O texto, quem diria, agora é mero apoio à imagem

O grande desafio dos meios de comunicação hoje é reter a atenção do leitor e não apenas chamá-la.

Equipe InfoMoney

Publicidade

Renato Acciarto é jornalista e especialista em Comunicação Empresarial

Você já percebeu como os meios de comunicação impressos e, claro, principalmente os websites, vêm alterando seu design de forma que as fotos, infográficos e os vídeos ganhem cada vez mais espaço e relevância, em detrimento do texto?

A foto deixou de apenas ilustrar, para virar a notícia. A frase que diz que “a imagem vale mais do que mil palavras” passa a ser lema no universo das informações. Ela “fisga” melhor, e ajudada por um criativo mas pequeno título, estimula o clique. 

Masterclass

As Ações mais Promissoras da Bolsa

Baixe uma lista de 10 ações de Small Caps que, na opinião dos especialistas, possuem potencial de valorização para os próximos meses e anos, e assista a uma aula gratuita

E-mail inválido!

Ao informar os dados, você concorda com a nossa Política de Privacidade.

O que ocorre é uma conjunção de alguns fatores, mas destaco aqui dois:

1.   O bom. A tecnologia possibilitou a visualização de vídeos e fotos com extrema facilidade no mundo digital. Nesses meios eletrônicos, “fotos e vídeos” com movimento atraem a atenção dos leitores por suas cores e vivacidade. 20% do tempo gasto na internet já é vídeo, segundo dados do Facebook.

2.   O risco. A soma de FOTOS + VÍDEOS – TEXTO = mais superficialidade. As pessoas não querem mais ler. Seja pela vida corrida e sua falta de tempo, seja pelo total desinteresse mesmo.

Continua depois da publicidade

O que interessa é só o que e não o por quê. Sim, o consumo de informação hoje é resultado de uma tendência de cada vez menos aprofundamento na notícia, que tem que ser rápida, rasa (em sua maioria) e de fácil absorção e entendimento. Lembro-me quando era jornalista do diário de economia e negócios Gazeta Mercantil (até o início dos anos 2000, o maior jornal de economia do Brasil), quando fazíamos reportagens de página inteira (jornal formato standard, tipo Folha e Estadão) na qual era puro texto e o único “respiro” era um “bico de pena” (ilustração de uma 3×4, produzida artisticamente) com a foto do entrevistado. Como seria isso hoje?

A tendência da escolha pela superficialidade da notícia ou da necessidade de figuras para uma melhor absorção da informação, pelo que noto, também não é uma questão de escolaridade.

Quer um exemplo?

Tente apresentar uma simples ideia em sua empresa sem ao menos preparar uma apresentação em PowerPoint. Será que irão lhe ouvir? Será que irão absorver? Será que irão ao menos lhe respeitar, se você utilizar esse método tão fora de moda e muitas vezes incompreensível para muitos que é a tal da conversa, ou pior: um texto corrido sem ilustrações?

Vivemos um tempo em que livros densos, com muito conteúdo mas sem figuras, começam a invejar a cartilha Caminho Suave. O grande desafio dos meios de comunicação hoje é reter a atenção do leitor e não apenas chamá-la. É a notícia que precisa ser vista hoje não apenas como mais um rostinho bonito…

 

 

Tópicos relacionados