Armínio chama política atual de “esdrúxula” e Mantega lembra inflação descontrolada

"A inflação requer um compromisso permanente para não sair do controle como ela saiu", diz Armínio; ele pegou uma inflação em 9% e entregou em 12% em 2002, atacou Mantega

Paula Barra

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SÃO PAULO – Armínio Fraga, cotado para assumir o ministério da Fazenda em um eventual governo Aécio Neves (PSDB), chamou a política atual do Brasil de esdrúxula, em meio a um quadro de inflação alta e crescimento econômico baixo, durante debate que ocorre na noite desta quinta-feira (9) com Guido Mantega, atualmente no ministério, em programa de Miriam Leitão na Globo News. 

“A inflação requer um compromisso permanente para não sair do controle como ela saiu. O que acontece no Brasil é uma situação esdrúxula, em meio a uma política desordenada”, atacou. “O importante agora é recuperar a confiança”.

Por sua vez, quando questionado sobre o problema da inflação, Mantega disse que a inflação está atualmente em 6,75% no acumulado dos últimos 12 meses, mas não vai terminar desta maneira. “Deve terminar em 6,4% em 2014. Temos hoje uma pressão por conta da seca e energia elétrica, uma vez que as tarifas têm que ser elevadas e isso cria uma pressão adicional, mas os alimentos estão crescendo menos”, disse. “A inflação está está sob controle. Faz 11 anos que cumprimos a meta da inflação”.

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Mantega lembrou ainda que durante sete anos as commodities subiram, o que trouxeram pressões inflacionárias, mas apontou que o governo fez uma política monetária rigorosa este ano. “Não brincamos com a inflação. Quando Armínio era presidente do Banco Central, ele pegou uma inflação em 9% e entregou em 12% em 2002”, criticou.

Em resposta, Armínio disse que a situação naquela época era diferente e que houve um “medo” da entrada de Lula no governo, que puxou o dólar para uma disparada frente ao real, e consequentemente trouxe uma enorme pressão inflacionária.

O ano de 2002 foi um ano de crise, que foi a crise cambial. Uma das âncoras era a taxa cambial, comentou. “A taxa de câmbio estava em R$ 2 e passou para R$ 4, ocorrendo uma enorme pressão inflacionária. O problema era do governo Lula que se aproximava”.

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Crise internacional

Questionado sobre a crise internacional, o ministro da Fazenda explicou que só os Estados Unidos estão ensaiando uma retomada, que ainda não é certa, o que acaba por afetar os rumos da economia doméstica. Ele admitiu que esta é a maior crise mundial.

“A crise mundial comprometeu o crescimento de todos. Os europeus estão em franca desaceleração. A China e a Índia também estão perdendo força. O mundo está passando por uma crise complicada. Fica difícil crescer muito quando não há comércio e mercado internacional”, explicou Mantega, completando que o Brasil felizmente tem a China como seu principal parceiro comercial.

Além disso, o ministro que não permanecerá no cargo ainda que Dilma Rousseff, do PT, seja reeleita, afirmou que, na média, o país está crescendo mais.

“De 2008 a 2013, somos uma das economias que mais cresceu. Entre os países do G20 somos o sexto país que mais cresceu desde 2008”, explicou, citando a China, a Índia, a Indonésia, a Arábia Saudita e Turquia como os países que tiveram um desempenho melhor do que o Brasil neste período.

Por outro lado, Armínio foi bastante critico sobre a situação da economia atualmente e disse que isso não reflete uma crise internacional já que a mesma não existe.  

“A economia mundial está se recuperando. Estamos investindo muito pouco. A infraestrutura do país está penando. O quadro de crise é mais interno do que externo e vem piorando cada vez mais”, explicou o ex-presidente do Banco Central.

Além disso, Armínio disse que é preciso reconhecer que o modelo atual fracassou. “É preciso ter bom senso agora e perceber que hoje em dia não está funcionando. Precisamos corrigir esse quadro, porque o Brasil não é um caso perdido”.

Mantega: Economia continua saudável

Evitando contestar as acusações de que o Brasil está em situação pior que os seus principais pares, Mantega foi contundente ao dizer que a economia do país é saudável.

“Apesar de crescer um pouco menos, mantemos o mercado de consumo. Nossa economia ainda cresce e gera emprego. Ter passado pela crise gerando emprego é uma prova do sucesso de nossas política econômica”.

Em seu discurso, o ministro da Fazenda citou o Bolsa Família e o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) como trunfos da gestão petista. “O mercado está ativo, estabelecemos a inclusão social”.

Armínio: “Estamos com modelo econômico que não entrega crescimento”

No início do segundo bloco, Mantega e Armínio foram questionados sobre as principais diferenças dos programas econômicos das candidaturas de Dilma e Aécio.

Aliado do tucano, Armínio foi contundente ao afirmar que o Brasil está com um modelo econômico que não entrega crescimento, o que causa ainda mais dificuldades. “Este governo tem muitas dificuldades em mobilizar capital. Cinco anos sem fazer novas concessões de petróleo, no setor de rodovias e ferrovias. Nossa proposta é fazer o país crescer com responsabilidade e transparência”, explicou.

 De acordo com Armínio, o país está inseguro, registrando índices de confiança baixos. Por isso, ele destaca que é preciso “arrumar a casa de maneira virtuosa, mobilizar capital, fazer reformas, entre elas tributária, e atrair investimentos”.

Mantega, por sua vez, contestou dizendo que apenas fundamentos não são suficientes e que o país precisa de um regime anticíclico. Ele aproveitou para dizer que o plano elaborado por Armínio poderia impulsionar as taxas de juros.

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