de 13%, enquanto a mais baixa foi de 10,8%, o que mostra os menores índices da série histórica dos levantamentos.

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Contudo, os analistas destacam que pode haver um ponto positivo para a presidente, uma vez que as pesquisas foram realizadas logo depois das manifestações do dia 15 de março. Assim, os levantamentos podem estar inflacionados contra a presidente. Porém, a presidente não deve se animar muito: pelo andar da carruagem econômica e com os efeitos do ajuste, Dilma pode melhorar nas próximas pesquisas, mas não muito mais. Confira as pesquisas divulgadas:

Datafolha
A pesquisa Datafolha, realizada entre os dias 16 e 17 de março com 2.842 eleitores, não trouxe boas notícias para a presidente Dilma Rousseff. Muito pelo contrário. O percentual dos entrevistados que avaliam negativamente o governo Dilma é de 62% dos brasileiros, uma expressiva alta de 18 pontos percentuais desde o levantamento de fevereiro.

Enquanto isso, a taxa de aprovação do governo é de apenas 13%, uma queda de 10 pontos percentuais. Este percentual se compara aos piores momentos dos presidentes anteriores, conforme destaca a LCA Consultores: Itamar Franco (12% na CPI do Orçamento em novembro de 1993) e Fernando Henrique Cardoso (13% em setembro de 1999). Dilma só supera Collor na fase anterior ao processo de impeachment (9%).

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A consultoria destaca que Dilma piorou em todos os segmentos sociais analisados pelo Datafolha, sendo as taxas mais altas de rejeição nas regiões Centro-oeste (75%) e Sudeste (66%) e nos municípios com mais de 200 mil habitantes (66%), entre os eleitores com escolaridade média (66%) e no grupo dos que têm renda mensal familiar de 2 a 5 salários mínimos (66%).

No Nordeste, onde a presidente obteve expressiva votação por sua reeleição, em outubro de 2014, só 16% aprovam seu governo atualmente, enquanto os que acham ruim/péssimo correpondem a 55% dos entrevistados.

Além disso, a atual nota média de Dilma é 3,7, a pior desde a sua chegada ao poder, em 2011.

A insatisfação também aumentou em redutos petistas tradicionais. Conforme destaca o diretor-geral do Datafolha Mauro Paulino e o diretor de pesquisas Alessandro Janoni, com exceção dos simpatizantes do PT e de seus próprios eleitores, todos os demais segmentos socioeconômicos, políticos ou demográficos reprovaram majoritariamente o desempenho de Dilma.

Mesmo nos estratos que foram mais beneficiados pelas políticos sociais do governo. Assim, pela primeira vez, a maioria dos que têm menor renda e menor escolaridade classifica sua gestão como ruim ou péssima. 

Uma outra má notícia é que o pessimismo econômico vem aumentando de forma expressiva. O pessimismo dos brasileiros com o futuro próximo da economia do Brasil aumentou ainda mais e atingiu 60%, nível mais alto desde dezembro de 1997, quando a pergunta começou a ser feita pelo Datafolha. Este número superou o recorde de 55% registrado em fevereiro. 

Cerca de 69% dos entrevistados acreditam que o desemprego tende a aumentar, embora 61% achem que não correm risco de ser demitidos. Já 77% acham que a inflação aumentará, contra 81% em fevereiro, dentro do limite da margem de erro. 

E, para a LCA, as perspectivas destes números ainda são de piora. O motivo? A situação econômica, que tende a se contrair, acompanhada pela elevação do desemprego.  

CNT/MDA 
A avaliação positiva do governo da presidente Dilma Rousseff caiu para 10,8%, de acordo com a pesquisa CNT/MDA divulgada no dia 23 de março. A pesquisa foi realizada de 16 a 19 de março de 2015 com 2.002 pessoas. A margem de erro é de 2,2 pontos percentuais. 

O percentual dos que têm uma avaliação negativa do governo é de 64,8%. No levantamento anterior, divulgado no final de setembro, 41% consideravam o governo ótimo ou bom e 23,5% o avaliavam como ruim ou péssimo.

O número dos que consideram o governo regular passou de 35% para 23,6%. Nesta sondagem, apenas 18,9% aprovam o desempenho pessoal de Dilma, ante 55,6% da pesquisa anterior. Cerca de 77,7% a desaprovam, uma forte alta ante os 40,1% em setembro. 

