FT: Brasil pegou uma situação ruim e tornou ainda pior – e cenário é de piora à frente

Além da reversão do otimismo em relação à economia global e sem tanto dinheiro farto, o Brasil conseguiu piorar a situação, afirma o jornal britânico

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os operadores procuram por taxas de juros atrativas para fazer “carry trade” – que consiste em tomar dinheiro a uma taxa de juros em um país e aplicá-lo em outra moeda, onde as taxas de juros são maiores -, ressalta o Financial Times. E uma das taxas mais suculentas estão no Brasil, com a Selic (tida como referência) em 12,25%. Contudo, ganhar mais de 12% ao ano em títulos de moeda local é impossível se o real cai, como a teoria financeira sugere que deveria.

A teoria faria com que os traders ganhassem dinheiro, mas não foi o que aconteceu neste ano. Nos últimos dez dias, o real perdeu um décimo de seu valor frente ao dólar, ressalta o jornal, o que indica muito sobre o País. 

A publicação britânica ressalta que, junto com outros mercados emergentes, o Brasil enfrenta a reversão total do dinheiro que atraiu, junto com outros países emergentes. O crescimento global forte enfraqueceu, enquanto o boom dos preços de commodities arrefeceu. O dólar super-fraco se recuperou fortemente, enquanto a busca por risco devido à flexibilização monetária terminou, com poucos sinais de que os QEs (Quantitative Easing) japonês e europeu tenham o mesmo efeito.

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“O Brasil pegou uma situação ruim e a tornou pior”, afirmou. A descoberta de uma recessão e uma quantidade desconhecida de fraudes dentro da Petrobras em meio a grandes escândalos envolvendo a empresa piorou o ambiente já ruim para o País. 

E, pelo visto, o Brasil pode ter ainda mais tempos difíceis pela frente. A limpeza da Petrobras e seu pesado encargo da dívida ainda não começou e a economia não está nada bem, diz o jornal. 

Os ativos não estão particularmente baratos, afirma, mesmo que o otimismo de setembro do ano passado tenha desaparecido. “Ainda assim, apenas oito vezes nas últimas duas décadas a moeda caiu tanto, tão rápido, incluindo a desvalorização de 1999. Se o Brasil conseguir reunir algumas notícias positivas, a recuperação do real poderia ser muito rápida, mesmo que apenas temporária”.

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E, em vídeo, o FT também destaca este cenário de alta de juros e desvalorização do dólar. A estaglação e o “terremoto” decorrente do escândalo da Petrobras tornaram a alta de juros quase como inefetiva, ressalta. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.