Mantega sai, Levy entra: as medidas que já estão no gatilho do novo ministro, segundo FT

Equilíbrio do orçamento, caso Petrobras, reformas microeconômicas: os desafios não são poucos para o novo ministro da Fazenda

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Os brasileiros podem não estar em um estado de espírito muito bom neste Natal por causa da economia estagnada do Brasil. E o cenário que se aponta, após anos de “generosidade fiscal”, podem ser mais difíceis, conforme ressalta o jornal Financial Times.

Com o grau de investimento do Brasil em um risco potencial, ressalta o jornal, o novo ministro da Fazenda Joaquim Levy deve preparar diversas medidas para reequilibrar o sangramento das contas públicas na maior economia da América Latina. Entre as medidas, o corte de gastos é previsto, assim como o aumento de impostos.

A reportagem do jornal britânico ouviu diversos economistas e destacou que a contratação de Levy marca uma reviravolta da presidente Dilma Rousseff, que se prepara para iniciar seu segundo mandato em 1º de janeiro.

“Depois de herdar uma economia que era uma das mais fortes do Brics, grandes nações emergentes que inclui também Rússia, Índia, China e África do Sul, ela sucumbiu na crise da zona do euro em 2011 e com o fim do superciclo da economia chinesa”, afirma.

Agora, Levy terá que sanear as contas públicas através de um aumento dos impostos sobre a gasolina e das transações financeiras, além de anular isenções fiscais sobre as compras de novos automóveis, linha branca e eletrodomésticos, além de materiais de construção. Ele também pode cortar as despesas de investimento e, possivelmente, alguns benefícios de aposentadoria e de desemprego, e, possivelmente, aumentar novos impostos, afirmou.

Enquanto o mercado vê como positivas as indicações do novo ministro, o “choque de credibilidade” de Levy pode afetar a população brasileira por algum tempo. Confira as medidas iniciais que o novo ministro da Fazenda deve tomar, segundo o FT:

1) Equilibrar o orçamento – é esperado que ele faça isso através de aumento de impostos, de preços da gasolina, anule as isenções fiscais. Além disso, ele também pode cortar as despesas de investimento e, possivelmente, alguns benefícios sobre a aposentadoria e seguro-desemprego. Possivelmente, deve aumentar alguns outros impostos.

2) Taxa de câmbio – enfraquecer o real para tornar o Brasil mais competitivo para as exportações e fechar um déficit crescente na conta corrente.

3) Energia – a escassez de energia é um problema, ainda mais se a seca prolongada causar estragos no ano que vem no caso das hidrelétricas do Brasil continuarem a cair. O Brasil precisa rever a política energética, ressalta o FT.

4) Reformas microeconômicas – os ambientes empresarial e tributário do Brasil continuam a ser um dos mais “bizantinos” no mundo, afirma o jornal.

5) Petrobras – o atual ministro da Fazenda, Guido Mantega, é presidente do Conselho de Administração da empresa estatal de petróleo que está no centro de um escândalo político. “Com a sua experiência no setor privado, Levy seria a pessoa ideal para limpá-lo”, afirma o jornal.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.