Brasil, Amazônia e a desinformação destrutiva

Pior do que falsear a informação é a indiferença da desinformação

Equipe InfoMoney

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Alfredo MR Lopes (*)

A nova onda é amaldiçoar o fenômeno das fake news como invenção recente – e deletéria – das redes sociais. A prática de manipular a realidade com informações distorcidas é um instrumento de enganação e manipulação das consciências tão antigo como a comunicação entre os homens primitivos. Nas cavernas, e com cérebro rudimentar, as comunidades primitivas usavam gestos, posturas, e grunhidos para interagir, sem saber, que as sombras projetadas nas paredes cotidianas eram o prenúncio da falsificação da realidade. Platão, Século IV aC., no Mito da Caverna, descreve este equívoco, ainda presente em nossos dias, onde as aparências enganam e estão sempre a serviço de algum interesse. O nome disso é ideologia: a falsificação premeditada da realidade, seja na leitura religiosa e pastoral, seja na ordem econômica, como também na conduta política parlamentar.
Pior do que falsear a informação é a indiferença da desinformação. Pensando em termos de Brasil, um país desarticulado, com diferenças regionais absurdas, a quem interessa olhar, para além das aparências distorcidas,  este pedaço de Brasil, que representa 63% do país, a Amazônia? Ora, quem conhece a Amazônia já está há séculos fazendo uso inteligente de sua riqueza com seus ativos bioquímicos e minerais.  Sao os países centrais, que sabem conjugar pesquisa com mercado. 20%  dos medicamentos de sua indústria farmacêutica sai do banco genético da Amazônia. Ele está no Museu Botânico de Kew Gardens e outros centros espalhados pelos mundo desenvolvido, como Holanda e Noruega. 
Temos ainda na floresta 20% da biodiversidade do planeta, mas o Brasil proíbe tocar na Amazônia. Os cientistas Carlos Cleomir e Juan Revilla chegaram perto do enigma fatídico que atormentou o naturalista inglês que a Ciência escondeu: Alfred Wallace Russel: como perenizar a vida. Inspirados em Russel, eles corrigiram as distorções celulares que levam ao câncer e desenvolveram pesquisas antitumorais para assegurar a revitalização celular. Há décadas são isolados pelas farmacêuticas. Imaginem se as cápsulas de gengibre amargo e unha de gato substituem a máquina milionária que movimenta a terapia do câncer…
“Temos que manter a floresta em pé”, repetem os ambientalistas messiânicos, sem levar em conta que a população está derrubada pela exclusão. A floresta precisa ser conhecida cientificamente e manejada com inteligência para ampliar os serviços ambientais e a promoção socioeconômica. Só o Amazonas tem 11 municípios entre os 50 piores IDHs do Brasil, enquanto Manaus, a capital, recolhe 50% da receita fiscal da Região Norte e tem mais de 54% da riqueza aqui produzida e transferida aos cofres federais. Por isso, o Inpa, nosso orgulho e promessa de um novo paradigma de pesquisa e desenvolvimento, está à míngua. Sem eira, com cientistas se aposentando, e sem beira. Enquanto isso, a União confisca os recursos de pesquisas para outros fins de sua máquina pesada, perdulária e obscura.
 Somente as indústrias de informática – sediadas em Manaus por ditame constitucional e no Sudeste por oportunismo político – recolhem em média R$ 500 milhões/ano para P&D&I, verba que daria para fazer revoluções em Biotecnologia e Tecnologia da Informação e Comunicação. Mais de 80% dessa riqueza vai (?) para um Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico. 
Teremos em breve eleições no Inpa. Eis uma oportunidade de ouro para mobilizar a presença federal e o setor produtivo local, que gera os milhões confiscados. Juntemos Embrapa, Ibama, CMA, Polícia Federal, MPF, Ufam, Suframa, MAPA, Receita… para alinhar pesquisa, desenvolvimento, proteção florestal,  integrando, partilhando, propondo argumentos de retenção da riqueza para a construção de um novo momento, sem ilusões, nem pretenções separatistas. Apenas com espírito público e a favor da região e de nossa gente, urgentemente. 
(*) Alfredo é consultor do Centro da Indústria do Estado do Amazonas.