A 127ª Pesquisa CNT/MDA demonstra forte pessimismo do brasileiro em relação aos governos, principalmente ao governo federal. Os resultados mostram queda expressiva da popularidade da presidente Dilma Rousseff e da avaliação do governo, em consequência, principalmente, da piora da situação econômica, do aumento da inflação e do custo de vida, do risco de desemprego, da piora nos serviços públicos e da corrupção, que passa a ser relacionada fortemente ao governo e à presidente da República”, destaca a pesquisa. 

A MDA ressalta que a avaliação positiva do governo federal, de 10,8%, apresenta o pior percentual desde a medição de outubro de 1999, de 8%. Já a aprovação do desempenho pessoal de Dilma Rousseff, de 18,9%, é o pior índice registrado pela série histórica das pesquisas realizadas pela CNT neste quesito.

“O cenário político é preocupante pelo alto percentual a favor do impeachment (59,7%), pelos 66,9% que não acreditam na eficácia das medidas do governo contra a crise e ainda pela descrença na política e nos políticos, com 90,1% dos que acompanham as denúncias da Petrobras acreditando que os nomes citados na lista enviada ao STF estão mesmo envolvidos em corrupção”, afirma Clésio Andrade, presidente da CNT.

Cerca de 83,2% apoiam a realização de manifestações como forma de protesto e 96,1% dos entrevistados não participaram de alguma manifestação no último dia 15 contra o governo da presidente Dilma Rousseff. 

IBOPE
Por mais uma vez, a terceira pesquisa divulgada após as manifestações contra o governo em 15 de março mostrou que a vida da presidente Dilma Rousseff não anda nada fácil.

O último CNI/Ibope, divulgado na manhã desta quarta-feira, mostrou que a avaliação de Dilma caiu de 40% em dezembro para 12% em março, sendo o pior desempenho de um presidente na série histórica do levantamento, que começou a partir do primeiro mandato de FHC.

Os que acham o governo regular passou de 32% para 23%, enquanto os que veem o governo como ruim ou péssimo saltou de 27% para 64%.

Hoje, apenas 19% aprovam o modo de governar da presidente Dilma, ante 52% na última pesquisa. Em dezembro, a desaprovação à forma da presidente governar era de 41% e saltou para 78%.  A confiança na presidente também apresentou queda de 51% para 24% no mesmo período.

Outra má notícia é que opercentual dos que confiam na Dilma caiu drasticamente, 27 pontos, passando de 51% para 24%. Segundo o levantamento, 74% não confiam na presidente. 

E, conforme destacou o gerente-executivo da Unidade de Pesquisa e Competitividade da CNI, Renato da Fonseca, em entrevista coletiva, a aprovação do governo caiu em todos os estratos sociais, independente do nível de escolaridade. 

Além disso, o percentual de aprovação entre os que votaram na presidente Dilma em 2014 caiu de 80% em dezembro para 42% em março. E apenas 14% da população acreditam que o segundo governo da presidente Dilma será ótimo ou bom.

Aliás, as questões econômicas (impostos e taxa de juros) passaram a ser as áreas mais criticadas do governo. Os principais problemas no governo Dilma são impostos (90%) e juros (89%), destaca a pesquisa.

E as notícias sobre a operação Lava Jato/ investigação na Petrobras foram as mais lembradas pela população, sendo citadas por 28% dos entrevistados.

Porém, Fonseca destacou que os números das próximas pesquisas podem ser mais positivos, uma vez que os números atuais podem estar inflacionados, já que a pesquisa foi feita logo após as manifestações anti-governo. A pesquisa foi realizada entre os dias 21 e 25 deste mês, logo após as manifestações do dia 15. A próxima pesquisa de avaliação do governo sairá no final de junho.

“Não me surpreenderá se a pesquisa de junho levar a uma recuperação mas a expectativa é de que, dada a situação econômica, a avaliação continue pior que dezembro”, afirma o gerente-executivo. 

O último CNI/Ibope, divulgado na manhã desta quarta-feira, mostrou que a avaliação de Dilma caiu de 40% em dezembro para 12% em março, sendo o pior desempenho de um presidente na série histórica do levantamento, que começou a partir do primeiro mandato de FHC.

Os que acham o governo regular passou de 32% para 23%, enquanto os que veem o governo como ruim ou péssimo saltou de 27% para 64%.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.