O melhor detergente é a transparência

 O jeito mais eficaz de limpar a inépcia da gestão pública é ampliar a receita como resultado da expansão econômica, retomando a produção e produtividade, como sabemos e queremos fazer.

Equipe InfoMoney

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Wilson Périco é economista, presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas e vice-presidente da Technicolor para a América Latina.

Podemos dizer com relação a prestação de contas das industrias instaladas na ZFM, ao completar meio século de renúncia fiscal: fizemos nosso melhor. E mais teríamos feito não fosse tão compulsivo o confisco da riqueza produzida na Zona Franca de Manaus, se os assuntos de interesse da ZFM e seus entraves fossem discutidos e decididos aqui e não em Brasilia. Como gerar mais crescimento ou evitar os seguidos recordes de desemprego se quase 60% da riqueza produzida em Manaus tem sido confiscada pela União?
Com metade desse quinhão poderíamos celebrar bodas douradas com recuperação das oportunidades de trabalho – e não amargando a perda de quase 50 mil empregos nos últimos 2 anos. Por que não investir, pelo menos, 3, 4 ou 5% dos tais recursos em infraestrutura para a região e melhor qualificação dos jovens para diversificar o mercado de trabalho? Já teríamos promovido verdadeiras revoluções tecnológicas, logísticas, científicas e socioambientais. Os 100 itens de bioeconomia, que poderiam gerar 2 vezes a receita dos frigoríficos, sem constrangimentos, ajudariam o país a sair do atoleiro.

Riqueza pra isso foi gerada aqui! Por que, então, continuar dependendo de burocratas que se arvoram o poder de decidir o que pode e o que não pode ser produzido em Manaus? Aqui, a Carta Magna só impede que cinco itens – de extremo interesse da indústria nacional – sejam produzidos com incentivos. São eles: arma, munição, cigarros, derivados de álcool (bebidas/perfumes) e automóvel de passeio. Por que aceitar essa ousadia inconstitucional?

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Se engana quem só reclama da balbúrdia generalizada em que se transformou o Brasil e fica sentado à espera de um salvador da pátria para equacionar o caos reinante. Reclamamos da classe política sem levar em conta que os integrantes do Congresso, das Assembleias e Câmaras de Vereadores foram escolhidos por nós, dentro do quadro de valores que, direta ou indiretamente, compartilhamos com eles.

Portanto, se a raiz dos problemas inclui nossas digitais a saída certamente depende dos esforços de cada um para virar a mesa dessa intromissão. Por isso, importa promover a insurgência para continuar trabalhando, cada um no seu quadrado, para cada um fazer o seu melhor, de acordo com o bom senso, a justiça e a Lei. Ou alguém duvida de que o país está precisando de que cada um faça seu melhor?

A chamada pública 01/17, da Embrapi, a Embrapa da indústria, destinada para inovação, com injeção prevista de R$ 100 milhões, não pode excluir o Amazonas, onde precisamos diversificar a economia com urgência em nome da sobrevivência. É o desamparo constitucional, depois de 50 anos de acertos, explica porque temos o mesmo número de empresas que existiam no polo industrial de Manaus 20 anos atrás. Omnia Vincit Labor, diziam os antigos. O trabalho vence tudo e, neste momento, topamos fazer hora extra para diluir a insensatez da má gestão.
Recolhemos, em 2015, através das empresas de informática, R$ 43,7 milhões para o FNDCT, o fundo das verbas de pesquisa e desenvolvimento. Recebemos de volta apenas R$ 0,8 milhão. Em 2016, nenhum centavo e neste ano, está previsto o mesmo valor empenhado em 2015. O que significa isso numa região em que instituições de pesquisa como o INPA tem mais de 70 patentes de novos negócios e nenhum centavo para empreender. Por que a Embrapi tem um CNPJ, na qualidade de organização social, e o CBA, Centro de Biotecnologia da Amazônia, está à espera de um há 15 anos? O Acórdão do TCU para o MPF-AM deu prazo legal para equacionar esse imbroglio inaceitável. E este prazo vence neste mês de março. Em novembro último, o InMetro, de quem hoje o CBA depende para continuar com as portas semi-abertas, firmou contrato de prospecção de negócios com a Givaudan, a empresa suíça do século XIX, a maior do mundo em aromas e sabores. Assim como a Novartis, que daqui foi enxotada, eles pretendem mobilizar ao menos 50 empresas locais de bioeconomia em conjunto com os cientistas brasileiros.

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Nada nos resta fazer, portanto, senão exigir condições de trabalho, para reativar a economia e deter à tentação compulsória de expandir a tributação, essa fórmula surrada e equivocada de resolver sequelas da má gestão. Que culpa temos os empreendedores e trabalhadores, ou seja, os contribuintes se o poder público gasta mal, gasta muito, e sempre emite mais recursos do que recebe? Em outras palavras, considerando que o melhor detergente é a luz da transparência, o jeito mais eficaz de limpar a inépcia da gestão pública é ampliar a receita como resultado da expansão econômica, retomando a produção e produtividade, como sabemos e queremos fazer.