Na Amazônia, economia tem que alinhar com a ecologia

 A ZFM não é o problema, é sim a solução dessa nova ecologia 

Equipe InfoMoney

Publicidade

Alfredo MR Lopes(*)

Debater é diferente de impor opinião. Em Manaus, nesta segunda-feira, com o propósito de “debater o Futuro da Amazônia”, a mídia do Sudeste veio acompanhada de “especialistas” nacionais em isenção fiscal e algumas autoridades regionais, escolhidas pelo critério dos patrocinadores, naturalmente. E veio, com certeza, atrás de novos formatos jornalísticos que afugentem o esvaziamento global dos grandes veículos de comunicação por aí afora dessa mudança de parâmetros e velocidade da informação . Todos estes veículos estão em vias de encerrar suas atividades editoriais.

Como grande jornal, a Folha será sempre bem vinda, sempre e quando, porém, o propósito seja o de integrar esta economia de acertos e incompreensões a uma política nova de ciência, tecnologia, inovação industrial e de sustentabilidade que o Brasil precisa construir. E, sinceramente, vade retro, se não resistir à tentação dominante, em determinados círculos da imprensa Sudeste, em difamar sem conhecer as nuances, história e acertos da economia incentivada do Amazonas, a Zona Franca de Manaus.

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

Na semana passada, alguns desses veículos transformaram as três linhas do Relatório do Banco Mundial, dedicados à ZFM, recomendando a revisão de sua eficácia, em bode expiatório da gestão desastrosa da economia brasileira. E trataram de recomendar, em vez de seu ajustes, explicitamente sua extinção. Ora, numa das primeiras matérias, publicadas após a fala de abertura do prefeito de Manaus, Arthur Neto, o jornalista tratou de associar o atraso da diversificação econômica à existência e dependência da ZFM “O Estado do Amazonas explora pouco sua natureza e recursos naturais, devido à grande dependência financeira que criou em relação à Zona Franca de Manaus.”, levando seus leitores pelo país afora reforçar o preconceito contra o que fazemos no Amazonas.

O que o prefeito disse estava claramente relacionado a recessão econômica, não ao caráter de isenção fiscal. Ele não emitiria um comentário desairoso contra quem lhe ajuda a formar o grosso de suas receitas. Seu recado, dado mais adiante, e que se aplica exatamente ao preconceito e desinformação com relação à ZFM, é exatamente o que impede o florescer de uma nova economia, ou seja, é o confisco da riqueza aqui gerada e que aqui deveria ser aplicada. “Prevalece aquele julgamento canhestro de que o incentivo que vem para cá é dinheiro desperdiçado. Isso não é absolutamente verdade, esse dinheiro é bem inferior ao que retorna para o Tesouro a partir dos tributos aqui recolhidos.”. O que o prefeito propôs, com apoio de pseudo-especialistas em renúncia fiscal, é aquilo que as lideranças empresariais não cessam de reivindicar. “… uma parceria com outros Estados, como São Paulo, geralmente visto como antagonista no setor industrial, para pensar estratégias que estimulem o desenvolvimento da região”.

 Há exatamente um ano, em São Paulo, no Insper, em parceria com o Instituto Escolhas, um parceiro que a indústria local tem mobilizado na discussão dos serviços ambientais que as empresas do Polo Industrial de Manaus oferecem, a Folha ajudou a promover um evento sobre crescimento econômico, com baixa emissão de carbono, contrapondo aos prejuízos ambientais de alguns segmentos do agronegócio. O evento concluiu que o “futuro da economia do Brasil passa pela Amazônia” pelo desenvolvimento de inovação tecnológica dos produtos da biodiversidade, a dermocosmética, a nutracêutica e os fitoterápicos. 100 produtos, em 10 anos, poderiam gerar em 10 anos, o dobro da receita do agronegócio, 50% da balança comercial, atualmente, concluiu o concorrido evento. As empresas de informática, recolheram por força do estatuto legal que lhes confere isenção, aos cofres do FNDCT, o Fundo de Ciência e Tecnologia, nos últimos 5 anos, a bagatela de R$2,4 bilhões. O Amazonas pouco ou quase nada viu dessa dinheirama ser aplicado na região. Portanto, a ZFM não é o problema, é sim a solução dessa nova ecologia, digo, dessa bioeconomia, ambientalmente correta e socialmente equilibrada, como as empresas incentivadas costumam tratar o desenvolvimento regional por aqui, apesar da desarticulada presença federal na Amazônia…

Continua depois da publicidade

 (*) Alfredo é consultor do CIEAM, Centro da Indústria do Estado do Amazonas.

Tópicos relacionados