Futuro do Brasil está na “corda bamba”, diz FT – e pode contaminar emergentes

O início do segundo mandato da presidente acontece em um momento de dificuldades; a esperança é de ajustes que foram criticados por Dilma durante a campanha eleitoral

Lara Rizério

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SÃO PAULO – O ano de 2015 mal começou, mas ele já está bem parecido com o ano passado, com os analistas brasileiros e economistas revisando para baixo as suas projeções para o crescimento econômico em 2015. 

É o que aponta o último relatório Focus, mostrando uma expansão de 0,4% do PIB (Produto Interno Bruto) em 2015 ante 0,5% esperados na semana passada. A expectativa de cerca de um mês antes era de um PIB de 0,7% neste ano.

“É uma forma de mau agouro que marca um ano que não só será extremamente importante para o Brasil, mas que será significativo também para o resto dos emergentes”, afirmam os analistas do Morgan Stanley, conforme análise destacada pelo blog do Financial Times, Beyond Brics

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“Como o Brasil encara mais quatro anos com o segundo mandato de Dilma Rousseff, não é exagero dizer que o seu futuro está na corda-bamba”, afirma o FT, dizendo que a presidente ganhou as eleições “demonizando os neo-liberais” e as políticas pró-mercado que seriam realizadas pelo seu principal adversário, Aécio Neves (PSDB). 

“Mas, confrontada com uma necessidade urgente e cada vez mais desesperada para gerar crescimento econômico, ela nomeou uma equipe econômica favorável ao mercado que poderia ter sido escolhida pelo próprio Aécio”, afirma o FT.

Porém, isso já aconteceu antes. Em 2003, Luiz Inácio Lula da Silva, antecessor e mentor de Dilma, “abraçou as políticas ortodoxas do governo anterior do PSDB. E seus dois mandatos tiveram vários anos de crescimento saudável”, afirmou a publicação britânica. Porém, ressalta o FT, Lula tinha ao seu favor um contexto favorável para a economia global, com um super ciclo de commodities e excesso de dinheiro barato, o que fez com que ele não tivesse tanta necessidade em prosseguir na sua agenda de reformas.

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Agora, o cenário é diferente, e os investidores estão colocando suas esperanças na ideia de que Dilma vai adotar e aplicar as políticas que o PSDB –  em um contexto global muito mais desafiador. “Se essa idéia soa muito forçada, é, no entanto, reforçada pela crença de que não há alternativa”, ressalta o FT.

O artigo cita ainda a análise do Morgan Stanley, feita por Manoj Pradhan e Patryk Drozdik, de que o problema não é a falta de um ajuste doméstico na economia brasileira, mas que ele não acontece justamente em um momento de graves riscos externos.

O caso negativo é o da contaminação externa (também por fatores externos). Dentre eles: um fortalecimento do dólar, o crescimento mais lento do que o esperado na China e queda do preço das commodities. 

Conforme ressaltam os analistas do Morgan, o Brasil é uma das duas únicas economias emergentes (a outra é a China, onde as autoridades têm a capacidade de estabilizar o crescimento) na qual o “ajuste induzido por políticas pode se tornar perturbador”. Isso o coloca numa posição privilegiada para “exportar” contágio aos outros emergentes. 

“Os investidores parecem ter esquecido as lições da austeridade fiscal da Europa, onde foram aplaudido os planos de austeridade, uma vez que a austeridade feriu tanto o crescimento quanto os mercados”. O FT destaca ainda o aumento da dívida interna, tida como o “calcanhar de Aquiles” dos mercados emergentes. 

“Um choque de juros pode ser propagado para outras classes de ativos e até mesmo outras economias muito rapidamente”, afirmou o Morgan.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.