Levy causa dor de cabeça no PT e Dilma busca anunciar “pacote de bondades”

Observações são de que, com os ajustes feitos pelo ministro da Fazenda, recessão virá em 2015 e presidente Dilma quer acalmar PT com novo pacote

Lara Rizério

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SÃO PAULO – As medidas do ministro da Fazenda Joaquim Levy estão agradando o mercado mas, por outro lado, estão levando a fortes dores de cabeça no PT, principalmente em alguns segmentos do partido que estão de olho nas eleições municipais de 2016.

A corrente majoritária do partido CNB (Construindo um Novo Brasil) tentaram na reunião da segunda-feira passada buscar um discurso em que o ajuste fiscal não prejudicaria os trabalhadores. Por outro lado, o clima é de críticas dentro do partido com a nova política econômica de austeridade.

E as observações são de que, com os ajustes feitos pelo ministro, que podem levar à recessão em 2015, o cenário eleitoral fique ainda mais difícil em 2016 do que o se desenhou em 2014, quando a presidente Dilma Rousseff venceu as eleições por uma pequena margem de erro.

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E a política econômica será um dos temas centrais da reunião do Diretório Nacional petista, em Belo Horizonte, no dia 6 de fevereiro, quando também será comemorado os 35 anos do PT.

E as críticas já se tornaram públicas na última semana. Além da senadora Marta Suplicy, o ex-ministro José Dirceu (e um dos condenados pelo mensalão) criticou o governo, mas por motivos diferentes. A política econômica do segundo mandato foi o foco, ao fazer duras críticas à política de Levy e concluir que o Brasil caminha para uma recessão.

Ao mesmo tempo, ficou-se sabendo que o ex-ministro, mesmo condenado no processo de mensalão e cumprindo pena de prisão domiciliar, tem articulado a formação de um novo grupo dentro do PT, para influir na condução da legenda e do próprio governo. Segundo a repórter Vera Rosa, do “Estadão”, Dirceu já teria conversado com mais de 30 parlamentares sobre o assunto, de diversas tendências do petismo.

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No mesmo dia da manifestação pública de contrariedade de Dirceu, o site da Fundação Perseu Abramo, o centro de estudos do PT, publicou um artigo também com críticas à política para a economia de Levy e equipe.. A Fundação é dirigida pelo economista e professor da Unicamp, Marcio Porchaman, que dirigiu o IPEA em um período dos governos Lula e Dilma e participou de grupos de trabalho da campanha da reeleição da presidente.

Na quinta-feira,  o vice-presidente da legenda, Alberto Cantalice, chamou de “erro” em postagem no twitter o veto de Dilma à correção da tabela do IR.

Agenda positiva
Em meio a esse cenário, o jornal O Estado de S. Paulo destaca que a presidente Dilma Rousseff quer anunciar medidas para melhorar o ambiente econômico. Seria uma espécie de “pacote do bem”, que ajudaria a criar um ambiente favorável de negócios e convenceria empresários a manter investimentos para evitar a estagnação da economia que se desenha para este ano.

Na reunião de coordenação política do governo, realizada na sexta-feira, 23, no Palácio da Alvorada, a presidente Dilma discutiu pontos do pacote com os ministros. Os estudos, no entanto, não preveem nenhum tipo de desoneração ou benefício a setores específicos que pudessem criar impacto nas contas públicas, sob rígido controle do ministro da Fazenda. Como estava em Davos, na Suíça, Levy não participou da reunião.

O objetivo é adotar medidas para injetar ânimo na economia, facilitar o funcionamento de alguns setores que estariam travados e desburocratizar algumas regras. Dilma deu, por exemplo, sinal verde ao Plano Nacional de Exportações em preparação pelo ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Armando Monteiro Neto, para estimular as exportações.

Em reunião anterior, a presidente orientou o ministro a usar todos os instrumentos do governo para fortalecer as vendas ao exterior. As medidas não prejudicam o ajuste, já que passam por incentivo ao fechamento de acordos comerciais, desburocratização na cobrança de tributos e aceleração dos trâmites do comércio exterior.

As medidas fariam diferença no dia a dia das empresas, mas não teriam impacto nas contas do Tesouro. Além dos estímulos às exportações, o ministro pediu medidas de simplificação tributária, ainda que não representem redução da carga de impostos, além da retomada do programa de concessões em infraestrutura.

As medidas seriam uma agenda positiva para fazer contraponto às medidas de ajuste fiscal e monetário anunciadas pela equipe econômica, bem absorvidas pelo mercado, mas que deixaram Dilma sob forte fogo cruzado dos aliados políticos. Essa agenda, na verdade, teria duas funções: dar ao setor produtivo um sinal de que haverá medidas para aumentar a competitividade e a retomada dos investimentos.

Isso acalmaria o público interno, sobretudo o PT, que tem classificado as medidas de Levy como a antítese do projeto do partido, destaca o jornal.

(Com Agência Estado)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.