Oi (OIBR3) diz não haver fato relevante que justifique disparada de 65% da ação em dois pregões

Enquanto OIBR3 disparou mais de 60%, OIBR4 teve ganhos de 37,7% no mesmo período, apesar de ceticismo de analistas com ações

Lara Rizério

Oi telecomunicações

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Em comunicado após questionamentos da B3 e da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), a Oi (OIBR3;OIBR4) sinalizou desconhecer os motivos por trás da disparada expressiva das ações nos últimos pregões, com destaque para a ação ON, mais líquida.

Na véspera, as ações ON saltaram 22,83% e, nesta quarta-feira (25), os ativos dispararam 34,62%, acumulando ganhos de 65,35% em apenas dois dias, indo de R$ 1,27 para R$ 2,10; na sexta-feira (20), a alta já tinha sido de 16,36%.

Já os papéis PN tiveram alta menos expressiva, mas ainda assim importante, de 14,80% na última terça e de 19,95% nesta quarta, indo de R$ 3,58 para R$ 4,93 em dois pregões, ou um avanço de 37,71%. Na sexta, a alta tinha sido de 7,65%.

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“A esse respeito, a Oi esclarece que não há fatos ou atos relevantes que em seu entendimento possam justificar possíveis oscilações atípicas no número de negócios e na quantidade negociada de ações da companhia, além daqueles amplamente já divulgados ao mercado”, destacou a empresa.

A empresa ainda “reafirma seu compromisso de manter seus acionistas e o mercado informados a respeito dos aspectos relevantes e significativos de seus negócios, bem como reitera que os investidores e o mercado em geral devem pautar-se tão somente pelas divulgações oficiais realizadas pela companhia”, conforme concluiu em seu comunicado.

Ao InfoMoney, um operador que acompanha o papel apontou não haver notícias da empresa que justifiquem a oscilação, assim como nada mudou em relação aos fundamentos e perspectivas. Contudo, observou que, olhando para o book de negociação da companhia, há investidores institucionais comprando os ativos.

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Ceticismo do mercado

O fim da recuperação judicial da Oi foi anunciado em meados de dezembro. Porém, as perspectivas para a companhia pelos analistas de mercado a partir daí ainda não têm sido positivas.

Na última segunda-feira (23), o UBS BB reduziu o preço-alvo dos papéis ordinários da Oi, alegando que a empresa ainda tem muitos pontos a resolver, ainda que tenha saído da recuperação judicial. O corte foi de R$ 6 para R$ 1,35, redução de 78%. A casa reiterou recomendação neutra para o papel.

O relatório do UBS BB, assinado por Leonardo Olmos e sua equipe, dá destaque à dívida bruta de R$ 22 bilhões da Oi, o que representa uma alavancagem de mais de 10 vezes da dívida líquida/Ebitda da companhia. Também observa que a empresa não conseguiu entrar em qualquer acordo definitivo com seus credores.

Na avaliação dos analistas da casa, a renegociação dos débitos vai ser fundamental para a Oi no curto prazo. Mas convencer os credores não vai ser uma tarefa fácil, já que as negociações começaram com a empresa pedindo um desconto de 50% e uma injeção de capital de R$ 1 bilhão.

No último dia cinco de janeiro, a equipe de research do Santander Brasil rebaixou a recomendação das ações ordinárias da Oi de “manutenção” para “abaixo de mercado” (equivalente à venda). Também atualizaram o preço-alvo do papel, de R$ 0,90 para R$ 0,15, antes do grupamento dos ativos de 10 para 1, que passou a vigorar no dia 9 de janeiro. Fazendo a equivalência, o preço-alvo seria de R$ 1,50.

A justificativa principal para a redução foi a queima de caixa maior do que a esperada nos nove primeiros meses de 2022, além da redução do consenso para os resultados operacionais no curto prazo.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.